Brasil, o país eleito para a realização da Copa América

Katiane Fermino
Agência Comunitária de Notícias
3 min readJun 21, 2021

Depois da desistência da Colômbia por elevados números de infectados pelo covid-19, o Brasil é o grande escolhido para sediar a Copa América

Cultura, economia e política são três assuntos importantes e que formam a base da sociedade. O altruísmo, a liberdade e a tolerância são alguns dos valores morais, que definem o comportamento de uma pessoa na sociedade. Mas por que começar um texto assim? É importante lembrar que eu e você lidamos todos os dias com pessoas, sentimentos e histórias, não com apenas números ou indivíduos.

Mesmo em meio aos lamentáveis problemas sociais do Brasil somados ao cenário pandêmico, com mais de 450 mil mortes (segundo o Governo Federal), foi sem nem pensar duas vezes que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e o próprio Governo Federal aceitaram a intimação da Conmebol para a realização da Copa América no país.

“Intimação” porque o Brasil foi escolhido como o país essencial para realizar tamanho evento, já que tem grandes e novos estádios. Durante a reunião da Conmebol foi citado o fato de alguns estádios brasileiros estarem ociosos, ou seja, sem ocupação alguma, como Mané Garrincha em Brasília, Arena da Amazônia, Arena Pernambuco e Arena das Dunas em Natal.

A decisão foi tomada depois de o país que iria sediar a Copa América, Colômbia, desistir por apresentar elevados índices de morte e casos da Covid-19. Com pouco mais de 3% a mais da população vacinada (11,6% no total), o Brasil foi o escolhido. Existem outros países que seriam mais indicados para sediarem o evento esportivo devido à saúde dos habitantes, como o Chile, que está com mais de 45% da população totalmente vacinada, e o Uruguai, com mais de 34% das pessoas imunizadas.

Será mesmo que os países precisavam se submeter a tamanho risco? No momento, esse torneio não passa de um evento ligado à economia, não existe expressividade alguma, por não pensar na coletividade. Afirmo isso porque países desistiram da vaga no torneio por não terem condições de competir devido à pandemia, como Austrália e Qatar, países convidados.

Além de expor a saúde dos brasileiros, a vida dos jogadores foi colocada em risco, assim como a dos familiares e amigos no retorno aos países. Existem mais pontos negativos, como o desfalque dos times, a pressa em realizar um grande evento em apenas um mês e o desejo da Conmebol de ter a final no Maracanã com público. Lamentável esse último ponto, em um país que a cada dia o número de óbitos por dia só aumenta, ao invés de diminuir.

Querer comparar o Brasil com um país desenvolvido do primeiro mundo é uma decisão errônea, um país com mais de 45% da população vacinada como é a situação dos Estados Unidos, realizar um jogo com 100% de público já é perigoso para a população, imagine no Brasil, país que tem pouco mais de 10% da população totalmente vacinada, no qual as pessoas não usam máscaras do jeito correto e em lugares apropriados.

Por mais que a população liberada para assistir o jogo ao vivo seja vacinada, o argumento não se sustenta. As vacinas não são 100% eficazes para a contaminação e sintomas. A Coronavac produzida no Brasil tem apenas 50,38% de eficácia na população global e chocantes 28% em idosos com mais de 80 anos.

Astrazeneca tem 74% de eficácia contra a variação alfa e 64% contra a variação delta (encontrada na Índia). A Pfizer tem 95% de eficácia depois de tomar as duas doses, tudo isso sem contar com os riscos de morte ou sintomas mais graves da doença que cada vacina pode ajudar, mas não deletar. A Coronavac tem 98% de eficácia contra mortes e 96% contra hospitalizações, a Astrazeneca tem 92% contra hospitalizações da variante alfa e 86% da variante delta e por fim a Pfizer tem 85% de eficácia contra hospitalizações.

Agora, basta a própria população pensar o que vale mais a pena. Correr o risco de se infectar em uma diversão momentânea, levar o vírus aos familiares e idosos que estão em casa e são o grupo mais debilitado em relação a sintomas e a própria vacina, ou ficar em casa, cuidar do próximo, pensar na solidariedade entre amigos, familiares e até mesmo colegas de trabalho, que necessitam sair para conquistar o sustento da família, por mais perturbadora que seja a ideia de contrair o vírus por falta de responsabilidade de outros cidadãos.

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