Copa América: uma preocupação camuflada

É um absurdo uma competição em meio à pandemia, mas não é a única competição que ocorre no país

O Brasil vive uma situação complicada e não podemos negar, isso está acontecendo há mais de um ano. No segundo semestre do ano passado, os jogos dos campeonatos de futebol voltaram a ser disputados, sem público e com um sistema de segurança sanitária imposto pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Um pouco falho na realidade, pois a própria confederação não exige exames do PCR para as pessoas que irão trabalhar entrarem no estádio. Por exemplo, a Federação Paranaense é a única federação estadual que exige o teste para entrar no estádio.

Atualmente temos seis principais competições acontecendo no país: Campeonatos Estaduais, Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores, Sul-Americana e Eliminatórias da Copa do Mundo do Catar de 2022. Sem contar os campeonatos sub-20, entre outros. E mesmo com todos os campeonatos, o único causando indignação na população é a Copa América, pelo motivo de saúde pública ou seja lá qual for.

Agora vem a questão que vários usam como argumento, “a Copa América terá outros países fora do Brasil”, sim, igual tem na libertadores, na sul-americana e nas eliminatórias da copa do mundo de 2022. Países que vivem a pandemia como nós. Mas o discurso aplicado na grande mídia é um tanto quanto político. E quando o esporte se mistura com politicagem extra desportiva, perde sua essência. Um exemplo disso é a confusão instalada dentro da CBF, com o presidente Jair Bolsonaro, que não entende bulhufas de futebol mas tentou dar um jeito de interferir na decisão do técnico.

A preocupação com a vinda das seleções de outros países para o nosso é de compreensão de todos, porém, nosso país recebe vários estrangeiros todos os dias, seja turistas ou pessoas que vêm a trabalho. E não é vista tanta indignação como está sendo por causa da Copa América. Na competição, é necessário que os jogadores e equipe técnica sejam testados constantemente durante o período dos jogos.

Se o sistema de saúde do Brasil e da CBF fosse correto, não teria nenhum problema de vir uma competição desse porte para nosso país. Temos um belo exemplo de controle de turistas na Austrália. Quando a pessoa chega ao país, é preciso ficar vinte dias recluso, para que não dissemine o vírus caso esteja com ele. Se for testado negativo, a pessoa pode circular por onde deseja. Como ocorreu no circuito mundial de surfe, os atletas, equipe técnica, juízes e jornalistas que foram para a competição passaram pelo mesmo processo.

Infelizmente sabemos que isso não será seguido no Brasil, então, preocupa, sim, termos mais uma competição em que ocorre viagens entre estados e países. Mas não é só uma competição que merece essa atenção e preocupação, até porque estaríamos sendo seletivos e hipócritas se criticamos a Copa América, mas assistimos à Libertadores com a consciência limpa.

Tendo em vista todos os prós e contras, os atletas são profissionais, e precisam de seus salários, assim como todas as demais profissões que são envolvidas em eventos esportivos. Ao meu ver, é preciso a competição para cumprir o calendário esportivo, como acontece na europa, e já que o futebol brasileiro busca tanta inspiração europeia, nada mais justo de seguir as competições como lá.