Os impactos do novo coronavírus no universo esportivo

Isabela Fernanda
Agência Comunitária de Notícias
5 min readApr 6, 2020

A Olimpíada de Tóquio, prevista para o mês de julho, foi adiada em prol da saúde. Pela 4ª vez o evento é cancelado: em 1916, 1940 e 1944 os jogos foram adiados por conta da 1ª e 2ª Guerra Mundial. Dessa vez a guerra é diferente, agora o combate é a um vírus que já matou milhares pelo mundo.

Desde o início da pandemia, esportistas de todos os lugares tiveram suas rotinas alteradas de um dia para o outro. Na Itália não foi diferente, lá o total de mortes pela nova doença sobe a todo instante, em 24 horas o país chegou a registrar 919 mortes. Com esse cenário catastrófico, muitos atletas se viram partindo para um “plano B”. Foi o que aconteceu com o jogador de futsal Eduardo Triches: o goleiro de 22 anos fez as malas mais cedo e voltou para casa antes do previsto.

Natural de Marechal Cândido Rondon — PR, mas atual habitante de Mercedes, Eduardo pratica sua paixão desde os sete anos de idade, quando começou como goleiro nos times de base. Ele passou pelo Copagril, Jaclani Futuro (atual Marechal) e estava há dois anos na Europa defendendo as cores do Grosseto na Série B do Campeonato Italiano.

No futsal, a Itália representa um centro importante para a modalidade, e é o destino de muitos atletas brasileiros. Até a chegada do coronavírus, Eduardo seguia normalmente com sua rotina: treinos trez vez na semana e academia nos outros dias. Quando pousou na Itália tinha como objetivo dar um salto grande na profissão como atleta de futsal, apesar de das dificuldades ele se considera satisfeito. “Foram dois ótimos anos” enfatiza.

Entretanto, ninguém esperava a chegada de um vírus que seria responsável por milhares de mortes ao redor do mundo. Com o surgimento do novo coronavírus, treinos e eventos esportivos logo foram cancelados. Com a Itália em pânico, atletas se viram numa saia justa, uma vez que muitos não conseguiam sequer voltar para seus respectivos países de origem. Com o intuito de conter o avanço do coronavírus, o governo italiano restringiu a entrada e saída de pessoas, bem como a circulação dentro do território.

Quando o avanço da doença começou, o goleiro residia em Grosseto, comuna italiana, localizada na Maremma Toscana e a 189,4 km de Roma. Até então, Eduardo dividia a moradia com outros três jogadores: dois portugueses e um brasileiro. Com o surto, tanto Eduardo, quanto os outros componentes da equipe tiveram que abandonar o campeonato que estavam disputando, restando apenas incertezas. Segundo o jogador, ele jamais imaginou passar pela atual situação: “Nossos contratos estavam quase se encerrando, porém, o time resolveu cancelar a final do campeonato e dispensar os jogadores’’.

Eduardo defendendo a equipe italiana. Foto: arquivo pessoal do goleiro.

Já Diego Menezes é natural de Jaraguá do Sul — SC e também tem o futsal como profissão. Ele é pivô do Blacksteel, time que tem sede em Yogyakarta, na Indonésia. Conforme Diego, que está há 5 meses na Ásia, epicentro da pandemia do novo coronavírus, a doença impacta diretamente os jogadores: “Infelizmente os clubes não conseguem gerar receita e pagar suas dívidas, logo, gera um impacto financeiro para os atletas”.

Ao contrário do time italiano, o Blacksteel manteve o contrato dos atletas por mais um ano. Segundo Diego, não foi o que aconteceu com alguns times mundo afora: “Muitas equipes estão reduzindo salários dos atletas, outras, para as quais o campeonato ainda não tinha começado, dispensaram os atletas recém contratados.

O pivô Diego em ação pelo Blacksteel. Foto: arquivo pessoal de Diego.

Isolamento social

Eduardo e os demais atletas da equipe italiana ficaram três semanas em isolamento na cidade sede do clube até conseguirem voltar para suas casas. Segundo o jogador, os dias em isolamento causaram medo. “Parecia um filme de terror, nunca imaginei passar por aquilo. A gente não conseguia sair de casa a não ser que fosse para ir ao mercado, farmácia ou ao médico. Foi realmente desesperador, uma aflição muito grande, uma ansiedade e preocupação em voltar para casa bem”, afirmou.

Imagem de Eduardo em quarentena na Itália. Foto: arquivo pessoal.

Já os atletas do Blacksteel estão em isolamento há três semanas na Indonésia. De acordo com o pivô Diego Menezes, a situação é delicada, pois além do isolamento, estar longe da família dificulta: “Estou esperando a fase passar, tentando me distrair na internet, o celular tem me ajudado a manter contato frequente com a família.”

FC Cascavel

No Brasil, campeonatos esportivos também foram adiados. E em se tratando do futebol regional, os times e atletas têm sentido os impactos da pandemia. O FC Cascavel, por exemplo, optou por dar férias aos jogadores. Para o presidente do clube, Valdinei Silva, além do impacto emocional, o impacto econômico, no seu entendimento, é ainda maior: “Infelizmente não sabemos até quando a pandemia irá se estender e estamos sendo diretamente afetados: perda de receita e o custo por estar parado. Ainda não temos como dimensionar o tamanho do estrago”.

Eventos cancelados

A pandemia do novo coronavírus modificou diretamente os principais eventos esportivos do planeta. Diversas competições de 2020 foram adiadas, transferidas ou canceladas. Confira os principais eventos esportivos que tiveram suas datas alteradas:

Futebol

Mundial de Clubes de 2021: suspenso

Eurocopa e Copa América: adiadas para 2021

Campeonatos Estaduais: suspensos

Grandes ligas da Europa e da América do Sul: jogos adiados

Liga dos Campeões: suspensa

Libertadores: suspensa

Eliminatórias da Copa: adiada

Olimpíada de Tóquio-2020: adiada para 2021

Copas do Mundo femininas sub-20 e sub-17: adiadas

Fórmula 1

GP da Austrália: cancelado

GPs do Bahrein, do Vietnã e da China: adiados

Basquete

NBA e Euroliga: suspensas

Tênis

Roland Garros: adiado

Tour da ATP: suspenso

Finais da Fed Cup: adiadas

Wimbledon: adiada para 2021

Vôlei

Liga das Nações: adiada

Superliga masculina: suspensa

Atletismo

Pré-olímpico de atletismo: adiado para 2021

Boxe:

Pré-Olímpico de boxe: suspenso

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