Os testes da Covid-19 no oeste do Paraná

O Coronavírus chegou e assustou a todos, pegou a população mundial desprevenida. O mundo está chegando aos três milhões de pessoas contaminadas. Para detectar esse número, é preciso de muitos testes e muito trabalho dos profissionais da área de saúde que lidam com o processo de testagem dos pacientes.

Foto: Jaelson Lucas/AEN

A Agência Comunitária de Notícias entrevistou um dos principais especialistas em exames e testes do Paraná, doutor Álvaro Largura, e vai explicar como estão funcionando os testes na região oeste do estado. Álvaro é proprietário de uma rede de laboratórios que está realizando testes para o novo coronavírus.

Quais são os testes que estão sendo feitos para a COVID-19 na região?

R: É um teste que tem 99,9% de precisão, ou seja, ele é essencial quando coletado na época certa. É o teste PCR para a COVID-19, um teste por biologia molecular. Demora 6 horas e nós entregamos o resultado no mesmo dia, dependendo do exame, mas no máximo em 48 horas.

Como é feita a coleta para este exame?

R: Por exemplo, o paciente está na sua residência, o médico solicita o exame, nós temos pessoal treinado que realiza a coleta. Muitos pacientes estão hospitalizados, estes consideramos urgentes e normalmente realizamos a coleta ainda no mesmo dia. O grande detalhe também é quanto ao tipo da coleta: se for coletado e conseguiu-se uma quantidade de células suficiente na região da nasofaringe ou de orofaringe. A coleta é tão importante que ela pode até causar um resultado falso negativo e o transporte dessa amostra também é tão fundamental quanto o exame. O exame também pode ser realizado em pacientes assintomáticos.

Os testes rápidos, de aproximadamente 5 minutos, que são realizados em outros lugares, podem ser realizados em Cascavel?

R: Eu gostaria de falar de um lema ou uma máxima que é utilizada para laboratório, que a única coisa pior que nenhum teste é um teste ruim. Ocorre que os testes chineses, americanos e europeus têm pouca sensibilidade e pouca especificidade, você pode ter resultados falsos negativos em até 40% dos testes ou até mais, e até falsos positivos. Falso positivo era uma coisa que eu achava bastante difícil, não tenho experiência com esses testes, mas o que foi publicado internacionalmente já tem relatos disso. Ou seja, o cara chega com o teste positivo e não teve contato nenhum com o vírus e quando você vai fazer outros testes, não confere. Em virtude dessa discrepância desses resultados, os laboratórios mais conceituados do Brasil, da Europa e dos EUA já não estão mais usando esses testes porque eles não têm uma validação adequada, eles foram registrados na ANVISA aqui no Brasil, mas não foram validados.

Testes para sabermos se já tivemos aCOVID-19 e estamos “imunes” ao vírus já vêm sendo realizados no mundo. Podem chegar ao Brasil?

R: Seriam testes para você ter um passaporte que você teve a infecção pelo vírus e seria também o teste de anticorpo IGG e IGM. Nós estamos aguardando que chegue ao Brasil em mais ou menos um mês. A partir desse momento, todo o pessoal da área da saúde poderá fazer esse exame para ver, eventualmente, se eles tiveram contato com o vírus, porque assintomaticamente pode acontecer. Sendo assim, eles não precisariam mais se preocupar, teoricamente, porque nós não temos ainda muita experiência com esse vírus.

Ao encerrar a entrevista, Álvaro ressaltou que Cascavel é um polo de medicina no Brasil e que a cidade está tendo uma ótima testagem dos casos. “Cascavel é um centro médico de referência no Brasil, a gente divulga isso em todos os momentos e não poderíamos deixar de fazer esse teste em uma cidade que é referência, neste momento tão difícil que, em meus 52 anos de profissão, eu nunca vi passar”.

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