Trip Pico da Bandeira — Inverno de 2016 — Parte 3

Cristian Ceron
Agadê - Histórias Diferentes
4 min readJul 20, 2016

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12h32min do dia 15 de julho. Chegamos no acampamento Tronqueira, que fica a 1.970m de altitude. A vista é surreal. Primeira coisa foi definir o local do acampamento e armar as barracas (“engenharisticamente” falando). Importante foi observar e colocar todos os “espectros” nos seus devidos lugares.

A sexta à tarde foi para se preparar para a subida. Revisar os detalhes, deixar o acampamento pronto para o retorno e descansar um pouco. Nos deparamos com dois pequenos imprevistos: a mala do Alexandre (estou falando da mochila dele, e não dele especificamente) estava encharcada devido a um vazamento do ar condicionado da van, e com isso toda a roupa para a subida estava sem condições de uso. Percebemos isso por volta de 14h. Tínhamos pouco mais de três horas de sol para secar tudo. Rapidamente foi improvisado um varal no meio do camping (que inclusive serviu de fundo nas fotos de uma galera que estavam por lá — e não curtiram muito quando perceberam) e estendemos as roupas. Como não tem energia elétrica no camping, o sol era a única alternativa mesmo. E ele se mostrou parceiro já nesse momento, mandando um calorzinho incomum neste período e possibilitando secar tudo.

O outro imprevisto foi em relação aos mantimentos (bananas, barras de cereais, bananas, chocolates, bananas, bolachas, leite condensado e até bananas) para levarmos durante a caminhada. Como a comunicação foi feita pelo whatsapp e a pilha da galera era tão grande, gerando muito conteúdo no grupo diariamente, acabamos perdendo algumas informações. Como tudo estava sendo providenciado por uma equipe que estava organizando a Trip, achamos que isso também. Mas especificamente os mantimentos para a subida eram responsabilidade de cada um. E nós não tínhamos levado nada. Conversando com o grupo, percebemos que mais algumas pessoas também estavam na mesma situação que nós. Por acaso e obra do destino, naquele momento o Roberto (o filho da Elci) estava por lá e conseguiu nos levar até um mercado em Alto Caparaó para as compras.

Os mercados em Alto Caparaó não são assim uns SUPER mercados. Então acabamos fazendo uma peregrinação pela cidade. No primeiro mercado, as barras de cereais, leite condensado, bolachas recheadas e salgadas e toalha de banho (sim, dois espertos não levaram toalhas, e se secar com a camiseta usada do dia não é muito agradável). Na fruteira em frente ao mercado, as bananas. Quase todas. E uma rapadura que parecia um tijolo, mas deliciosa. Por fim, em outro mercadinho (inho mesmo), encontramos um café. Que não pode faltar nunca. Só não encontramos o tal melhor café do Brasil, que por mais incrível que pareça, não é vendido na cidade e somente em uma fazenda que fica a uns 2km da cidade. Infelizmente não tivemos como ir lá. Lado bom é que já temos o primeiro pretexto para voltar a Alto Caparaó.

Logo que chegamos, um dos colegas da Trip estava fazendo um “entrevero” de fundamento. Para quem não sabe, entrevero é um prato feito com uns 37 tipos de carnes diferentes (inclusive as de não-capincho), cortadas em cubos e feito em um disco de arado (detalhe é que não tínhamos disco de arado e foi usado uma panela emprestada pela Elci (a mãe do Roberto). Usa todos os temperos que você tiver por perto, no momento que achar apropriado colocar. E o que mais sua criatividade sugerir. E fica bom demais.

Após o almoço/janta, uma boa sestiada para descansar antes da subida era imperativo. Deitamos ali pelas 19h e acordamos as 21h40min. Hora de começar a se preparar. E este foi um momento show… a adrenalina já começa a se mostrar presente. A mochila com os mantimentos e alguma medicação básica que poderia ser necessária já estava pronta desde a tarde. Agora era apenas começar a se vestir para a subida. Camisa e calça (alguns chamam de cuecão mesmo) térmicas, fundamentais para não reter o suor junto ao corpo. Por cima, calça e jaqueta corta vento. A Jaqueta tinha uma proteção interna extra, que ajudava a manter o calor, e se revelou fundamental na subida. O calçado é mega importante. A sugestão é uma bota, que já tenha sido “amaciada” por um bom tempo. O cadarço atado bem firme, para o pé não escorregar e ter mais sustentação. As meias sem costuras e com proteção térmica vai ajudar muito a não gelar os pés. Não pode esquecer das luvas (de preferência que protejam do vento também) e da manta. Um óculos para proteção ajudará muito a não ressecar os olhos com o vento.

Após terminar tudo isso, é começar a subir. Sem esquecer de fazer um bom alongamento antes, afinal serão mais de SETE quilômetros pela frente, de muita subida, pedras e frio. Estar com os músculos alongados e aquecidos podem ser fundamentais durante o percurso.

22h30min. Partimos para a subida ao Pico da Bandeira… Neste momento a temperatura era de 5º celsius. E vento…

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Cristian Ceron
Agadê - Histórias Diferentes

Psicólogo. Empreendedor. E apaixonado por pessoas, suas histórias e pela natureza que somos.