Comidas festivas fora de época

Um resenha sobre as belezas (e delícias) de pequenas transgressões

Verônica Batista
agenciacamelia
2 min readJun 25, 2020

--

Arte: Nina Exel

Muitos de nós estamos vivendo o luto das festas juninas impossibilitadas de acontecer em 2020. As roupinhas xadrez, bandeirinhas penduradas e, é claro, as maravilhosas comidas e bebidas dessa que, na minha humilde opinião, é a melhor festa popular do mundo.

Sofro particularmente pela ausência da pamonha, cural e qualquer outra coisa feita de milho. Na cidade em que nasci também é muito comum que as quermesses tenham seus tradicionais sanduíches de pernil (que lá a gente chama de lanche). Ah! E o quentão, é claro. Sou uma graaaaaande fã de quentão, ainda que não tenha tanto apreço pelo vinho quente.

Em todo caso, estava sofrendo por essa enorme perda quando me dei conta de que no meu armário da cozinha tem paçoquinha de janeiro a janeiro. Bem como o panetone marca presença na minha mesa nas quatro estações do ano. Afinal, as delícias do Natal e das Festas Juninas não precisam ficar tão restritas aos breves momentos comemorativos.

É preciso cautela, no entanto, para que a gente não banalize comidas festivas e elas se tornem simplesmente comida — pra isso já temos o maravilhoso arroz e feijão de cada dia. Mas, sinceramente, acordar num dia qualquer de agosto e poder comer um macio e molhadinho chocotone de mercado no café da manhã é de uma alegria tremenda.

E o que dizer, então, da combinação paçoquinha e bolo de milho no café da tarde de fevereiro? Pra mim, é uma versão da liberdade nos pequenos atos.

--

--