O perigo das notícias falsas no discurso

Ao longo do seu desenvolvimento, o jornalismo teve que se adaptar às diversas mídias que foram sendo criadas. Porém, na internet, a imprensa disputa espaço com o leitor que também assume às vezes de produtor de conteúdo. Conheça os perigos das notícias falsas e como encontrá-las.

Carlos Anibale
AGEX
2 min readMay 4, 2017

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Donald Trump — Foto por Dominick Reuter

Usando uma linguagem formal de “notícias verdadeiras” e sem apuração jornalística de seus autores, as notícias falsas são compartilhadas nas redes sociais muito mais rápido e em maior quantidade do que meras fofocas. Os leitores, sem conferir as fontes, acabam confiando naquele site falso, mas com o design bonitinho que passa a impressão de ser legítimo.

A imprensa que antes era o exemplo de confiabilidade e responsável pela veracidade de toda a informação compartilhada, hoje está perdendo espaço com a internet, lugar onde qualquer pessoa pode publicar uma notícia e compartilhar nas redes sociais. Esses mesmos usuários, ao invés de procurarem notícias para se informarem, buscam apenas ver aquilo que reforcem os seus pontos de vista.

Essa lógica de só entregar conteúdo que a pessoa já tenha algum tipo de relação vai criando uma espécie de bolha de informações, e nós acabamos, invariavelmente, submersos. Com base nessas bolhas que as notícias falsas criam em torno das opiniões políticas dos usuários, em 2016, a Oxford Dictionaries elegeu o substantivo “pós-verdade” como a palavra do ano. A palavra foi usada em grandes publicações sobre a candidatura de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos e a saída da Grã-Bretanha da União Europeia.

“Pós-verdade: substantivo que relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais”. (Oxford Dictionaries, 2016)

Analisando a relação da “pós-verdade” com a maneira em que estamos discutindo política hoje em dia, entendemos o perigo que estamos encarando. Se até o Facebook, principal meio de divulgação de informação atual, alterou o seu algoritmo para mostrar mais publicações de amigos e parentes do que publicações de sites jornalísticos, a verdade vai se esconder cada vez mais.

Por isso, é preciso entender que o debate político não se baseia em opiniões emocionais, crenças ou gostos pessoais, mas sim, em acontecimentos e fatos reais. A culpa pelas notícias falsas não é apenas de quem as cria, mas em grande parte, de quem as compartilha.

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Carlos Anibale
AGEX

Meio escritor, meio editor, meio jornalista, inteiro indeciso.