A “guerrilha urbana carioca” pelas lentes de um fotojornalista

O fotojornalista e colaborador da AGIF, Luciano Belford, registra o dia a dia de uma “guerrilha urbana” no Rio de Janeiro. Suas fotos são cruas e impactantes, fazendo a todos refletirem sobre a violência nas cidades brasileiras.

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3 min readJul 18, 2017

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O Rio vive diariamente muitas “guerras” em diversos pontos da cidade em um constante enfrentamento entre policiais e traficantes, onde comunidades carentes são o campo de batalha entre as forças do Estado e o poder paralelo de marginais.

RJ — Rio de Janeiro — 25/04/2017 — Operação da Policia Militar no Complexo do Alemão — Um Menino caminha em frente a uma casa com seus muros perfurados por tiros na comunidade do Complexo do Alemão. Foto: Luciano Belford/AGIF

Moradores comparam as comunidades onde vivem a países em guerra. As favelas do Complexo do Alemão, por exemplo, estão em uma das regiões mais perigosas da cidade, conhecida como “Faixa de Gaza”, uma referência ao território onde acontecem conflitos entre israelenses e palestinos.

Rio de Janeiro — 30/06/2017 — Violência na favela da Mangueira — Um homem morador da favela da Mangueira exibe uma toalha com manchas de sangue em protesto após a morte de mãe e filha em operação da Policia Militar de combate ao tráfico de drogas no local. Foto: Luciano Belford/AGIF

Produzir coberturas em áreas de conflito urbano é especialmente desafiador para qualquer fotojornalista por toda a tensão e insegurança encontrada nestes ambientes durante o trabalho de reportagem.

“O maior desafio é conseguir mostrar em imagens uma realidade impressionante, só vista neste lugares. Você precisa estar alerta, encontrar como se manter seguro e concentrado em meio a todo o caos e violência para conseguir captar fotos que mostrem para a grande maioria das pessoas a verdade vivida nesta comunidades” — Luciano Belford

Rio de Janeiro — 30/06/2017 — Violência na favela da Mangueira — Um menino mostra diversas capsulas encontradas nas vielas da favela da Mangueira após confronto durante operação da Policia Militar de combate ao tráfico de drogas no local. Foto: Luciano Belford/AGIF

Como em toda a guerra, mulheres e crianças são as principais vítimas. E a cobertura do sepultamento de civis e policiais é muitas vezes uma incomoda continuidade imposta ao trabalho de fotojornalistas que dedicam parte de sua produção a este tipo uma cobertura.

Rio de Janeiro — 06/07/2017 — Sepultamento da menina Vanessa de 10 anos — Sepultamento de Vanessa do Santos, 10 anos, morta em casa com um tiro na cabeça durante troca de tiros entre policiais e traficantes no Complexo de favelas do Lins. Foto: Luciano Belford/AGIF

“Você precisa ficar de fora, não se envolver. Caso contrário você não consegue fazer seu trabalho. Eu sempre busco fazer uma foto que respeite os familiares e que ao mesmo tempo cause um “choque” ou provoquem reações nas pessoas para que estas cenas não se tornem aceitáveis, comuns”. Depois, quando termina sua cobertura, você “bota a cabeça no lugar” e pensa sobre tudo que presenciou.” — Luciano Belford

Luciano Belford, é fotojornalista e colaborador da AGIF, tem entre seus trabalhos a cobertura de conflitos urbanos. Acompanhe e siga seu perfil no instagram.

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