Cultura ágil, mudança de valores e mindset
Um fato difícil de aceitar é que adotar um Framework ágil não resolve todos problemas de entrega, qualidade e gerenciamento dos departamentos de TI.
Os processos, habilidades e conhecimento são importantes, mas o que realmente pode transformar, um time, um departamento, ou mesmo uma empresa são as atitudes (Intenções) e comportamentos (Ações) das pessoas que trabalham nelas.
As pessoas precisam ser preparadas para participar de projetos ágeis: ensinadas a serem auto-organizadas, terem respeito e autoridade para decidir como trabalhar e a atuar como time para alcançar uma inteligência coletiva.
“As melhores arquiteturas, requisitos e designs emergem de times auto-organizáveis.” Manifesto ágil, princípio 11
O desenvolvimento de software é uma atividade humana e a qualidade da interação entre as pessoas pode resolver problemas crônicos de comunicação. O que deve acontecer é colaboração, tomada de decisões em conjunto e trabalho em equipe, fazendo que todos trabalhem juntos em busca de um objetivo.
“Construir projetos ao redor de indivíduos motivados. Dando a eles o ambiente e suporte necessário, e confiar que farão seu trabalho.” Manifesto ágil, princípio 5
A força propulsora da mudança de comportamento das pessoas está no exercício dos valores descritos nas entrelinhas do Manifesto ágil, tais como: coragem, foco, comprometimento, respeito , abertura. Em intervalos regulares, as pessoas do time devem refletir em como ficar mais efetivo, ajustando e otimizando seu comportamento .
Para crescer nestes valores, podemos analisar e discutir com as pessoas do time, situações como as abaixo, coletadas no dia a dia:
Agimos com coragem quando: admitimos que requisitos nunca serão completos; acreditamos que nenhum plano pode desenhar a realidade e complexidade; a mudança é fonte de inspiração de inovação; não entregamos o que não está pronto; discordamos de uma ideia que o grupo resolveu seguir; compartilhamos riscos, benefícios e toda a informação possível que possa ajudar as pessoas e a empresa.
Mostramos foco quando: não desenvolvemos funcionalidades que ninguém solicitou; fazemos o que é mais importante agora, não fazemos o que talvez um dia possa ser importante; fazemos nosso trabalho da maneira mais simples e objetiva possível.
Atuamos com comprometimento quando: fazemos o melhor todos os dias; apoiamos o time, somos colaborativos, somos preocupados com a qualidade; valorizamos o aprendizado; buscamos a melhoria contínua e a excelência técnica.
Demonstramos respeito quando: demonstramos consideração pelas pessoas, suas experiências profissionais, habilidades, experiências pessoais e diferenças; não desperdiçamos dinheiro e tempo em funcionalidades que não serão usadas; corrigimos rapidamente os erros; seguimos os acordos do time e as regras da empresa.
Temos abertura quando: somos abertos sobre nosso trabalho, nosso progresso, nossa aprendizagem e para as outras pessoas; colaboramos com o ambiente em geral, todos os negócios e competências; compartilhamos feedback e aprendemos uns com os outros.
Na busca de melhoria contínua, temos uma ótima ferramenta, nosso rito de avaliação, as retrospectivas com o time. Nela podemos incentivar o diálogo para crescer nestes valores, utilizando os exemplos do que se passou nos últimos dias de trabalho.
Gosto de usar três perguntas rotineiras: O que foi bom? O que foi ruim? Qual o plano de ação? Entre as várias oportunidades de aprendizado que acontecem nestas reflexões: o que foi bom ajuda a motivar o time, o que foi ruim exercita a confiança, o respeito, abertura uns com os outros e o plano de ação nos leva às mudanças necessárias.
Os líderes devem reforçar uma cultura de aprendizagem organizacional e experimentação para criar resiliência no time, autoconfiança para assumir riscos, aprender com o sucesso e ou com o fracasso.
Cultura ágil : Capacitar, Motivar e Confiar sempre !