Gestão de pessoas com gamification 1/2

Bruno Silva
Agile Content Teamwork
6 min readDec 3, 2018
trainingindustry.com

Já se deram conta em como jogos conseguem nos engajar por horas? Em como eles podem nos influenciar e nos tornar pessoas melhores?

Quando falamos de gamification, estamos visando elevar o engajamento das pessoas dentro de um jogo, envolvendo a todos, estabelecendo prêmios, disputas, conquistas, desafios e elevando a motivação.

Considerando que o inconsciente humano possui uma predisposição em se empenhar mais em jogos, a busca por competição é algo natural e a maioria das pessoas se sente extremamente realizada de poder se afirmar como a melhor ou mais poderosa em alguma coisa. E o melhor é que nos games essa competitividade rende prêmios, reconhecimento e itens valiosos que você sabe que estarão disponíveis e que vão facilitar sua caminhada durante o jogo.

Quando falamos de gamification e gestão, estamos falando de explorar uma dinâmica que ao deixar algo mais divertido, mais engajador e mais envolvente, aumenta as chances dos envolvidos fazerem algo que normalmente eles não fariam ou que apresentariam maiores resistências para fazer.

Gamification é capaz de despertar reações e manifestações naturais em colaboradores. Características tais como: socialização, aprendizado, competição, colaboração, autorrealização, altruísmo, entre outras que para muitos se resumem em valores próprios ou até mesmos da empresa em que atuam.

Abordando um pouco melhor o conceito de gamification, onde uma das definições que eu mais aprecio é da Priscilla Albuquerque, ela define gamification como:

Mecânica dos jogos aplicada a ambientes que não são games, para tornar experiências “chatas” em interessante.

Note que quando falamos em jogos, disputas ou competição, a palavra engajamento sempre é bem latente, mas por que jogos engajam? Segundo à especialista Jane McGonigal:

Jogos nos fazem felizes pois são como um trabalho duro que escolhemos fazer e poucas coisas nos fazem mais felizes do que um bom trabalho duro.

Gamification atua diretamente na motivação das pessoas e para tanto é importante ressaltar algumas teorias da psicologia sobre o assunto que são sustentadas em três principais pilares:

Autonomia
As pessoas no geral ficam motivadas quando estão no controle. Quando sentem que são os donos do jogo elas tendem a manter seus objetivos por mais tempo.

Propósito
Acreditar que uma determinada causa é importante.

Maestria
Quanto melhor você fica em determinada coisa mais provável que você continue a fazê-la. Ao mesmo tempo, quando você sabe que algo é mais difícil de alcançar há uma tendência de tentar por mais tempo.

Diga-se de passagem, a grande maioria dos jogos tradicionais, de tabuleiro ou cartas, ou mesmo videogames, possuem traços que reproduzem as relações humanas, o cotidiano, nossos problemas, uniões e conflitos. O jogo é percebido pelas pessoas, ainda que inconscientemente, como um resumo da própria natureza humana. Por essa razão, gamification ganhou e ganha espaço em empresas, escolas, grupos, comunidades e até mesmo entre governos. Ignorar esse poder quando nossa função é, sobretudo, gerenciar pessoas, seria um enorme equívoco.

E o que promove?

  • Feedback rápido
    O feedback é instantâneo em jogos, muitas vezes durante sua própria realização. O jogador, nesse caso o colaborador, tem uma boa ideia de como está se saindo durante todo o tempo, ao contrário de métodos de gestão tradicionais e relatórios gerenciais em que apenas vemos o resultado ao final do processo.
  • Transparência
    Qualquer um pode protestar caso sinta que outros jogadores romperam o acordo inicial, ou pode lançar mão das regras para se proteger, ou até obter vantagem — tudo de modo direto e claro.
  • Metas
    Como dissemos, todo jogo possui metas claras.
    Situações imprevisíveis, que não permitem que a pessoa saiba o que pode acontecer, fazem com que os pensamentos se voltem a ela o tempo todo. Isso a impulsiona a finalizar tarefas para descobrir como tudo acaba.
  • Níveis
    Acalma os ânimos, provendo motivação e criando uma sensação de realização antes mesmo do final do processo.
  • Participação
    Ninguém é colocado de lado e, em tese e segundo as regras, todos podem atingir as metas e evoluir.
  • Competição
    Os jogos exaltam a competição e a concorrência, porém de modo controlado e saudável. Sujeitos às mesmas regras e chances, os participantes podem concorrer entre si sob os olhos de um juiz ou alguém que zele pelas condições igualitárias de cada um, prevenindo discussões e desentendimentos que são comuns em situações onde haja competitividade.
  • Colaboração
    Gamification também promove a colaboração. Gerando um alto nível de empatia, onde pares e grupos de alta produtividade são criados, fortalecendo o laço de confiança e ampliando o relacionamento entre equipes.
  • Motivação
    As pessoas se sentem motivadas e realizadas quando percebem que estão progredindo, melhorando, crescendo, alcançando níveis mais altos a cada etapa concluída. Ou seja, passando de fase.

Aqui temos dois exemplos de empresas que aplicam gamification buscando o crescimento da usabilidade de seus produtos.

Linkedin — Sales SSI

Quem aguenta olhar essa barrinha sem preencher melhor as informações de cadastro, atualizar uma foto, melhorar a descrição, simplesmente para aumentar o nível ou status?

https://www.linkedin.com/sales/ssi

Waze

Para quem dirige, quem nunca, mesmo dirigindo reportou algum alerta no waze para aumentar a pontuação ou liberar algum personagem?

https://www.waze.com/

Esses são apenas dois exemplos de como gamification pode influenciar e engajar pessoas. Porém vale ressaltar que como qualquer outro método, metodologia ou processo, gamification não é uma bala de prata.

É algo complexo, envolve marketing, psicologia, diversas áreas
é uma boa tática a curto prazo. O insucesso pode ser fatal, com fórmulas prontas e jogos batidos, às vezes até mesmo infantis, além de disputas que geram mais estresse do que sensação de recompensa, gestores perdem seus funcionários e transformam o que deveria ser uma experiência inteligente e empolgante em algo não apenas maçante, mas também em outra tarefa aborrecida e sem foco.

O verdadeiro engajamento apenas ocorre quando um colaborador se sente emocionalmente ligado à empresa, a um projeto ou uma meta. Jogos excessivamente racionais e sem contexto podem gerar respostas negativas ou até mesmo disputas ferrenhas e acirradas entre funcionários, às vezes separando equipes e criando desavenças, ao invés de unir e aprimorar, como é esperado.

Recentemente aplicamos uma dinâmica dentro do nosso projeto com intuito de gerar regras e artefatos para criação de uma boa estrategia de gamification. Mostrarei em um próximo artigo como foi realizada e como você também pode aplicar em sua empresa, projeto ou equipe.

Abaixo, um pouco do que resultou:

trello.com
rascunho

Nos vemos na próxima fase, até mais ;) #AgileContent

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Referencias
— Amy Jo Kim: With a background in neuroscience, computer science, and psychology, Amy Jo Kim is part game designer, part web community architect.
— Jane McGonigal, PhD is a world-renowned designer of alternate reality games

https://www.linkedin.com/in/priscillaalbuquerque/
— Fabio Paes, entusiasta e desenvolvedor de jogos
https://br.udacity.com
— https://blog.solides.com.br/

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