A Falsidade é Popular

Gabriel Felipe
Agência Comunitária de Notícias
2 min readApr 8, 2020

Nos dias de hoje, a circulação de informação é extremamente rápida, o que gera disputas de plataformas de comunicação para qual publicará mais rápido, diminuindo com isso o tempo de verificação das notícias, que podem chegar ao público de forma precipitada, com erros ou até mesmo com fatos que não aconteceram, as conhecidas “fake news”.

A tradução desse termo para notícias falsas, contudo, não é precisa, já que uma notícia requer um fato real. Logo, “fake news” não são notícias, pois são feitas com base em algo fictício, como um boato.

Apesar de o conceito ter destaque hoje em dia, a expressão é antiga. O dicionário Merriam-Webster diz que “entrou para uso geral no Século XIX”. A obra inclui um texto de 1891, publicado no “The Buffalo Commercial” (de Buffalo, Nova York), que declarou em tom otimista: “O gosto público não aprecia as ‘falsas notícias’ (fake news) e as poções de ‘demônio especial’, como as que lhe foram servidas por um serviço noticioso local há um ou dois anos”.

Será que essa afirmação procede? Ao contrário, parece que as fake news caíram no gosto popular. Segundo estudo de cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), dos Estados Unidos, as “notícias” falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e alcançam muito mais gente, atrapalhando o alcance de notícias verdadeiras.

E pode-se dizer que essas “notícias” falsas chegaram ao seu auge nos nossos dias, com o grande e livre acesso às redes sociais. Situação que se agravou ainda mais com a pandemia do coronavírus, que levou à quarentena de milhares de pessoas. Em isolamento social, com boa parte da população sem poder sair de casa, ansiosos por informações que os confortem, muitos têm consumido e repassando “notícias” sem nenhuma confirmação, atrapalhando o fluxo de informações verdadeiras.

Surgiram, por exemplo, muitas “curas” para o vírus, algumas até absurdas, levando as pessoas a consumirem coisas aleatórias que, em vez de auxiliarem, podem fazer mal, já que não foram confirmadas por nenhum órgão de saúde. Outras “notícias” que têm circulado apontam para uma falsa tranquilidade com relação à gravidade da pandemia, tendo como consequência o descuido da população, colocando-a em risco. Diante desse quadro, os próprios veículos de comunicação estão tendo que justificar que seus posts não são fake news, e fazer campanha contra a propagação de informações falsas, incentivando todos a confirmarem os dados antes de repassar qualquer “notícia” ao próximo. Por isso, faça a sua parte, colabore para não gerar caos, não propague informações sem ter checado sua veracidade.

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