Movimento dos Pequenos Agricultores realiza mutirão contra a fome
O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) iniciou no mês de abril de 2020 uma campanha nacional de arrecadação e distribuição de alimentos chamado “Mutirão Contra a Fome”. A intenção do projeto é ajudar famílias e trabalhadores que se encontram inseguros ou em situação de rua. Numa entrevista concedida a A Horta, a coordenadora estadual do MPA no Rio de Janeiro, Leile Teixeira disse “quando a gente viu a proporção do que seria a pandemia em março, imediatamente a gente imaginou que, sobretudo por conta da crise, muitas pessoas passariam fome”.
Hoje o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) atua em 17 estados reunindo cerca de 100 mil famílias camponesas em todo o território brasileiro. Com caráter nacional e popular, o objetivo do MPA é resgatar a identidade e cultura camponesa através da luta permanente. No Rio de Janeiro, hoje, o movimento tem dois projetos principais: as Cestas Camponesas e o Mutirão Contra fome, que funcionam em conjunto dentro do Sistema de Abastecimento Alimentar Popular (SAAP).
A Cesta Camponesa leva comida orgânica de qualidade para a cidade. Funciona assim: o MPA compra a produção dos camponeses e paga o preço que eles pedem, o que leva em conta os custos de produção, de plantio e de organização da vida familiar. A isso, se acrescenta o custo do transporte dos alimentos do campo para a cidade. Os produtos são vendidos através do site da Cesta Camponesa, que atende boa parte da população de classe média, em 32 bairros da Zona Sul e Zona Norte, além de Niterói e Maricá. Durante a pandemia, a entrega das cestas é realizada pela cooperativa de táxis de Santa Teresa, a Santaxi.
Esse sistema é muito importante para o MPA, porque além de distribuir comida de qualidade, torna possível a arrecadação de uma parte dos alimentos usados no Mutirão Contra a Fome. Isso porque os camponeses doam parte de sua produção para ajudar o Mutirão, para que a mesma comida de qualidade vendida à classe média chegue ao povo que enfrenta insegurança alimentar. O Mutirão se mantém através da contribuição dos produtores e doações financeiras, de alimentos, de itens de higiene etc.
O MPA atuava em outros projetos de combate à fome antes da pandemia. Desde 2017, por exemplo, o Movimento realizava a entrega de quentinhas produzidas na sede Raízes do Brasil, localizada no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Além disso, possuía parceria com movimentos como o MTST para que a comida chegasse às ocupações urbanas.
O Movimento foi afetado pela pandemia logo de início com fechamento das feiras locais e o encerramento das reuniões de bairro responsáveis pela entrega da Cesta Camponesa. Por conta disso, o MPA constatou a necessidade de construir uma campanha nacional e permanente de combate à fome. Para Leile Teixeira, o Mutirão é uma forma de consolidar a solidariedade de classe, o projeto é “a junção desse povo do campo com o povo da cidade para que a gente não passe mais por problemas alimentares. Isso vai muito além desse momento urgente, catastrófico que a gente tá vivendo, de desespero inclusive, mas essa comida precisa seguir chegando na mesa das pessoas”.
O Movimento Dos Pequenos Agricultores trabalha com persistência para garantir que todos tenham acesso à comida de verdade, independente de classe social. Por esse motivo, nós dA Horta apoiamos a organização e incentivamos a doação para o Mutirão Contra a Fome. Para conhecer a iniciativa, basta acessar o Instagram do movimento em @mpa.brasil. Já para fazer doação em dinheiro, é só seguir as instruções:
Associação Camponesa para Educação, Cultura e Agricultura do Estado do Rio de Janeiro (ACECARJ) CNPJ: 33.822.838/0001–10 (Chave Pix)
Banco do Brasil (Ag. 1517–2 — C/C 33295-X)
Para clientes de outros bancos o dígito X deverá ser substituído por 0
Os comprovantes devem ser enviados para Leile Teixeira telefone (21) 98848 1188.
Texto por Anny Fernandes
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