Numanice (Ao Vivo): Ludmilla toma conta do pagodão!

Num ambiente predominantemente masculino, Ludmilla lança álbum com clássicos e composições próprias inéditas.

Steffi de Castro
Ainda escuto álbuns
3 min readFeb 11, 2021

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Quem me conhece sabe que eu não sou uma profunda conhecedora ou sequer fã do universo Pop. Eu realmente não escuto muito, mas jovens brasileiras não ficaram imunes à Ludmilla desde que ela surgiu. E sempre simpatizei com a Ludmilla, mesmo que não conhecesse bem o trabalho dela. Mas quando ela cantou com o grupo Vou pro Sereno foi quando eu realmente pensei: “Caramba, por que essa mulher não está cantando pagode pra valer?”. Pra valer, sabe? Protagonizando seu próprio trabalho e não sendo apenas participação em trabalho de colegas, que claramente já tinham visto nela a capacidade disso, caso contrário, por que grupos no auge a convidariam para participações tão importantes?

Ludmilla tem seu público pop e por onde em outros ambientes só conquista mais: no funk (de onde ela veio), no rap e no pagode, por exemplo. Não é à toa que são os ritmos que ditam as pessoas que Ludmilla representa: mulheres, pessoas negras, pessoas de periferia. É disso que a galera gosta.

Ludmilla fazendo participação no DVD do grupo Vou pro Sereno

Quando pensamos em samba, não é tão difícil pensar em mulheres cantando, ainda que a valorização de muitas nesse espaço ainda seja à base de muita briga; de qualquer forma, lembramos de Beth Carvalho, Alcione, Leci Brandão, Dona Ivone Lara, aqui em São Luís/MA a Patativa também é um nome querido.

Mas no pagode… O desafio é lembrar de primeira um nome de cantora de pagode que seja realmente famoso, tanto quanto um Belo ou Thiaguinho… As bandas são em sua maioria totalmente masculinas e as mulheres estão, quase sempre, presentes como figurantes — dançando, bebendo, muito bem vestidas, cantando os singles, participando das filmagens dos DVDs (afinal, venhamos e convenhamos, a realidade do pagode nos DVDs não chega perto do pagodão na favela)... Mas aí recentemente comecei a ver a Ludmilla fazendo participação em vários shows e gravações. Que felicidade!

Não é um espaço “novo” pra ela, é só ela tomando conta de uma realidade que ela já vive desde sempre.

Foto: Divulgação

E então, saiu o tão esperado álbum de pagodão da Ludmilla. Numanice já foi um EP, lançado em 2020, agora é um álbum completo gravado Ao Vivo, mas infelizmente sem a participação do público (por motivos óbvios). O álbum conta com muitas participações de grupos e cantores que estão em alta cantando composições próprias e algumas inéditas (Ela Não, Não é por Maldade, que amei, Cheiro bom do seu cabelo, Amor difícil, Vai e volta e Tô de boa) novos e clássicos do pagode (eita, como é bom cantar alto “Depois do amor!”) além de um pout-pourri de samba/pagode no final, com clássicos que tocam em de samba.

Desejo que Ludmilla tenha sucesso nesse novo momento e que outras mulheres ocupem esse espaço como protagonistas de uma cena predominantemente masculina e com tantas músicas com conteúdo até mesmo machistas.

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