Numanice (Ao Vivo): Ludmilla toma conta do pagodão!
Num ambiente predominantemente masculino, Ludmilla lança álbum com clássicos e composições próprias inéditas.
Quem me conhece sabe que eu não sou uma profunda conhecedora ou sequer fã do universo Pop. Eu realmente não escuto muito, mas jovens brasileiras não ficaram imunes à Ludmilla desde que ela surgiu. E sempre simpatizei com a Ludmilla, mesmo que não conhecesse bem o trabalho dela. Mas quando ela cantou com o grupo Vou pro Sereno foi quando eu realmente pensei: “Caramba, por que essa mulher não está cantando pagode pra valer?”. Pra valer, sabe? Protagonizando seu próprio trabalho e não sendo apenas participação em trabalho de colegas, que claramente já tinham visto nela a capacidade disso, caso contrário, por que grupos no auge a convidariam para participações tão importantes?
Ludmilla tem seu público pop e por onde em outros ambientes só conquista mais: no funk (de onde ela veio), no rap e no pagode, por exemplo. Não é à toa que são os ritmos que ditam as pessoas que Ludmilla representa: mulheres, pessoas negras, pessoas de periferia. É disso que a galera gosta.
Quando pensamos em samba, não é tão difícil pensar em mulheres cantando, ainda que a valorização de muitas nesse espaço ainda seja à base de muita briga; de qualquer forma, lembramos de Beth Carvalho, Alcione, Leci Brandão, Dona Ivone Lara, aqui em São Luís/MA a Patativa também é um nome querido.
Mas no pagode… O desafio é lembrar de primeira um nome de cantora de pagode que seja realmente famoso, tanto quanto um Belo ou Thiaguinho… As bandas são em sua maioria totalmente masculinas e as mulheres estão, quase sempre, presentes como figurantes — dançando, bebendo, muito bem vestidas, cantando os singles, participando das filmagens dos DVDs (afinal, venhamos e convenhamos, a realidade do pagode nos DVDs não chega perto do pagodão na favela)... Mas aí recentemente comecei a ver a Ludmilla fazendo participação em vários shows e gravações. Que felicidade!
Não é um espaço “novo” pra ela, é só ela tomando conta de uma realidade que ela já vive desde sempre.
E então, saiu o tão esperado álbum de pagodão da Ludmilla. Numanice já foi um EP, lançado em 2020, agora é um álbum completo gravado Ao Vivo, mas infelizmente sem a participação do público (por motivos óbvios). O álbum conta com muitas participações de grupos e cantores que estão em alta cantando composições próprias e algumas inéditas (Ela Não, Não é por Maldade, que amei, Cheiro bom do seu cabelo, Amor difícil, Vai e volta e Tô de boa) novos e clássicos do pagode (eita, como é bom cantar alto “Depois do amor!”) além de um pout-pourri de samba/pagode no final, com clássicos que tocam em de samba.
Desejo que Ludmilla tenha sucesso nesse novo momento e que outras mulheres ocupem esse espaço como protagonistas de uma cena predominantemente masculina e com tantas músicas com conteúdo até mesmo machistas.
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