HQ — Jane, uma releitura atual do clássico Jane Eyre

Emily Moura
Além da capa
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3 min readAug 5, 2020

Não sei vocês, mas eu gosto muito de adaptações de livros clássicos, e a resenha de hoje é exatamente isso, uma adaptação de um dos meus livros favoritos: Jane Eyre

Muito além de uma releitura moderna do romance de Charlotte Bronte, Jane é uma HQ. Com um traço delicado e um roteiro excelente, a parceria entre a roteirista Aline Brosh McKenna e o ilustrador Ramón K. Pérez não poderia ter sido mais bem sucedida.

Assim como a história original, vamos acompanhar a vida de Jane, uma garota órfã e solitária, que na infância foi criada pela tia, que definitivamente não foi uma boa tutora. E, assim que alcançou certa idade, foi tentar construir uma vida feliz.

Diferente da história original que se passa em 1847, a HQ Jane é ambientada agora, em nossa atualidade, o que possibilitou que a roteirista pudesse ter a liberdade criativa de construir uma Jane ainda mais independente do que a original, o que eu tenho certeza que a Charlotte Bronte teria gostado muito.

Jane acaba crescendo em um lar sem amor ou amizade, começa a trabalhar muito cedo e junta cada centavo que ganha para poder sair da casa de sua tia, tentar a vida na cidade grande e estudar artes, sua grande paixão! Para se sustentar, Jane decide procurar um emprego nos classificados, ela encontra uma vaga com uma descrição bem duvidosa, mas que paga bem. Basicamente, ela deveria ser baba de uma menininha, Adele, porém deveria ser muito discreta sobre a vaga e obedecer às diversas regras que o senhor Rochester, pai de Adele, lhe propôs.

Apesar de gostar muito de Adele e cada vez mais do senhor Rochester, Jane percebe que a vida daquelas pessoas é permeada por segredos obscuros. Ela é uma das diversas babas que foi contratada, já que nenhuma ficou por muito tempo. Além disso, existem lugares na casa dos Rochester com acesso proibido, isso sem contar que o senhor Rochester é um homem muito fechado e ausente, principalmente na vida da filha.

Jane divide sua vida entre seu sonho de ser uma artista e a afeição pela família Rochester. Nesta obra contemporânea a autora conseguiu fazer uma narrativa muito atual sem deixar a essência do clássico.

Além das ilustrações lindas, que acompanham os sentimentos da personagem, como no início triste da HQ: em que a história é em preto e branco e apenas quando ela ser muda para a cidade grande é que a história ganha cores, ou a conexão com as pinturas feitas por Jane.

Seja pela história, pelo trabalho artístico ou pelos dois, a HQ Jane vale muito a pena.

Agora um fun fact: a autora, Aline Brosh McKenna foi roteirista de O diabo veste Prada.

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Emily Moura
Além da capa

Jornalista em formação, apaixonada por livros e ilustração.