Tendências de viagem para o pós-pandemia

Camila Libório
Além de Viagem
Published in
7 min readJun 24, 2021

Quais serão as tendências de viagem depois da pandemia? Quais serão os próximos destinos badalados que vamos desejar em 2022? Vamos falar sobre o que há de mudanças no turismo com a pandemia e as tendências de viagem que vão impactar em como iremos conhecer o mundo.

Não tem como ter certeza e prever o futuro, mas conseguimos identificar alguns destinos tendências olhando dados e relatórios de pesquisa que algumas empresas do ramos disponibilizam. O que a gente sabe é que aquelas palavrinhas que vinham pipocando:

  • anywhere-office ou “escritório em qualquer lugar” ~> trabalhar de qualquer lugar,
  • staycation ~> curtir a própria cidade num hotel
  • slow travel ~> modo de viajar por mais tempo em um determinado lugar,

Estão se consolidando com a pandemia.

Para identificar essas tendências de viagem e embasar esses comportamentos que já vinham acontecendo, olhei diversas fontes e me baseei principalmente em dois relatórios de empresas digitais do turismo: Skyscanner Horizons: the return of travel, publicado pelo Skyscanner em abril de 2021; e o Airbnb report on travel and living, publicado em maio de 2021 pelo Airbnb. Além das pesquisa em vários sites, também tive o cuidado de olhar a ferramenta de viagens do Google, o Destination Insights.

Metodologia dos relatórios de tendência de viagem

Skyscanner Horizons: the return of travel

Para quem não conhece, o Skyscanner é um buscador de preços de passagem do mundo todo, no estilo do Decolar.com. A área de blog do site tem ótimos artigos sobre o mundo do turismo e, todo mês, fala sobre as tendências do período. Esse relatório é resultado de um estudo sobre as possíveis mudanças que podem acontecer depois da pandemia do Covid19. O período de análise foi março de 2021 em comparação com março de 2019 referente às ferramentas de pesquisas do site feitas nos países Austrália, Brasil, França, Alemanha, Itália, Índia, Japão, Holanda, Rússia, Singapura, Coréia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos e Reino Unido. Para mais detalhes como como os resultados foram gerados, consulte o capítulo “Metodologia” disponível no relatório ❤

Airbnb report on travel and living

O Airbnb é o famoso site de aluguel de casas. Já tem até indicação de casas incríveis aqui no site

O relatório que usei tem como objetivo entender as mudanças nas viagens durante e após a pandemia do Coronavirus. Os dados usados foram tanto do uso da plataforma de reserva quanto questionários aplicados com hóspedes e anfitrões do site entre fevereiro e abril de 2021. Uma parte das pesquisas foi global e outra em países desenvolvidos específicos. Para mais informações, consulte o relatório

Ah! Algo importante para termos em mente: o Airbnb é um site de reserva de casas/apartamento/enfim com opção de se alugar o espaço inteiro, não só o quarto. Portanto, naturalmente a permanência nesses lugares pode ser maior porque temos uma cozinha para preparar as refeições, o que impacta diretamente no orçamento. Dessa forma, os resultados da pesquisa estão diretamente ligados a esse fator: deixo de comer fora para cozinha, então, tenho dinheiro para ficar mais tempo no destino. O interessante aqui é notar a mudança de comportamento do período pré-pandemia para o durante/pós.

Ok, vamos começar!

Quais são as tendências de viagem que estão mudando a forma como viajamos?

Estamos viajando por mais tempo

Segundo o estudo do Airbnb, os dados dizem que estamos viajando por mais tempo, provavelmente por conta dos trabalhos que estão se tornando cada vez mais flexíveis e remotos por conta da pandemia. Se pararmos para pensar, os nômades digitais já estão por aí há alguns anos, alguns começaram há mais de 10 anos até.

De acordo com o que diz no relatório, estamos buscando mais por duração de viagem de mais de 28 dias. Considerando os dados do Airbnb, as reservas de longa duração (de 28 dias pelo menos) foi de 24% no primeiro trimestre de 2021, enquanto que as reservas de 2019 ficaram em 14%. Só no Brasil, nós reservamos 22% de estadias de longa duração nesse início de ano. Outro ponto interessante da pesquisa é que mais da metade das pessoas que responderam o questionário do Airbnb (55%) disseram que estavam trabalhando ou estudando durante a hospedagem de longa duração.

Se olharmos também o estudo do Skyscanner, a duração média das viagens dos países pesquisados passou de 14 dias em 2019 para 16 dias em 2021.

Ou seja, se antes isso era visto como uma loucura de alguns ou um sonho quase impossível por conta de toda a preparação prévia ($$$), hoje isso começa a se tornar cada vez mais comum.

Queremos lugares únicos e especiais

Recentemente, o slow travel, estilo de viagem de quem prefere viajar por mais tempo em um único destino começou com mais intensidade. Só que agora o destino passa a ser também o espaço, a casa ou apartamento ou [coloque aqui o tipo de construção que preferir], passou a ser o principal. De acordo com o estudo do site de reservas, a companhia das nossas viagens passa a ser tão importante (ou mais) quanto a cidade que vamos conhecer. Não é a toa que as buscas por “casas únicas” no Airbnb cresceu 94% em 2021, comparado ao mesmo período de 2019.

Tchau cidade grande, olá natureza!

Um comportamento recente que tomou força na pandemia foi buscar espaços perto da natureza em comparação com os tradicionais destinos de turismo. Quem não conhece alguém que voltou para sua cidade do interior? Ou alugou uma casa na serra para ficar um tempo trabalhando de lá?

Se as idas para a casa na serra ou de praia da família acontecia aos fins de semana como uma viagem, agora esses endereços são (quase) fixos. E sim, os dados mostram isso: em 2015, as reservas do Airbnb para destinos rurais eram menos de 10%, agora, passaram para 22% em 2021.

Olhando globalmente, os dados do estudo do Skyscanner mostram que as tradicionais cidades turísticas têm caído a popularidade, como Roma, Londres e Lisboa. Porém, uma característica comum está presente nos lugares que vem aparecendo mais nas pesquisas de passagem do pós-lockdown: natureza. O interesse dos viajantes só não mudou para Paris e Nova York ❤

E as grandes cidades?

Bom, ainda segundo a pesquisa do Airbnb, as reservas das grandes cidades tem sido mais de longa temporada (ouvi slow travel???). O que a plataforma de reservas de hospedagem viu se consolidando é que as pessoas estão morando em Airbnb’s. Isso na real já acontecia de leve, eu mesma já morei em um no meu primeiro mês em São Paulo e amigos de trabalho fizeram o mesmo quando chegaram lá. A diferença é que agora isso está se tornando real: 11% das reservas de long-term stay (longa duração) são de pessoas que disseram viver uma vida nômade.

Tendências de destinos

Vários países tradicionais no turismo estão com as suas fronteiras fechadas para brasileiros (por exemplo: países da Europa e os Estados Unidos até a publicação desse artigo). Aqui no Brasil, quem estava disposto a se aventurar na pandemia intensificou as viagens para o México e passou a viajar mais para o Egito e as Maldivas. Isso sem contar que nunca conhecemos tanto o Brasil! Tem muita gente viajando o nordeste e outros destinos lindos do país que ficavam em segundo plano.

Agora, pensando, no pós pandemia, para onde vamos viajar? Segundo o Skyscanner, para lugares de praia e rurais, longe da muvuca. Segue a seleção dos destinos que vem se tornando populares no Skyscanner, listei aqueles que não são comuns entre nós brasileiros.

Destinos para inspirar a sua próxima viagem

Grécia

  • Zante (Zakynthos, a praia do barco encalhado!)
  • Corfu
  • Creta

Espanha

  • Menorca
  • Alicante

Países e cidades na África

  • Tenerife (Ilhas Canárias)
  • Zanzibar (Tanzânia)
  • Ilhas Maurício

Turquia

  • Dalaman
  • Antalya

Itália

  • Sardenha

Coréia do Sul

  • Jeju

As apostas de tendência de viagem que eu pessoalmente faço, considerando sites de revistas de turismo que acompanho (Condé Nast Travel, por exemplo), são: Panamá, Costa Rica e cidades mexicanas fora da rota turística tradicional. Isso porque esses são lugares que podemos ir para fazer a quarentena para entrar nos Estados Unidos. Sem contar que a Costa Rica vem pipocando nas recomendações de viagem. Já o Panamá tem sido cada vez mais mencionado por influenciadores de viagem brasileiros e o país tem uma bom marketing para se divulgar. O México tem MUITA cultura, então o que não falta é o lugar para conhecer, só que Cancún tende a ficar cada vez mais batido para nós.

O Skyscanner pontuou outros lugares que vem se tornando populares, mas que já são tradicionais nas nossas viagens, como Orlando, Dubai, Maldivas, Porto, Nápoles e Veneza. O que me chamou a atenção mesmo é a quantidade de ilhas sendo mencionadas, diferente dos lugares (países e cidades) tradicionais que ficam em continentes em maioria.

Conclusão das tendências de viagem

É claro que essas pesquisas têm o recorte da pandemia, então, os resultados naturalmente refletem as preferências e o contexto desse momento. No entanto, os insights continuam válidos para nos inspirarem nas próximas viagens. Essas tendências de viagem também nos mostram alternativas para não dependermos de férias para a gente conhecer novos lugares. Esses dados mostram que o privilégio do nomadismo digital está se tornando comum e vai ser cada vez mais normal a gente fazer da estadia o escritório de trabalho, nem que por um curto período. Você se identifica com essa tendências de viagem? Comenta aqui nos comentários!

Só mais uma coisinha ❤

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Camila Libório
Além de Viagem

Designer de serviços de 9h às 18h e viajante nas horas vagas. Com mais de 16 países visitados, Camila já morou em 2 países e realizou 3 intercâmbios pelo mundo.