Albergue Recomenda — 5 álbuns lançados em novembro

Gustavo S. Anceski
Albergue

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Mais um mês se aproxima do seu fim e dessa vez trazemos mais 5 lançamentos recentes, falando um pouco sobre cada um e atualizando nossa playlist de recomendações.

Eu indiquei três álbuns que desde o lançamento tenho ouvido sem parar:

Seeyouspacecowboy — The Romance of Affliction

Segundo álbum da banda, que traz em sua discografia o split A Sure Disaster, também deste ano, lançado em conjunto com If I Die First, o álbum The Correlatiom Between Entrance and Exit Wounds e a compilação de seus EPs prévios, Songs for the Firing Squad, ambos de 2019. O Seeyouspacecowboy está entre as principais bandas do que tem se chamado de revival do metalcore, resgatando elementos do gênero que o tornaram popular por volta de 2010, como breakdowns, guitarras melódicas e vocais limpos e gritados intercalados; também pode se classificar a banda como mathcore, post-hardcore, sasscore ou até screamo, mesmo a banda recusando esse último rótulo.

Atualmente a formação do grupo é Connie Sgarbossa (vocalista), seu irmão Ethan Sgarbossa (guitarrista e vocais), Taylor Allen (baixista e vocais), AJ Tartol (baterista) e Timmy Moreno (guitarrista), sendo Connie e Ethan os únicos membros da formação original; ambos também já trazem uma grande bagagem das bandas de Flowers Taped to Pens e René Descartes. Além disso AJ e Timmy também tocam junto de Ethan na banda em que ele é vocalista, Staining The Twilight Black.

Nesse álbum é possível notar uma maior influência do post-hardcore moderno na sonoridade da banda, lembrando Alesana, Blessthefall e Underoath em alguns momentos, inclusive Aaron Gillespie faz uma participação no single Intercting Storylines to the Same Tragedy, além de Keith Buckley do Every Time I Die na faixa de abertura Life as a Soap Opera Plot, 26 Years Running, o rapper Shaolin G em Sharpen What You Can e If I Die First na última música, que batiza o álbum. A temática do álbum varia sobre a perda, depressão, dependência química e a romantização de transtornos psicológicos

Portrayal of Guilt — Christfucker

Terceiro álbum da banda, sendo o segundo lançado neste ano, após o We Are Aways Alone, o primeiro álbum da deles foi Let Pain Be Your Guide (2018), precedido pelo EP autointitulado (2017) e seguido pelo EP Suffering is a Gift (2019); a banda também vem lançando material constantemente em forma de splits com diversas bandas de diferentes gêneros como o noise post-hardcore do Chat Pile (também deste ano) e o screamo do Slow Fire Pistol (em 2020) ou o post-punk do Soft Kill (2019).

O Portrayal of Guilt é mais uma banda que vem rompendo as barreiras entre estilos musicais, apresentando elementos de screamo, noise, grindcore, black metal e industrial, criando músicas densas e pesadas de maneira a criar uma atmosfera de terror psicológico capaz de fazer o ouvinte se sentir no próprio Sexto Círculo do Inferno sugerido pelo título da segunda música, nesse lançamento o trio leva novamente seus limites ao extremo, apresentando ao mesmo tempo um trabalho diferente de tudo do que já fizeram, até mesmo no título e capa simples, mas que não abandona a identidade própria da banda.

Esse lançamento também apresenta ótimas participações especiais de Jenna Rose do Anatomy na faixa Sadist e de Jeremy Bolm do Touché Amoré em Fall From Grace. A versatilidade das músicas é capaz de agradar fãs de bandas de screamo como Pg.99 e Jeromes Dream, noise como Uniform e The Body ou de metal extremo como Full of Hell, Napalm Death e Carcass.

Converge & Chelsea Wolfe — Bloodmoon: I

Colaboração que iniciou entre Converge e Chelsea Wolfe em 2015, com participação dos músicos Ben Chisholm e Sthepen Brodsky (Cave In), para apresentações ao vivo no Roadburn Festival em abril de 2016, o projeto se difere bastante dos trabalhos convencionais dos artistas participantes, demonstrando um lado mais lento e melódico do Converge, presente em faixas como Wretched World (do álbum Axe To Fall, de 2009), porém ainda assim mais pesado que o trabalho solo de Chelsea Wolfe, apresentando em faixas como Scorpion’s Sting, Coil, Viscera of Man e Daimon uma sonoridade mais próxima do Sludge e Post-Metal de bandas como Amenra e Cult of Luna.

O álbum apresenta 11 faixas e quase 59 minutos de duração, e pode não agradar muito a fãs de apenas um dos artistas que compõe o projeto, porém se mostra interessante a quem tiver a mente aberta a apreciar ambos experimentando produzir algo fora da sua zona de conforto, isto considerando que os últimos lançamentos em que Jacob Bannon esteve envolvido no ano passado foram da sua banda de death metal Umbra Vitae e o projeto de thrash industrial Blood From The Soul; também é possível que fãs de Wear Your Wound ou Cave In apreciem as partes cantadas de Jacob ou Stephen em faixas como Flower Moon e Failure Forever.

A Milena Soares indicou mais dois álbuns de duas bandas nacionais que contaram com bastante participações especiais interessantes:

Fresno — Vou Ter Que Me Virar

Fazia muito tempo que eu não me empolgava tanto com disco da Fresno. Não que os antecessores de VTQMV fossem ruins ou algo do tipo. É mais uma questão de oportunidade, encontros e conexões. Isso é mais um reflexo da era digital, onde são bombardeados com um turbilhão de informações diariamente.

Bom, depois dessa longa introdução, vamos ao que interessa! Logo após lançar o projeto ‘INVentário”, o trio formado por Lucas Silveira, Vavo e Guerra, surpreendeu a todos com o anúncio de um novo álbum de estúdio.

O novo trabalho traz 11 faixas, que mostram o lado de uma banda que já conquistou o seu espaço e não tenho de experimentar e trazer novos elementos musicais. Nas letras, a pandemia, os conflitos pessoais e a crítica ao governo, estão presentes. Se eu fosse destacar duas músicas favoritas até o momento, seriam “ELES ODEIAM GENTE COMO NÓS” e “FUDEU”.

O disco ainda conta com participações especiais de Lulu Santos, Alejandro Aranda (Scarypoolparty) e Yvette Young.

Zander — Em Carne Viva

O próximo lançamento que vou comentar, também é nacional. Trata-se dos cariocas da Zander, que lançaram recentemente o álbum “Em Carne Viva”.

No disco, a banda formada por Gabriel Zander, Carlos Fermentão, Gabriel Arbex, e Marcelo Malni, retrata o impacto da pandemia na nossa saúde mental e as perceptivas para o futuro. Esses temas são abordados ao som de muito post-hardcore, grunge e emocore. Destaco as músicas “Síncope” e “Não Morri de Saudades”.

“Em Carne Viva” também é repleto de participações especiais, como Lucas Silveira, Scatolove, Teco Martins e Popoto.

Além das músicas, a capa do do álbum ganha destaque. Colorida e psicodélica, cada cor da capa, representa os singles que foram lançados mensalmente e que completam o disco.

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