Albergue Recomenda — Janeiro de 2022

Gustavo S. Anceski
Albergue

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Sentiram saudades? Depois de um mês de descanso, retornamos com um novo post, trazendo a indicação de quatro álbuns lançados no primeiro mês de 2022, os dois primeiros sendo por minha conta e os dois últimos pelo Rudinei Picinini.

Acompanhe nossa playlist que segue sendo atualizada todo mês:

Deaf Club — Productive Disruption

Primeiro álbum do supergrupo de hardcore punk, com fortes influências de powerviolence, grindcore e todo tipo de som torto presente dos demais projetos dos membros da banda, com destaque para o vocalista Justin Pearson (The Locust, Dead Cross, Swing Kids, Satanic Planet e diversas outras) e o guitarrista Brian Amalfitano (ACxDC). Com 14 músicas que dificilmente ultrapassam mais de 2 minutos cada, somando uma duração de 23 minutos, sem momentos melódicos, o disco apresenta letras sarcásticas, guitarras dissonantes, blast beats e todos os demais elementos presentes em um bom álbum de anti-música. Ironicamente ele foi gravado no mesmo dia da invasão ao capitólio nos EUA em 2021 e lançado no aniversário de um ano da data, representando o total oposto dos ideais conservadores estadunidenses em faixas com títulos curiosos e cômicos como Shoplift from Jail e A Day at the Racist.

A banda também lançou um caótico vídeo tocando todo o álbum ao vivo alguns dias antes do seu lançamento oficial, que pode ser assistido no YouTube:

Anxious — Little Green House

Desde seu EP Never Better, o Anxious e seu hardcore com elementos de pop-punk vem sendo comparado com bandas da última onda emo, como Title Fight, Citizen e Basement. A banda ainda divide dois membros com o One Step Closer, que também lançou seu ótimo primeiro álbum no fim de 2021, e assim como a sua “banda irmã” é notável a influência recebida dos clássicos do hardcore melódico como Have Heart e Turning Point, mas aqui ainda se nota um pouco de Jimmy Eat World, Texas Is The Reason e Death Cab For Cutie ou Pianos Become the Teeth. O álbum ainda conta com a produção de Chris Teti da banda The World Is A Beautiful Place & I Am No Longer Afraid To Die.

Eu dou destaque para as faixas In April e Call From You, que resumem perfeitamente o álbum e me fizeram ficar ansioso por esse lançamento.

Cat Power — Covers

Confesso que ainda estou em um processo de descoberta em relação ao som de Charlyn Marie “Chan” Marshall. Meu primeiro contato com a cantora se deu nas minhas andanças pela Internet, na busca de singer-songwriters com trabalhos que julgo interessante. Em uma das minhas pesquisas sobre slowcore, acabei encontrando o disco “Moon Pix” da cantora, considerado um dos grandes marcos da discografia de Chan.

Apesar de não ser um projeto minimalista como tantos outros singer-songwriters que acompanho, a sensibilidade dos timbres e das texturas presentes nos discos de Chan Marshall me despertam grande admiração. Nesse novo disco de 2022, intitulado “Covers”, Chan oferece ao mundo um álbum só de versões de canções de outros artistas. Confesso que tenho opiniões polêmicas sobre covers, mas nesse caso, acho que ela conseguiu imprimir uma personalidade própria nas canções que escolheu gravar.

Com versões de “Pa Pa Power” da Dead Man’s Bones, banda de Ryan Gosling, “The Endless Sea” de Iggy Pop, “White Mustang” de Lana Del Rey e “Bad Religion” de Frank Ocean’s, entre outras, Chan parece não querer explorar o óbvio. De qualquer forma, para mim esse é um disco para abrir a cabeça e descobrir coisas novas.

Underoath — Voyerist

Quem viveu musicalmente a primeira década dos anos 2000, acompanhando bandas de emo e post-hardcore, com certeza deve ter esbarrado em algum momento em bandas como o Underoath. Até hoje tiro um tempo para ouvir clássicos da banda, como “A Boy Brushed Red Living In Black and White”, “Writing on the Walls” e “In Division”. “In Division” que aliás tem um dos videoclipes mais fodas que já vi.

A banda que teve um curto hiato entre 2013 e 2015, lança o seu décimo disco de estúdio, intitulado “Voyerist”. Um disco muito bom, que assim como alguns dos seus antecessores, trabalha com o melhor do que Spencer Chamberlain e sua trupe podem oferecer. Particularmente, desde o disco “Disambiguation” de 2010, sinto que a linha das produções do grupo é bastante semelhante.

Assim, mesmo que não soe tão inovador, “Voyerist” vale muito o play e aquela ouvida com atenção. Recomendo a faixa “Thorn”, onde os timbres eletrônicos que também são uma marca da banda, por conta do sempre genial Christopher Dudley, se mostram bastante evidentes.

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