Playlist de Halloween, por Alforge Records

Gustavo S. Anceski
Albergue
Published in
5 min readOct 8, 2021

Para o mês de outubro escolhemos o tópico Halloween para nossa playlist temática, o qual é facilmente associado com a música underground, desde os Ramones com Pet Sematary, até o horror punk dos Misfits ou grande parte do repertório de gêneros musicais como o death metal ou o controverso goregrind.

Confira abaixo nossos comentários sobre cada música presente na nossa seleção e aproveite para seguir nosso perfil no Spotify e também nossas playlists.

As recomendações do Rudinei Picinini trazem duas vozes femininas abrindo a playlist de maneiras um tanto distintas uma da outra, e dando o ponta pé para o que vem pela frente:

Halloween — Phoebe Bridgers

Sim, antes que você diga algo, eu escolhi uma faixa denominada “Helloween” para uma playlist de Halloween. Apesar da coincidência, a faixa merece estar nesta playlist. A cantautora Phoebe Bridgers é um dos nomes que tem se destacado nesse florescer de mulheres que exploram o indie folk e o indie rock simultaneamente em seus trabalhos, com letras confessionais e profundas. “Halloween” é uma das faixas do disco “Punisher”, lançado em 2020. O álbum recebeu diversas críticas positivas, figurando nas tradicionais listas de melhores do ano de vários veículos de música.

“Helloween” é uma das faixas que carregam de forma significativa a atmosfera sombria de “Punisher”, com cordas abafadas e com outros elementos tímidos, que se juntam ao corpo da canção ao decorrer da sua execução. Para muitos críticos, Phoebe Bridgers conseguiu construir com “Punisher” a atmosfera do seu próprio purgatório, onde fala com franqueza sobre relações complicadas e muitas vezes abusivas que já teve.

Ghost — Gouge Away

Gouge Away é uma daquelas bandas incríveis que fazem parte da Deathwish Inc., diga-se de passagem, catálogo bom da PORRA! Gouge Away nos presenteia com sons, em sua maioria curtos, donos de uma intensidade que percorre o punk, o hardcore, o noise e até o grunge. “Ghost”, apesar de não ser curta, sem dúvidas, representa tudo o que o Gouge Away tem de bom.

A canção em si não fala de nenhuma experiência paranormal. Christina Michelle canta sobre como é se sentir invisível com o tempo para as pessoas que nos relacionamos. “Ghost” é mais uma das ótimas faixas presentes no disco “Burnt Sugar”, lançado em 2018. Um disco que recomendo ouvir com atenção em qualquer atividade intensa. Realmente são 26 minutos que valem a pena.

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Trazendo uma reviravolta a trama, eu introduzo duas faixas do início dos anos 2000 também bastante distintas entre si, mas que demonstram sua importância e influência sobre as que vem logo em seguida:

Honey, This Mirror Isn’t Big Enough for the Two of Us — My Chemical Romance

Presente em I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love (o primeiro álbum da banda, de 2002), que costuma ter sua existência um tanto ignorada se comparado aos lançamentos seguintes, Three Cheers For Sweet Revenge (2004) e The Black Parade (2006), todos possuem ótimas músicas com temáticas obscuras que caberiam muito bem à ocasião, mas escolhi essa, assim como outras da lista, devido ao videoclipe, que nesse caso, descobri a pouco tempo ter sido inspirado pelo filme de terro psicológico japonês Audição, do direto Takashi Miike. Essa faixa e o restante do álbum também mostram um My Chemical Romance muito mais cru, com referências punk e post-hardcore muito mais fortes.

In love with an apparition — Pageninetynine

Considerada uma das precursoras do screamo, o Pageninetynine (ou pg.99 como também é conhecido) sempre flertou com o horror, o que pode ser observado desde a estética das artes de seus álbuns, ou Documents, produzidas pelo vocalista da banda, Chris Taylor. A faixa, que também abre o Document #8 (2001), inicia com um sample de uma entrevista do vocalista do Nirvana, Kurt Cobain, falando sobre como o punk rock deveria ser, logo seguindo para uma rápida e caótica música sobre um caso de amor sobrenatural, como o nome dela sugere.

Oh Boy 3:06 AM — Bucky.

Dando um salto no tempo, a faixa está presente no primeiro EP da banda lançado este ano. Bucky. com certeza tem uma forte influência do pg.99 em sua sonoridade e estética, fazendo músicas densas, rápidas e desesperadoras. A escolha da música fica devido a referência ao horário da madrugada, próximo da chamada “hora do diabo”, utilizada em diversos filmes (como Atividade Paranormal) como momento propicio à manifestações paranormais.

…where the suffering never ends — Portrayal of Guilt

Single lançado na última segunda-feira e que estará presente no álbum CHRISTFUCKER, o segundo que a banda vai lançar esse ano. Eu não poderia deixar de mencionar essa música, principalmente após assistir seu videoclipe que é praticamente um filme de terror em cinco minutos e meio, o que combina perfeitamente com o clima opressor da música. A banda bebe das mesmas fontes que a recomendação anterior, inclusive tendo álbuns ilustrados pelo vocalista do Pg.99, assim como música com sua participação em seu último álbum,We Are Aways Alone, lançado início deste ano, no qual é bom lembrar que a banda trabalhou o mesmo conceito de horror no videoclipe duplo das faixas It’s Already Over e Masochistic Oath.

Deaths-Head Revisited — Serling

Serling se autodenomina “mathcore sediado em Twilight Zone”, referenciando o icônico seriado de terror. A faixa faz parte do primeiro EP da banda, lançado em agosto deste ano, e assim como as demais, seu título foi retirado dos nomes de episódios da série, sendo nesse caso a história de um ex-capitão nazista tendo que lidar com seus crimes do passado durante uma visita a um antigo campo de concentração.

My Nightmares Would Do Numbers As Horror Movies — If I Die First

Mais um videoclipe com referências de filmes de terror; aqui os membros da banda são seduzidos no maior estilo Jennifer’s Body, e para quem já assistiu ao filme fica fácil imaginar o final dos garotos emo nessa história. A música é parte do split A Sure Disaster da banda com o SeeYouSpaceCowboy, lançado este ano, e pode-se notar nela a influência das bandas emo pop punk e post-hardcore dos anos 2000, como o My Chemical Romance, The Used, Alesana e Bleesthefall.

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Encerrando a playlist e o post dessa semana a Milena Soares recomendou duas músicas que cabem muito bem no desenrolar dos créditos finais e enquanto esperamos cenas pós-créditos.

In the House, In a Heartbeat — John Murphy

Esse som instrumental faz parte da trilha sonora do filme 28 Days Later, lançado em 2002. O longa dirigido por Danny Boyle, trânsita entre o terror e ficção científica, retratando uma Londres apocalítica, tomada por um vírus que desperta em seus infectados, um instinto primitivo e assassino.

A música preenche as cenas finais do filme e traduz toda a tensão vivida pelo protagonista, que além dos infectados, precisa lidar com conflitos humanos.

In the House, In a Heartbeat começa em um tom introspectivo, vai crescendo aos poucos e quando chega no seu ápice, volta para a introspecção, fazendo com que você se sinta dentro de uma trama de suspense e terror.

Jack Paints It Red — Thought Gang

Ainda em um clima cinematográfico, minha próxima indicação é o resultado da parceria entre o diretor David Lynch e o compositor Angelo Badalamenti.

Com o nome de Thougth Gang, a dupla que trabalhou na série de TV, Twin Peaks, trouxe o lado bizarro e surrealista para um álbum homônimo repleto de faixas sinistras e experimentais com influências de jazz.

A caótica “Jack Paints It Red” é uma dessas músicas que poderia tranquilamente estar em um filme de terror.

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