Resenha: Evilcult e Surra em Bento Gonçalves

Gustavo S. Anceski
Albergue
4 min readFeb 21, 2022

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Após quase dois anos sem assistir a shows presencialmente devido a pandemia, pude colar e fotografar a segunda data da turnê organizada pela Bombs Company do trio santista de thrashpunk Surra, no Teia Cultural em Bento Gonçalves, com abertura da banda local Evilcult; vale destacar que foi a primeira vez que assisti as duas ao vivo e que foram o segundo show de ambas após o período pandêmico, a Evilcult tocou no Festival Extremo Sul, no Opinião em Porto Alegre em dezembro, enquanto o Surra tocou na noite anterior no Vale dos Sinos Tattoo Fest em Novo Hamburgo e também passou na noite seguinte por Santa Maria no Rockers com as bandas Tarja Preta, Sete Palmos, Furia e E.S.D.

O setlist da Evilcult consistia basicamente nas oito faixas do seu álbum “At The Darkness Night” de 2020 e a música “Evil Metal” do EP “Evil Forces Command” de 2017, porém sua apresentação teve de ser interrompida na quarta música, “Eternal Cult of Darkness”, devido a forte chuva que invadia o palco após o tempo virar repentinamente, mas pudemos ter uma boa amostra do Speed Black Metal do trio.

Com o esforço conjunto da organização e a colaboração do clima, o Surra pode executar seu show sem interrupções, contando com músicas de todas suas fases no repertório, abrindo com “Merenda” do seu primeiro álbum “Bica na Cara” e passando por “Xerifão” do EP “Somos Todos Culpados”, até músicas de seus trabalhos mais recentes como “Passou a Boiada”, “Ninho de Rato” e “Um Gole de Ácido”. O público celebrou a noite cantando trechos das músicas junto com a banda e moshando no meio do circle pit durante toda apresentação. Além disso o Surra demonstrou que o underground não tem glamour, atendendo na própria banquinha de merch, trocando ideia com o pessoal durante e após o show e resistindo ao mal tempo para fazer o rolê acontecer (mesmo se tivessem que ter feito acústico) da melhor forma possível.

Confira abaixo a minientrevista que o Surra nos concedeu falando um pouco sobre a experiencia da volta aos palcos:

Como está sendo voltar aos palcos depois de dois anos de pandemia?

Victor: É um misto de emoções. Alívio, felicidade, nervosismo, dúvidas. No fim está dando tudo certo e percebemos que valeu a pena não termos ficado estagnados. Nós voltamos melhores do que éramos antes.

Vocês sentem que de alguma forma a galera está mais motivada nos shows por conta da saudade deste tipo de evento?

Victor: Acreditamos que sim. Esse período todo da pandemia está sendo muito desgastante para todos, em todos os sentidos. É natural que depois de tanto tempo de marasmo, as pessoas tenham uma explosão de sentimentos em shows. Eu mesmo quase chorei depois do primeiro show acabar hahahah

Como vocês enxergam a cena hoje em dia e o que as bandas precisam fazer para continuar na ativa e engajando com o público?

Victor: Apesar das dificuldades, acredito que as pessoas continuam insistindo em fazer um trabalho autoral, original e empolgante. E, melhor ainda, vemos cada vez mais o pessoal mais novo se animando para tocar instrumentos e montar bandas, apesar de todos os empecilhos financeiros que temos atualmente. Acho que o que o pessoal precisa é fazer, meter a cara e não ter medo de ser original.

Além da volta aos palcos, quais são os próximos planos da banda?

Guilherme: Para esse semestre estamos finalizando um EP que irá se chamar “Sempre Seremos Culpados”. Este trabalho fechará a trilogia de EPs junto com o “Somos Todos Culpados” e “Ainda Somos Culpados” e será lançado em CD.

Vocês já conheciam a Evilcult? Como é tocar com eles?

Guilherme: Eu, particularmente, já conhecia e recomendava o trabalho da Evilcult. Inclusive já trocávamos umas ideias pelas redes sociais. Foi uma honra dividir palco com a banda e tenho certeza que outras oportunidades virão para fazermos outros shows juntos pelo Brasil.

Entre singles e discos, você continuaram lançando trabalhos nos últimos dois anos, e agora vocês finalmente estão podendo tocar ao vivo e ver a reação da galera, como é poder finalmente ter esse feedback do público?

Guilherme: Temos seis músicas novas sendo executadas no nosso repertório e estamos muito felizes com a repercussão delas nesses primeiros shows. Ver a galera cantando as letras e, principalmente, se arrebentando no circle pit é a certeza que esses novos sons agradaram.

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