CRÔNICA
A Contemplação do Belo no Futebol
O brasileiro volta às suas origens quando entende o que realmente importa para o futebol: a beleza
Provavelmente, um dos jogos mais emblemáticos durante essa jornada que tivemos pelo Estadual tenha sido no clássico entre Santos x Corinthians pela fase final do Campeonato.
É lógico que eu não quero aqui estabelecer um padrão de como se deve jogar e o que é jogar bem, em contrapartida, pretendo oferecer uma reflexão do que realmente importa ao torcedor brasileiro.
Portanto, após esse jogo, houve um sentimento de abismo entre o que foi apresentado pelo lado da equipe praiana e a equipe da Capital, como se a classificação do Corinthians tivesse sido completamente devastada diante de um futebol que ofereceu prazer a quem assistia.
As forças para que algum torcedor alvinegro pudesse se levantar e declarar guerra a quem se voltasse contra o seu time de coração argumentando que a apresentação não era sinônimo de futebol foi sucumbido ao que julgaram Belo.
Naquele dia, o jogo terminou 1 a 0 para a equipe santista com toda a cara de que uma goleada pudesse exibir uma prova onde deixasse claro que aquele futebol não foi treinado, mas sim abençoado por Apolo e causasse uma revelação de graça superioridade.
Após o jogo, um ambiente de contemplação penetrou em meio ao silêncio e toda a torcida se colocara solitária como se tivessem alcançado um entendimento momentâneo, porém, puro, do que realmente importa para o futebol.
Um estado consciente envolveu toda uma geração e permitiram o ápice do desejo surgisse como um clamor silencioso de que finalmente se encontraram porque é isso que a beleza proporciona: uma viagem de volta às nossas origens.
E toda essa beleza só é possível justamente por ser algo difícil de se produzir pelo fato de que não há um interesse na existência dela, mas os sentimentos que rodeiam aquela atmosfera que parece favorável ao belo causa um sentimento de prazer desvelado nos jogadores onde se julgam deuses capazes de controlar o tempo e o espaço.
Talvez a eficiência no futebol ataque a inteligência e o seu torcedor sinta-se satisfeito com a sensação de possuir o respeito imensurável de seus rivais. No entanto, a beleza atinge o coração, ou seja, enquanto a inteligência é algo limitado por ser legível e ensinado, o coração é vulnerável à imprevisibilidade.
Assim como quando nos deixa de boquiaberto uma jogada individual ou coletiva fazendo nos perguntar: Isso ainda é possível? Nessa conjuntura é que percebemos o quanto nos entregamos facilmente ao que é corriqueiro.
Por consequência, entendemos que uma determinada equipe na qual opte por acreditar na beleza é quem adquire o verdadeiro respeito por mostrar de que seus rivais são apenas meros humanos por não serem instruídos para a contemplação plena do verdadeiro espírito do futebol.