CRÔNICA
A Inspiração Que Nos Liberta
A inspiração nos pega quando estamos distraídos porque é nessa hora que encontramos nossa liberdade.
A última semana foi especial para quem gosta de futebol, infelizmente só para quem gosta, porque deveria ser encantadora para todos como uma Copa do Mundo. No entanto, lamento saber que há pessoas que não prestam atenção à sua volta e, assim, não dando uma chance para o livre prazer.
Porém, quando há momentos tão brilhantes quanto ao que ocorreu eu me esqueço do meu nome, das minhas obrigações, de trabalho e de escrever porque as minhas ideias ficam dançando sem parar, impedindo que eu consiga deixá-las harmônicas.
Assim como as equipes que apresentaram não um jogo de futebol, mas uma música onde quem participa precisa ter a audácia de dançar.
Provavelmente, eu não precisaria ressaltar quais foram os jogos que tornaram a última semana tão mágica, mas para evitar qualquer pecado de alguém esquecer de algum jogo digo que os respectivos responsáveis por isso foram: Fluminense x Grêmio; Liverpool x Barcelona e Ajax x Tottenham.
Diante desses três jogos as palavras começaram brotar em meu cérebro, porém de forma alucinante e, consequentemente, meus sentimentos não se encontraram uniforme.
Como se a minha cabeça tivesse virado um estádio de futebol onde ocorressem esses três jogos e o meu coração fosse a torcida extasiada sem saber de qual forma se expressar.
Tudo isso se deve ao fato de que todas essas equipes pareciam ter um só objetivo: emocionar. Como se elas tivessem combinado entre si que se uma fizesse um jogo inspirador, a outra também o faria.
Seria possível, caso eu acreditasse em regras, combinações, predeterminações do que se vai acontecer. No entanto, a inspiração não nos respeita, não segue as nossas ordens porque elas precisam serem livres para desabrocharem.
Diria os analistas que para Fluminense, Liverpool e Tottenham realizassem tais feitos precisaram criar um método para saírem vitoriosos.
Mas a inspiração vem quando menos se espera e de quem menos esperamos. Assim como foi com Fluminense, Arnold, lateral do Liverpool ao se aproveitar, brilhantemente, de um segundo de desatenção da defesa do Barcelona para cobrar o escanteio e Lucas Moura, o responsável pelos três gols do Tottenham que deu vaga à final.
A inspiração nos pega quando estamos distraídos porque é nessa hora que encontramos nossa liberdade.
Em vista disso, proponho um exercício de reflexão: não é possível que uma eminente derrota dessas equipes deu a oportunidades de se verem livres de obrigações?
Tomo como exemplo a fala do Klopp: “Se conseguirmos, será maravilhoso. Se não, falharemos da maneira mais bonita”.
O resultado foi um jogo caótico porque assim como as ideias que nos surgem, o futebol também pode ser desordenado se tentamos juntar as linhas em um padrão, mas os sentimentos impregnados dentro do jogo se rebelam.
O futebol, por vezes, não se entende e paralisa quando o queremos em uma única direção.
Quem sabe essas equipes aceitaram dançar no escuro, assim como diria Nietzsche e sorriram. Por efeito: “Não se mata por meio do ódio, mas por meio do riso”.
Julgar essas equipes derrotadas, como o Menon fez quando o Fluminense perdia por 3 a 0, foi um convite para que elas aceitassem a transformar um jogo numa dança onde pudessem se sentirem livres.
As equipes passaram a jogar de maneira involuntária como se fossem coordenados por deuses com a sensação de poder e o mais alto grau de divindade.
Em suma, nunca saberemos como esses jogos aconteceram porque a inspiração nunca é chamada. Por acaso vocês já conseguiram chamar a um milagre? Com certeza a resposta é não justamente por ocorrer como a inspiração, aparece por conta própria.