Ainda espero
É incrível o quanto a gente consegue passar para pessoas.
Então lá estava eu, início de férias, trabalhos entregues, havia melhorado meu desempenho no trabalho, tinha consertado 99% das minhas relações, o mundo estava menos agressivo. Mas só tinha um problema, meu coração não tava aceitando bem a ideia de que sou solteiro por excelência e que eu não consigo desenvolver bem sentimentos amorosos por pessoas novas tem quase uma década já, (não, minto, mais de uma década).
Ou seja, sempre que possível ele me cutucava com uma cólica de inveja (sim, inveja, sou humano, fazer o quê?), tristeza, carência, assim que eu via algum casal se dando bem. Esse maldito que carrego no peito ativava logo memórias de ideias que tive pensando naquele alguém de tanto tempo atrás. Me lembrava dos momentos bons, dos momentos ruins, mas principalmente do cheiro de tudo aquilo. Aquele cheiro de frio, Aliás, esse mesmo cheiro que sinto agora. E com o cheiro vem essa sensação no peito, essa sensação que ninguém nunca mais conseguiu me fazer sentir. Não sei explicar, é como que se eu estivesse triste, mas mesmo assim me sentisse a pessoa mais feliz do mundo. Uma felicidade que dói, um orgulho acanhado.
E assim, não é como se eu não fizesse nada, porque eu fazia, mas sinceramente, ninguém tem os pré-requisitos, que são bem simples, eu só quero alguém com a cabeça amadurecida e que tenha e trabalhe em prol de um plano a longo prazo, não é pedir demais. E descobri isso conversando com uma grande amiga que agora deve estar se preparando para ir embora, o que é meio triste, mas fico feliz por ela. De certa forma a gente sabe quando a gente ama alguém quando sente esses dois sentimentos juntos, eu amo essa amiga, e amo aquela pessoa.
Dentro dessa lógica dos pré-requisitos, eu acho que quando eu e essa pessoa estivermos frente a frente, vai ser em uma época em que ambos estaremos com a vida estabilizada, vamos estar maduros, e nos olharemos com um olhar inexplicável de “de certa forma eu entendo o que aconteceu, entendo sua trajetória, e agora eu te entendo completamente, te amo”, e tudo isso em um olhar. Mas até lá é chão, é sofrimento e saudade. Eu espero esse dia. Eu ainda espero.