Eu colho, somente, o que planto.

Alexandre V. Andrade
Alegrias e Alergias
3 min readFeb 21, 2018

Pode parecer estranho, infelizmente é assim que se consegue ter paz invés de estresse nessa sociedade.

O que estou dizendo é o contrário de chegar já sendo agressivo com os outros, ou indiferente, ou orgulhoso, a minha mensagem basicamente é “Não existe mais essa de “Dê a outra face”, infelizmente as pessoas só respondem à imposição, então que assim seja, imponha-se”.

Durante anos busquei ser aquela pessoa que todos respeitam, primeiramente me iludi achando que eu deveria ser gentil com todos, ou o bobo que todos riem vez ou outra, depois pensei que eu deveria conquistar o respeito, o qual era o meu direito, sendo uma péssima pessoa, sendo estupidamente grosseiro. Eis que finalmente entendi da onde eu deveria retirar o que era meu; não era através da bondade ou maldade gratuita, mas sim de um equilíbrio tênue. “Entre o bem e o mal/ a linha é tênue, meu bem/ Entre amor e o ódio/ a linha é tênue, também” (Linha Tênue - Maria Gadú). E assim tenho feito, uso de toda a minha educação aprendida para ser o suficiente simpático, com aqueles que são bondosos e não se mostram uma ameaça para meu bem-estar, eu continuo sendo amável e gentil, já com aqueles que tentam abusar da minha generosidade e simpatia, prefiro mostrar que embaixo destas pétalas vermelhas de amor há espinhos escuros que furam, cortam e têm veneno.

Cresci num mundo onde tudo era bonito, havia pessoas maldosas, entretanto a beleza, as cores, tudo era bonito. Haviam horas em que tudo ficava sombrio numa escuridão sem fim, contudo sempre fui resiliente e um sorriso de dentes abertos sempre era visto. Conforme fui crescendo a maldade também decidiu me acompanhar nessa caminhada, segredos sobre a vida eram mostrados a um pré-adolescente e a realidade começava a machucar. Conheci a solidão, conheci o que podia ser de pior nas pessoas, graças à minha resiliência consegui me erguer com a ajuda de amigos que foram se mostrando poucos, porém suficientes. Infelizmente fui afastado desse meio acolhedor. Conheci a morte como nunca antes, e conheci o que era ser humano, conheci o que era ser um sobrevivente.

Um sobrevivente? Bom, não no sentido de vencer na vida, mas sim no sentido de se ver preso em mentiras, falsidades e ataques eminentes, mas mesmo assim suportar a ponto de escapar, e hoje em dia, contra atacar com força suficiente para não haver mais de dois botes. Tanta hipocrisia nos outros hoje me faz querer gritar, rir e chorar, pois não é fácil ver alguém falando coisas absurdas e em menos de uma semana se desmentindo para tentar se fazer ter razão, não é fácil ver alguém pagando de O profissional, mas ter o comportamento de um pré-adolescente de 12 anos metido a fazer textão no facebook. Não é fácil ver uma pessoa preguiçosa querer falar de coisas complicadas as quais só ouviu a respeito, ao invés de pesquisar a fundo para tomar uma decisão pública. Não é fácil.

E quer saber a parte realmente difícil? É ser atacado por uma pessoa dessas e ainda ficar entre o fio de ignorar e remendar o assunto, ou contra atacar para ter paz de espírito. E quando você revida a resposta é cômica, se não trágica. A decadência se mostra, uma podridão tão nojenta, o mundo realmente não é para amadores, e pessoas assim caem na mesmice de uma vida medíocre, o próprio e único inferno possível em vida.

Mas e quem se mostra merecedor de carinho? Ah, esses por mais difícil que possa ser conseguem conquistar o que almejam, por motivo desse ser um mundo terrível alguns sofrem, morrem tentando, pois ele dificulta extremamente a vida daqueles que foram empurrados à margem. No entanto, a esses é confiada a garra de fazer o que for necessário, é confiado o poder de se adaptar sem se perder. A esses é confiado um farol que guia até o fim da vida e, ainda, a imortalidade. Tenho achado meu farol e seguido sua luz.

Mesmo às vezes me doendo ser o mal necessário da situação, tenho feito o necessário para continuar meu caminho. Tenho mostrado minha força. Tenho mostrado meu amor despejante, assim como tenho mostrado meu veneno agridoce. Infelizmente o mundo não é para quem cava seu caminho ao esquecimento ou não luta para escapar das correntes que puxam às margens. Sei o quanto sou privilegiado e luto para não os ter mais. Quero adversários à minha altura, quero penar. Por isso sou humano, brasileiro. Eu luto por todos, e gostaria que todos lutassem para serem um. Mas fazer o quê? Tem gente que ainda não se enxergou no mundo.

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