sobre o oráculo astrológico

Ísis Daou
alfaserpente
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2 min readFeb 8, 2019

A astrologia é um oráculo.

Ela segue o princípio básico de que o que está embaixo é como o que está no alto — a noção de que os movimentos dos corpos visíveis no céu: os luminares (o sol e a lua), os planetas e as estrelas — simbolizam os movimentos do que acontece aqui embaixo na Terra. E todo oráculo revela, para quem o consulta, a natureza de eventos que vão se desdobrar dali pra frente. A astrologia faz exatamente isso — as chamadas previsões, embora sem dúvida seja um oráculo mais técnico e complexo, comparado a outros que existem.

Mas porquê dizer que os planetas simbolizam os eventos que acontecem na Terra, e não influenciam? Porque os movimentos lá de cima correspondem aos movimentos aqui na Terra. São análogos — não exatamente de causa e efeito. É como um espelhamento da vida se comportando seguindo sua predisposição, seu estado natural. Como a Lua que guia as marés e o ciclo menstrual, os movimentos planetares orientam nossa vida terrestre de forma subjetiva e independente do que a gente escolha acreditar ou não. Dentro de um campo delimitado de possibilidades, o livre-arbítrio cumpre um papel decisivo sim e pode alterar muitas predisposições, mas nunca desfazer por completo o que está alinhado à natureza própria de cada pessoa ou evento.

E se a astrologia é um oráculo, ela só serve para prever coisas que vão acontecer? Não para conhecer melhor a si mesmo? Bom, a leitura do seu mapa natal com um astrólogo é sim capaz de abrir um mundo de autoconhecimento para cada um de nós, nos fazer entender melhor o que há de mais latente na vida e como diferentes assuntos e eventos se desenrolam na nossa história. Mas limitar a astrologia ao autoconhecimento também é um equívoco, e corremos o risco maior de acreditar que tudo que acontece gira ao redor do nosso umbigo, e não que somos indivíduos parte de um universo complexo, em mudança e movimento constantes.

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Ísis Daou
alfaserpente

observadora do céu, pesquisadora de símbolos e colagista autodidata