Sol em Câncer — notas complementares na previsão anual
O ingresso do Sol nos signos cardinais — Áries, Câncer, Libra e Capricórnio — inaugura estações. Neste ano astrológico, levantaremos um mapa de previsões complementares a cada início de nova estação; assim é feito o procedimento de previsões em anos em que o mapa do ingresso solar em Áries se dá em signos cardinais. No dia 20 de março, o Sol ingressou em Áries precisamente à 0h49 do horário de Brasília, e ascendia no horizonte o signo de Capricórnio. No fim da tarde de hoje, teremos o ingresso do Sol em Câncer, marcando o solstício de inverno no hemisfério sul.
Curiosamente, o ascendente desse mapa do ingresso do Sol em Câncer é praticamente idêntico ao do Sol em Áries, a 13º de Capricórnio. Júpiter segue na casa 1, a casa do povo, reafirmando as condições gerais de escassez e privação que marcaram os primeiros três meses do ano astrológico; a ausência de maléficos e o Lote da Fortuna nessa mesma casa parecem atenuar um pouco o sofrimento geral, apesar de que não devemos esperar melhores significativas por aqui até o ingresso solar em Libra, no fim de setembro. A pandemia ainda é o assunto de peso da vez: o peso desse próprio Júpiter na casa do povo, regente da 12, o isolamento, a marginalidade, a pandemia em si; a Lua, representante do povo, aparece na casa 6, testemunho de sobrecarga e instabilidade do sistema de saúde no país. Vênus retrógrada aí, indo de encontro ao trígono com Saturno em Aquário pode sugerir uma aparente estabilização em número de infecções no início deste trimestre, promessa que não se cumpre: a segunda metade de julho até início de agosto parece ser o período mais agudo da pandemia por aqui.
Três planetas ganham importância maior no mapa desse ingresso: Júpiter, Marte e Mercúrio. Júpiter e Marte se encontram em sêxtil exato com recepção mútua, uma ajuda para ambos. Marte na casa 3 dá ênfase à imprensa durante esse período num tom mais combativo, e enquanto o Marte em Peixes se dá ao confronto ideológico sem grande assertividade, o aspecto com Júpiter mostra maior abertura das forças de oposição se comunicando com a população (frente ampla, será?).
O ingresso de Marte em Áries no próximo dia 27 inaugura um período em que a oposição declarada ao governo ganha mais protagonismo e objetividade nas disputas políticas, se organizando e fazendo pressão direta ao governo. Más notícias agouram o presidente, que não vai ter paz tão cedo e se vê ainda mais desamparado que nos meses anteriores. Infelizmente, com a presença de Marte ne casa 4 também poderemos ver acirramento de disputas territoriais e aumento da exploração desenfreada de recursos naturais.
Mercúrio chama a atenção pela angularidade e aplicação de oposição ao ascendente, ao mesmo tempo que busca a invisibilidade, caminhando em direção ao Sol. Mercúrio está conjunto à Sirius, a estrela fixa mais brilhante do céu noturno, que fala de um poder muito grande que, à mesma medida que promete sucesso, também pode causar imensa destruição. Sirius ainda fala do risco de levar as coisas adiante muito rápido. Parece difícil entender plenamente o que Sirius com Mercúrio significa neste momento; arrisco dizer que ele pode estar representando figuras em destaque queimando o próprio filme, em circunstâncias com desfechos bastante simbólicos no coletivo. Esses significados devem ser melhor investigados à luz de cada lunação, mas é certo que a presença dessa estrela cravada à Mercúrio escalona a dimensão de seus efeitos e significados; sim, é exaustivo viver um momento histórico, e Sirius está relacionada à eventos de grande impacto. ¼ do ano astrológico já se foi; sobrevivemos e resistimos. Apesar do horror, descaso e da ode à morte andarem à solta, é possível ver melhoras para nós no segundo semestre. Os próximos três meses começam hoje, o caminho segue em frente, sem abertura para retrocesso. Há de existir vida após a catástrofe. Hoje é solstício de inverno, o dia mais escuro do ano no hemisfério Sul. Acenda uma vela, celebre a vida que aqui permanece.
