Stephen King — Mercúrios Escritores #2
O segundo autor dessa série é conhecido como o Mestre do Terror. Stephen King nasceu em 1947 na cidade de Portland, Estados Unidos. Seu primeiro livro publicado foi “Carrie”, em 1974, cujo manuscrito foi resgatado do lixo por sua esposa Tabitha, uma parceria indissociável da sua vida. Os números refletem o sucesso estrondoso da sua obra: ele assina a autoria de 59 romances (e mais 7 escritos sob pseudônimo), 200 contos e inúmeras adaptações para roteiros de cinema.
Seu horário de nascimento — descoberto por uma fã durante uma noite de autógrafos –, apesar de parecer arriscado, tem classificação “A” no Astrodatabank, e é com ele que levantamos o mapa acima: 21 de setembro de 1947, às 1:30 da manhã. O “arriscado” é por conta do grau do ascendente, nos últimos segundos do signo de Câncer. Seja Câncer ou Leão, vamos focar nas condições e aspectos de Mercúrio, que é o planeta que nos interessa nessa série.
No mapa, Mercúrio se posiciona abaixo do horizonte e ocidental ao Sol, indicando um funcionamento mental perspicaz, porém reflexivo e reservado, não tão expansivo em relação à forma de se comunicar. É um Mercúrio em movimento direto e rápido, caminhando ao passo de 1º31’ por dia, indicando também um funcionamento mental veloz e aguçado (o volume da sua produção não nega). O signo de Mercúrio é Libra, signo humano de natureza cardinal, que denota iniciativa e interesse em temas comuns ao coletivo: “Acho que as melhores histórias sempre acabam sendo aquelas sobre as pessoas e não sobre evento, o que significa dizer ‘centradas no personagem’”. Não faltam personagens icônicos em suas histórias — Stephen King escreveu um romance inteiro sobre um carro que ganha vida!
Mercúrio em Libra está conjunto ao Lote do Espírito, lote associado ao Sol e que mostra algo que almejamos alcançar na vida: no caso dele, o próprio ato de escrever, muito mais que a conquista material ou o sucesso em si. “Para mim, a diversão de escrever romances não está no produto final, com o qual não me importo. Tem um cara ali olhando todos os livros na minha estante e para mim eles são como pele morta. São coisas já estão feitas. Mas eu adoro o processo.”
Mercúrio faz aspectos com três planetas no mapa: uma quadratura com Marte em Câncer, dois sêxtis com Saturno em Leão e Lua em Sagitário. Um Mercúrio em diálogo aberto com os maléficos pode ser um testemunho do interesse por escrever sobre horror e sobre o lado mais sombrio da experiência humana; seus próprios medos foram um incentivo à colocar a imaginação no papel. Mercúrio ainda está no signo que é a exaltação de Saturno, e o recebe num sêxtil que não só favorece o trabalho perseverante e constante, mas o possibilita desenvolver-se com integridade e domínio: “Depois que começo a trabalhar em um projeto, não paro ou desacelero a menos que seja absolutamente necessário. Se eu não escrever todos os dias, os personagens começam a murchar em minha mente — eles começam a parecer personagens em vez de pessoas reais. O fio da narrativa começa a enferrujar e eu começo a perder meu controle sobre o enredo e o ritmo da história.”
O sêxtil de Mercúrio e Lua fortalece o funcionamento mental — ainda que, em Sagitário, o aspecto debilite Mercúrio. É curioso observar o papel da rotina e do deslocamento, assuntos da Lua, como ferramenta de inspiração e disciplina que o permitem escrever todos os dias da sua vida, segundo o próprio: “Eu acordo. Tomo café da manhã. Caminho cerca de 5,6 quilômetros. Volto, vou para o meu pequeno escritório, onde tenho um manuscrito, e a última página que gostei está no topo. Eu a leio, e é como entrar numa agulha de acesso à pista principal; sou capaz de revisá-la e me colocar de volta naquele mundo, seja ele qual for.”
Com Marte, o aspecto é de quadratura, conferindo uma postura confiante e provocadora, que também se manifesta no funcionamento da sua mente e escrita. Há de considerar que uma certa ousadia para conseguir dar forma à tantas ideias de romances de terror que, ainda que às vezes um tanto estapafúrdias, renderam sucesso de crítica e público. Assumir que o que se escreve dificilmente será apreciado e aceito por todos é um “corte” de Marte que traz também uma libertação: “Se você espera ter sucesso como escritor, a grosseria deve ser a segunda menor das suas preocupações. A menor de todas deve ser a ‘sociedade educada’ e o que ela espera. Se você pretende escrever o mais honestamente possível, seus dias como um membro da ‘sociedade educada’ estão contados, de qualquer forma.”
E, ainda que já bem longe da conjunção exata, Mercúrio divide o signo de Libra com a Vênus domiciliada, um testemunho que parece indicar a sorte e a importância da figura da esposa Tabitha na sua vida profissional. Sobre isso, ele diz: “A combinação de um corpo saudável e um relacionamento estável com uma mulher autossuficiente que não tolera as minhas bobagens ou de qualquer outra pessoa tornou possível a continuidade da minha vida profissional.”
Por fim, apesar dos aspectos com maléficos, um Mercúrio em termo de Júpiter revela uma boa dose otimismo, um detalhe que colore um quadro mais leve do que de fato perturbador sobre sua visão de mundo: “Acredito em todas essas coisas sentimentais e românticas: que as crianças são boas, que o bem vence o mal, que é melhor ter amado e perdido do que nunca ter amado. Eu realmente acredito em toda essa merda.” Eu também, Stephen, eu também. Vida longa ao Mestre do Terror!
Imagens usadas na colagem digital, sob a licença Creative Commons:
Stephen King in 2011 — Stephanie Lawton;
1958 Plymouth Fury — JOHN LLOYD from Concrete, Washington, United States;
Adler typewriter displayed at Stanley Kubrick: The Exhibit, Los Angeles County Museum of Art — Matthew J. Cotter from Wigan, United Kingdom;
