corpo: ser um uivo no seu rio

algo deu errado
algo deu errado
Published in
2 min readAug 7, 2018

O gozo sonhado, o gozo revelado, o gozo sentido. Ser carne, pulsar, revelar. Ser a fonte e o receptáculo do prazer. Extrapolar os limites e sentir o prazer. O desejo é humano, o deleite nos retorna à posição de animais.

Foto de Inês Nin

s/ título
Ana Beatriz Domingues

gosto
quando teu seio
encontra o meu
e nos multiplicamos
em bicos
y bocas

Renan Reis

salivo por sua água
farejo sua língua
à caça parto com
a minha carne

espreito as suas trilhas
lambendo a flora eriçada
gastando mantras cantos
sons que abram o mundo

até eu me tornar frestas
para você me penetrar
com seu grito úmido
e de uma vez por todas

eu ser um uivo no seu rio

O terceiro dedo
Diogo Luiz Yamanishi

I wasn’t born with enough middle fingers
marilyn manson

De noitinha, te chamo
travesseiro

& nenhum sobrenome aparente -

Daniel apenas.
Ou Danilo, Rodrigo, tanto faz.
Não há muita diferença
entre vocês.

Um suposto último cigarro
& a colcha dobrada,
metida entre
as pernas -

lá vai
o primeiro dedo:

fechando os olhos
sem disparar nomes;
o avesso das
pálpebras,
somente,

& prazer.

Prazer
pelo menos uma vez
por ano, por mês, por dia -

prazer de fuder
sem rostos, sem endereço,
sem interesse, sem perfil -

& lá indo
o segundo dedo
celebrando nenhum date,
marcando pontos
de encontro
no corpo

& cem por cento
aproveitado
em seus gostos
& dobras, cheiros
& pregas.

Há quem diga
que ando me fudendo
pra valer — e eu digo:
amanhã
há de ser melhor:
cinco dedos,
o punho inteiro,
metade do ante-braço,
quem sabe até essa colcha -

amanhã,
quem sabe,
te pego pelo pé.

Mas,
por ora,
teu nome cai por terra,
menos importante
que este terceiro dedo -

foi.

Helimar Macêdo


gozo
junto com vc
é?
é

--

--

algo deu errado
algo deu errado

poesia inesperada | poemas dos participantes do Curso Livre de Preparação do Escritor (Clipe) da Casa das Rosas, 2018