vozes

algo deu errado
algo deu errado
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2 min readJun 2, 2018

Somos vinte e oito vozes escrevendo versos.

I.
A difícil tarefa de descrever esse grupo.
(isso é possível?)

II.
Uma colagem de versos

for vazio de você
pela distração perfeita
ao entorpecimento do abismo
nem o resto da borra
E aquele todo encantamento.
galopando pela estrada de terra numa fé obstinada pela liberdade.
onde a chuva
arremedo de arrepio que transcorre a espinha
E não é que acabou o domingo?
dar o inspiro, certificar-se de que está
Pela guelra do peixe vislumbrei o rio
Construía para si a forma como os outros a viam.
salpicos que cirandam no fundo branco
Atenção senhores passageiros:
(porque chegar
atordoe-me
uma vez marcado na retina
(que não há)
Sem destreza dos pedreiros.
e me sorri.
Entre meus olhos e a instrumental turbulência das naturezas mortas.
não duvido,
a cada segundo na capital das pedras
por nenhuma chave.

*
(talvez esse poema anônimo, colagem de vozes, diga muito sobre nós)

III.
poema-colagem

Vinte e oito poetas.
Dizem que é preciso mastigar as palavras até que elas se tornem massa esculpível
ou que nos quebrem os dentes.

pela guelra do peixe vislumbrei o rio
onde a chuva
a cada segundo na capital das pedras
construía para si a forma como os outros a viam.

A concretude da cidade impõe aos corpos rigores, procedimentos. É preciso revirar o poema, realizar em seu ethos a transfiguração necessária para encarar o espelho com a garganta aberta.

Atenção senhores passageiros:
pela distração perfeita
dar o inspiro, certificar-se de que está
(que não há)

Todx poeta é um pouco bruxx.
(a palavra agora é um corvo)

Entre meus olhos e a instrumental turbulência das naturezas mortas
não duvido,
arremedo de arrepio que transcorre a espinha
galopando pela estrada de terra numa fé obstinada pela liberdade.

se eu te conto que enquanto dormes, escrevemos sobre vulcões, máquinas de café expresso, marriannes, senhas para gozar melhor
entre os dentes e suas rachaduras
Do I terrify?

ao entorpecimento do abismo
nem o resto da borra
porque chegar
sem destreza dos pedreiros
atordoa-me

E aquele todo encantamento. Aquele caos diáfano, quase mesquinho. Uma vez marcado na retina. salpicos que cirandam no fundo branco. A cidade me deixa míope, porque chegar é ver do abismo.

E me sorri

A pomba solitária do café da esquina

E não é que acabou o domingo?

*poema-colagem feito a partir de trechos de poemas (em itálico) dos vinte oito.

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algo deu errado
algo deu errado

poesia inesperada | poemas dos participantes do Curso Livre de Preparação do Escritor (Clipe) da Casa das Rosas, 2018