Algumas palavras sobre Madre Teresa e Caridade

Fabricio Pontin
Ensaio
Published in
2 min readSep 4, 2016

É difícil falar sobre a Madre Teresa. A maior parte das pessoas que quer criticar a atitude da Madre Teresa e as ordens de caridade da igreja, de forma geral, tem uma característica: zero de interesse por caridade ou pelos pobres.

(se sou franco preciso dizer que tenho relativamente pouco interesse de fato nas duas questões)

No entanto, algumas coisas são importantes de falar sobre objetividade e alocação de recursos e sobre onde você deve olhar se tu pretende ajudar os pobres. Por exemplo, tu pode te perguntar “eu devo doar para as Missionárias da Caridade?”

Se tu te importa com os pobres, a resposta é um grande: não.

As Missionárias da Caridade tem uma estratégia horrenda de combate a pobreza. É verdade que dar suporte aos pobres, caridade, e cuidado hospitalar, parecem coisas boas. Mas vamos para os fundamentos:

- A gente sabe o principal fator de combate a pobreza: Autonomia das mulheres. As missionárias da caridade tem um histórico horrendo nisso. Elas não dão suporte para QUALQUER método contraceptivo, e tem um histórico de boicotar suporte a políticas dessa natureza na Índia e no Paquistão.

- As missionárias da caridade acreditam que o sofrimento é bom. Isso é ok enquanto disciplina pessoal. Mas é questionável em termos de cuidado paliativo. O histórico dos hospitais administrados pelas missionárias da caridade é ruim. Denúncias de falta de uso analgésicos para paciente em fim de vida e de aceitação precoce da morte inevitável são múltiplos, e indicam um grau de sadismo dentro dos ambientes hospitalares administrados pelas Missionárias.

- As missionárias da caridade acreditam que pobreza é nobre, uma qualidade espiritual. Elas acreditam que pobreza pode levar a estados mais elevados — desde que não seja excessiva. Elas decidem o que é excesso ou falta de pobreza ou qualidade de vida com critérios metafísicos que simplesmente não podem ter lugar na esfera pública.

A biografia da Madre Teresa é impressionante, impactante e por vezes comovente. Mas ela não é um parâmetro de boa caridade, apenas de caridade boa. São coisas diferentes. Você talvez possa ter razões nobres para fazer alguma coisa, isso não significa que você faz essas coisas bem. E políticas públicas tem que ser pensadas friamente e sem comprometimentos metafísicos e espirituais prévios. As missionárias da caridade não são um padrão que a gente deve aspirar ou copiar.

Existem vários lugares que indicam boas organizações de caridade. Aqui um. Também existe bastante para ser dito sobre a efetividade de caridade como política pública, mas isso fica para outra hora.

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