8 Tendências de Sustentabilidade para 2022

Pedro Manuel Simões Fernandes
Aliados Consulting
Published in
7 min readJan 25, 2022
Photo by Isabela Kronemberger on Unsplash

Durante os próximos 8 anos, será inevitável uma cada vez maior mudança e preocupação no que concerne às alterações climáticas, antes que seja tarde demais e que seja atingido o “ponto de não retorno”. Em 2021, a COP26 veio reforçar várias medidas específicas e definir novos caminhos para alcançar as metas previamente estabelecidas para 2030. Os desafios para um crescimento e desenvolvimento sustentável continuarão a existir, porém, diversas práticas, associadas à inovação e investigação, ajudarão a colmatar algumas das falhas existentes que agravam esses mesmos desafios.

Desta forma, apresentamos algumas das tendências de sustentabilidade que marcarão os desenvolvimentos esperados para o ano de 2022:

#1 Veículos Elétricos

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A eletrificação do setor automóvel e dos transportes, é cada vez mais vista como uma inovação que veio para ficar. Na COP 26, foi assinada uma declaração com a meta de atingir a venda exclusiva de carros e carrinhas com zero emissões em 2040. Enquanto a Europa já começou a eliminar os carros com motores a combustão, com meta prevista até 2035, em todo o mundo, a compra de viaturas elétricas já ultrapassou os 10% do mercado de carros novos. Na Ásia, só no terceiro quadrante de 2021, foram vendidos cerca de 1 milhão de viaturas elétricas.

Em concordância com estes dados, a Índia, por exemplo, possui a meta de 100% veículos elétricos até 2030, o que provocará uma pressão na indústria de manufatura para utilização responsável de matérias-primas. O maior problema passará ainda pela capacidade de geração de energia de fontes renováveis para alimentar estes veículos.

#2 Investimento Climático

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Ainda que 2021 não tenha sido um ano diferenciador ao nível das políticas climáticas, foi o ano em que se atingiu um maior investimento em tecnologia climática. Em concordância com a tendência #1, as empresas de manufatura de veículos elétricos foram as que mais investiram neste tipo de tecnologias. 2021 foi também o ano em que se atingiu o recorde de investimentos em green bonds, bem como de fluxo de financiamento para estratégias institucionais ESG.

#3 Conformidade Climática

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É expectável que 2022 seja um ano marcante para a regulação e supervisão climática. Países como os EUA, estão a desenvolver estratégias de regulação, monitorização, revisão e orientação relacionadas com o clima para as empresas públicas poderem policiar o greenwashing e as falsas alegações ambientais. Neste sentido, a Task Force for Climate Related Financial Disclosure (TCFD) apresenta uma abordagem focada em 4 pilares para a divulgação e avaliação dos riscos associados ao clima:

  • Governança: a governança da organização associada às oportunidades e riscos associados ao clima;
  • Estratégia: os impactos atuais e potenciais dos riscos climáticos e as oportunidades de negócio, estratégia e planeamento financeiro da organização;
  • Gestão do Risco: os processos usados pela organização para identificar, avaliar e gerir os riscos associados ao clima;
  • Métricas e Metas: as métricas e metas usadas para avaliar e gerir os riscos e oportunidades relevantes.

A Diretiva da UE acerca do Relato de Sustentabilidade Corporativa e a nova Taxonomia para Atividades Sustentáveis, tornar-se-ão codificadas em mais leis este ano, em concordância com o plano F55 da EU, que tem como objetivo um corte nas emissões de gases de efeito de estufa em 55% até 2030, comparados com os níveis de 1990.

Com isto, em 2022 as organizações necessitarão de estreitar o seu rigor e a sua precisão quanto à sua comunicação e divulgação relacionadas com o clima e práticas de risco.

#4 Sustentabilidade como Ecossistema das Organizações

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À semelhança das tendências anteriores, é evidente que existe uma maior energia e design organizacional com o pretexto de elevar a sustentabilidade e criar uma abordagem mais abrangente dentro das empresas no que toca aos temas da sustentabilidade, responsabilidade social corporativa, ESG e envolvimento com os stakeholders.

Ao capacitar e criar mais comissões multifuncionais, ao contratar, formar e incorporar especialistas de sustentabilidade em toda a empresa, melhorando e destacando a sustentabilidade nas comunicações internas, aprendendo e desenvolvendo e centralizando a recolha de dados ESG e estruturas de reporte, as empresas com visão de futuro estão a centrar a sua marca e o seu negócio em torna de ações ambientais, propósitos e provas concretas de resultados positivos.

#5 Energias Renováveis cada vez mais baratas

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Os combustíveis fósseis, usualmente, eram muito mais baratos do que a energia de fontes renováveis, porém, esta tendência tem vindo a alterar-se. A energia eólica e a fotovoltaica tornaram-se 70% e 89%, respectivamente, mais baratas nos últimos 10 anos, estando previsto que ultrapassem a capacidade do carvão e do gás em menos de 5 anos. Neste momento, a energia fotovoltaica já é mais barata do que a proveniente do carvão.

As energias renováveis continuarão a tornar-se cada vez mais baratas, uma vez que os custos das tecnologias renováveis seguem uma curva de aprendizagem: ficam cada vez mais baratas à medida que aumentamos a capacidade.

#6 O Custo da Não-Ação Climática e da Ação Climática continuará a aumentar

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Nos últimos tempos, tem sido cada vez mais regular assistirmos a fenómenos de devastação, eventos climáticos extremos causados pelas alterações climáticas, incluindo incêndios florestais assoladores. Uma vez que estes fenómenos extremos têm sido cada vez frequentes em toda a parte do mundo, a necessidade e os custos da adaptação climática, resiliência e reconstrução continuarão a aumentar.

De um ponto de vista económico, a Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA), estima que a adaptação climática global requererá cerca de 131 biliões de dólares em investimento até 2050, abrangendo governos, empresas, fundos de investimento e consumidores. Contextualizando, em 2020 o PIB global foi de aproximadamente 85 biliões de dólares, significando que é necessário desviar cerca de 5% da atividade económica global, por ano, para as soluções climáticas, adaptação e mitigação.

#7 Produtos Sustentáveis como norma

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Os produtos sustentáveis estão cada vez mais nas tendências, graças à geração Z. Este esforço fará com que estes produtos se tornem mandatórios entre os consumidores nos próximos anos. Mais do que nunca, esta geração está consciente das alterações climáticas, da perda de biodiversidade e da responsabilidade para solucionar estes problemas. Estudos apontam que 54% destes jovens adultos entendem que os esforços ambientais e sociais das empresas são extremamente importantes para a compra de produtos e serviços. Esta geração está também a ganhar cada vez mais poder de compra, à medida que entra no mercado de trabalho, causando pressão às empresas para considerarem esta temática.

São esperados que os produtos que se tornam mais sustentáveis passem pela alimentação, — devido às elevadas emissões de gases de efeito de estufa, aumentando o consumo de uma dieta à base de plantas — pelo vestuário, — alterações do comportamento dos consumidores que escolhem marcas com práticas mais sustentáveis — e pelo estilo de vida — veículos elétricos, embalagens sustentáveis, digitalização do dia-a-dia, entre outros.

#8 Regresso de Soluções e Inovações baseadas nos Ciclos Naturais

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Os ciclos naturais e as práticas indígenas sustentáveis ganharão mais atenção em 2022, da mesma forma que reconheceremos muitas das melhores maneiras de restabelecer o equilíbrio do planeta, usando os seus próprios recursos.

Neste contexto, o cultivo de algas tem o potencial de, não só sequestrar carbono, como também providenciar matérias-primas para os biocombustíveis e outros bioprodutos. As algas podem ainda ajudar na redução das emissões de metano provenientes da pecuária. O uso de drones ajudará a monitorizar e cuidar de leitos de algas e ervas marinhas para criar ecossistemas alimentares sustentáveis ​​em torno de superalimentos como a espirulina. Também iniciativas de restauro de habitats naturais ajudarão a converter terrenos agrícolas pouco produtivos em zonas de sequestro de carbono e florestas.

Com isto, 2022 representa mais uma oportunidade de fazer mais e melhor no que concerne à sustentabilidade. É evidente que os esforços dos governos e empresas terão de ser cada vez maiores, devido à pressão exercida pelas massas. Porém, o investimento em inovação climática poderá colocar-nos cada vez mais longe do “ponto de não retorno”.

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Pedro Manuel Simões Fernandes
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