Comunidades Sustentáveis — Garantir o Crescimento de Sociedades Resilientes
O Desenvolvimento Sustentável é um termo que lemos todos os dias nos meios de comunicação, mas que nem sempre é claro o suficiente para sabermos como o colocar em prática. Ouvimos que a Sustentabilidade deve ser posta em prática por todos e para um bem comum, mas muitas das vezes ficam a faltar incentivos ou caminhos para o fazer.
O conceito de Comunidades Sustentáveis é capaz de nos dar resposta a essas questões. Este tipo de comunidades, não têm uma definição clara, mas na sua essência, referem-se a comunidades planeadas, construídas ou adaptadas que promovem um estilo de vida e uma forma de viver sustentável. Normalmente, focam-se na sustentabilidade económica e ambiental, infraestruturas urbanas, equidade social e geralmente são promovidas por uma governação municipal.
Uma Comunidade Sustentável pode persistir por várias gerações, contribuindo para um ambiente saudável, uma economia próspera e uma vida cívica mais ativa, sem nunca comprometer os seus sistemas físicos e sociais. Desta forma, uma comunidade deste género é capaz de:
- Reconhecer a necessidade de uma abordagem holística e a inter-relação dos problemas económicos, ambientais e sociais;
- Entender a relação sensível entre o ambiente natural e o ambiente construído;
- Alterar os seus comportamentos em prol da redução da poluição e da produção de resíduos;
- Considerar os impactos/custos ambientais, económicos e sociais de desenvolvimento das operações da comunidade;
- Compreender a importância dos seus ativos naturais, culturais, históricos e humanos, bem como dos seus recursos e atua de forma a protegê-los e enfatizá-los;
- Promover colaborações de multi-stakeholders com participação cívica;
- Promover a conservação de recursos e prevenção da poluição;
- Focar no melhoramento da saúde da comunidade e da qualidade de vida;
- Agir de forma a criar valor acrescentado aos produtos e serviços da economia local.
Para o Institute for Sustainable Communities, os elementos essenciais para uma comunidade sustentável dividem-se em 4 grandes áreas de foco:
- Liderança, compromisso cívico e responsabilidade:
- Igualdade de oportunidades para todos os indivíduos participarem e influenciarem as decisões que afetam as suas próprias vidas;
- Acesso adequado à informação pública;
- Um setor não-governamental viável;
- Uma atmosfera de respeito e tolerância para diversos pontos de vista, crenças e valores;
- Encorajamento de indivíduos e todas as idades, géneros, orientações sexuais, etnias, religiões e capacidades físicas a assumirem responsabilidades com base numa visão partilhada;
- Estabilidade política;
- Nunca comprometer a sustentabilidade de outras comunidades.
2. Integridade Ecológica
- Satisfação das necessidades humanas básicas por um ar limpo, água potável e alimentos nutritivos e não contaminados;
- Proteção e aprimoramento dos ecossistemas locais e regionais, bem como da diversidade biológica;
- Conservação de água, solo, energia e recursos não-renováveis, incluindo a redução máxima viável de resíduos, tal como a sua recuperação, reutilização e reciclagem;
- Utilização de estratégias de prevenção e tecnologias apropriadas para minimizar as emissões poluidoras;
- Uso de recursos renováveis, nunca acima do seu potencial de regeneração.
3. Segurança Económica
- Uma base económica diversificada e financeiramente viável;
- Reinvestimento de recursos na economia local;
- Maximização da propriedade local das empresas;
- Oportunidades de emprego significativas para todos os cidadãos;
- Fornecimento de formação profissional e educação capaz de ajudar a força de trabalho a se ajustar às necessidades futuras.
4. Bem-estar social
- Um fornecimento de alimentos confiável que otimize a produção local;
- Serviços de saúde adequados, habitação segura e educação de elevada qualidade para todos os membros da comunidade;
- Manutenção de um local seguro e protegido contra o crime e agressões;
- Promoção de um espírito de comunidade capaz de criar um sentimento de pertença, de lugar e de auto-estima;
- Estimulação da expressão criativa através das artes;
- Proteção e valorização dos espaços públicos e recursos históricos;
- Fornecimento de um ambiente de trabalho saudável;
- Adaptabilidade a novas circunstâncias e condições.
No mundo inteiro, é possível identificar diversas comunidades e cidades que já estão a fazer este trabalho de se tornarem mais sustentáveis em várias vertentes.
Copenhaga, Dinamarca
Em Copenhaga, atualmente, cerca de 50% da população vai a pé para o trabalho, ou utiliza a bicicleta para esse fim, poupando anualmente à cidade, aproximadamente 90.000 toneladas de emissões de dióxido de carbono. Os decisores da comunidade são o exemplo para a população, com 60% dos políticos a terem estes mesmos hábitos de transporte, promovendo também estilos de vida mais saudáveis. Com estes esforços, a cidade procura atingir o nível de zero emissões, tornando-se a primeira capital neutra em carbono até 2025.
A Dinamarca também está a fazer um caminho sustentável como país, especificamente na questão dos desperdício alimentar, reduzindo este fator em 25% por pessoa, por ano.
Friburgo, Alemanha
A cidade de Friburgo tem vindo a ser pioneira no conceito de “casa passiva”, em que não é necessário nenhum sistema ativo para manter a temperatura confortável. Enquanto algumas casas de campo consomem, anualmente, cerca de 6.000 litros de combustível para aquecer o seu interior, este tipo de habitação usa apenas 150 litros no mesmo período de tempo.
Estas construções têm um super-isolamento em espuma, com vidros triplos e vedados externamente. O ar fresco entra ao nível do teto e é sugado por um funil para que o calor do ar quente que sai, seja transferido para o ar frio que entra. Este sistema permite manter a temperatura quase sempre constante, evitando a necessidade de aquecimento, uma vez que o calor no interior pode ser gerado através de cozinhar, da iluminação e até de corpos quentes como os humanos ou animais de estimação. Por exemplo, um apartamento com estas características pode ser aquecido com a utilização de apenas 30 velas.
Curitiba, Brasil
Com 52 metros quadrados de espaço verde per capita, Curitiba é a cidade mais “verde” do mundo. Os seus parques têm uma função ecológica importante. Grande parte dos 400 quilómetros quadrados de parques, atuam na gestão naturalizada e descentralizada das águas pluviais da cidade, evitando que seja necessário canalizar os rios entre muros, numa tentativa de controlar as águas, como é feito em várias outras cidades.
A cidade de Curitiba capacita também a sua população a manter a cidade limpa através de programas em que é possível trocar lixo e produtos recicláveis, por bilhetes de autocarro, alimentos, ou mesmo dinheiro. Estes programas permitem que a cidade se mantenha extremamente limpa, oferecendo incentivos para que a população respeite e cuide do ambiente envolvente onde vive.
Estes exemplos refletem, principalmente, as vertentes ecológica, de responsabilidade e de bem-estar social que são necessárias para a concretização das comunidades sustentáveis. Porém, as restantes vertentes não devem ser descoradas e têm igual importância no que toca à criação de sociedades justas, inclusivas e estáveis.
Assim, é possível adaptar as comunidades existentes para um desenvolvimento que seja sustentável, bem como é imprescindível dar oportunidades de crescimento a sociedades emergentes, garantindo que este seja inteligente e sustentável. Os incentivos e decisões devem partir das entidades governamentais locais, mas a população, especialmente os indivíduos em si, devem ser os agentes da mudança.
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