O importante papel das PMEs para atingirmos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Pedro Manuel Simões Fernandes
Aliados Consulting
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4 min readJun 30, 2020
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Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), adotados em 2015, são cada vez mais a referência para a Sustentabilidade das empresas, um pouco por todo mundo. No entanto, ainda existe um elevado número de instituições que não conhecem ou não medem o seu impacto, nos indicadores definidos.

O sucesso dos ODSs requer um esforço abrangente e combinado pelos vários atores da economia, desde grandes empresas e sociedade civil até empreendedores e pequenos negócios. As Pequenas e Médias Empresas (PMEs), têm aqui um papel essencial, ainda que muitas vezes, se afastem destas discussões, pela ideia de que os ODSs foram criados para a realidade das grandes instituições internacionais, organizações do 3º sector ou empresas maiores, por se achar que apenas estas conseguem ter impacto. Ainda assim, é necessário entender que as PMEs contribuem para a cadeia de abastecimento das grandes empresas e são um suporte para a economia. Em 2018, as PMEs representavam 99,9% do total de empresas em Portugal, mostrando a sua importância na economia portuguesa, nas exportações, no mercado de trabalho e na sustentabilidade. Contribuem também para o desenvolvimento económico e empregabilidade, pois segundo dados da OCDE, as PMEs representam 70% do total de empregos.

Com isto, é crucial que as PMEs se aliem nesta transição para um futuro mais sustentável.

As PMEs dada a sua dimensão, têm por vezes falta de recursos para estruturar uma resposta integrada à questão da sustentabilidade. No entanto, é importante reconhecer que pequenas intervenções que reduzam o impacto negativo da empresa, como a redução das emissões de carbono ou a incorporação de desperdício nos processos produtivos, podem representar uma redução de custos.

Accionar osODS pelas PMEs

Este processo começa por analisar e conhecer os 17 diferentes ODSs e identificar os 2 ou 3 que se relacionam mais com a empresa e que podem ser usados para impactar um determinado público-alvo, ou até mesmo stakeholders. A dimensão das PMEs permite que este processo de implementação de novos princípios seja mais rápido do que em grandes empresas, tornando também mais fácil o processo de empreender inovação e medir esses impactos.

O processo de priorização dos ODSs não significa que certos ODSs são mais importantes do que outros, mas sim que existem objetivos nos quais a empresa pode representar maior impacto e que esses devem ser as prioridades para integração na estratégia da empresa.

O segundo passo é criar ações prioritárias e processos que apoiem os ODSs selecionados. Empresas, com menos experiência ou ainda no início deste processo, devem começar com ações mais simples e concretas como eficiência energética, poupança da água, entre outros. Por exemplo, no caso da empresa priorizar o ODS 12 — Consumo e Produção Responsável, este inclui como meta a redução da produção de desperdício através da prevenção, redução e reciclagem até 2030, uma simples auditoria permite entender onde estão a ocorrer os gastos, qual é o desperdício relacionado com essas perdas e o que é possível fazer para o prevenir. Estas são as etapas iniciais para desenvolver um plano que permite redução de custos, visto anteriormente como uma das prioridades das PMEs.

Uma vez implementadas estas ações e processos e após tornarem-se parte da cultura da empresa, é necessário uma avaliação do progresso destas medidas e se estão a ir de encontro às metas presentes nos ODSs selecionados. Esta medição deve ser tanto qualitativa como quantitativa e em comparação com os dados definidos nas metas de cada ODS de forma a ser mais clara a avaliação do impacto.

Por fim, as PMEs devem comunicar o âmbito das ações que tomaram e qual foi o impacto. Uma comunicação interna é importante de forma a melhorar a realocação de recursos e integração da estratégia para os ODSs no modelo de negócio da empresa. A comunicação externa, principalmente para stakeholders, promove um compromisso maior destes para com a performance da empresa e áreas a melhorar.

Assim, este é apenas um dos possíveis caminhos para que as PMEs consigam afirmar-se na área da sustentabilidade e assumirem-se como dos principais atores neste processo para o desenvolvimento sustentável. Quando as PMEs começarem a medir os seus impactos na sustentabilidade e a incorporarem nos seus modelos de negócio, irão certamente diferenciar-se, tornando-se um novo alvo para consumidores, que cada vez mais, procuram negócios responsáveis com um propósito sustentável.

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Pedro Manuel Simões Fernandes
Aliados Consulting

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