Sênior em 3 anos: Mercado carente ou competência?

Aline Souza
Aline Souza
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3 min readSep 1, 2021

Dias atrás estava navegando pelo LinkedIn e me deparei com um texto questionando (e até, de certa forma, zombando) uma pessoa que se candidatou para uma vaga de sênior tendo apenas 3 anos de experiência.

Conforme eu fui lendo os comentários, foi me causando um misto de sentimentos: Ao mesmo tempo que eu fiquei desconfortável com o texto em tom de sarcasmo, comecei a ter insights da Síndrome do Impostor, afinal, eu também ocupei minha cadeira de sênior com apenas 3 anos de experiência em desenvolvimento Android.

Síndrome do impostor é quando você passa a duvidar das suas realizações, e questionar se merece mesmo o que conquista. Leia mais sobre aqui.

Seria eu uma fraude? Uma desenvolvedora criada pelo mercado de trabalho, por simples carência de profissionais ou eu realmente merecia o título que me foi dado?

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A problemática

Quase todos os dias leio notícias de que o mercado de TI está carente de profissionais. Mas todos os dias que abro meu LinkedIn, vejo pessoas em busca da primeira oportunidade, seja como júnior ou estagiário(a). E é nesse momento que percebemos que o mercado está realmente aquecido, mas para quem é pleno ou sênior.

E para tentar suprir essa necessidade, algumas empresas estão "descendo a régua", ou seja, uma pessoa que, muitas vezes, não está totalmente preparada para assumir as responsabilidades de um nível superior, acaba sendo contratado(a) pois "precisam fechar a vaga".

Então é carência do mercado?

Nem sempre. O que mencionei acima realmente acontece, demonstrando uma séria carência de profissionais no mercado (alô empresas, invistam nos iniciantes também!). Mas nem todas as empresas fazem isso, e é aí que geralmente, entram três situações que podem levar um profissional a alcançar um maior nível de senioridade em um menor prazo.

  1. Senioridade é uma métrica volátil: Eu posso ser sênior onde trabalho hoje, mas em outra empresa, posso ser pleno. Já em outra, posso ser especialista. Tudo depende de como a empresa avalia seus profissionais durante a entrevista e dos requisitos necessários.
  2. Bagagens anteriores: Como eu disse, tenho 3 anos de experiência com desenvolvimento Android. Mas isso não significa que estou somente a 3 anos trabalhando. Antes disso, passei 5 anos como backend, ou seja, tenho 8 anos de experiência. E essa experiência anterior não é descartada somente por que mudei de stack. Ela me fez crescer, me fez experienciar outros projetos, me fez evoluir. O mesmo vale para quem está em transição de carreira. Se você está a 3 anos atuando como desenvolvedor(a), mas antes trabalhou 5 anos como designer, por exemplo, essa sua experiência não será desconsiderada. Você com certeza adquiriu muitos conhecimentos que são úteis em sua nova jornada.
  3. Dedicação: Digamos que você nunca trabalhou antes. E em sua primeira experiência participou de diversos projetos importantes, que lhe deu diversas oportunidades de aprendizado, e ao mesmo tempo, estudou muito para evoluir. Vou duvidar que em 3 anos você possa ter se tornado um sênior? Jamais. Já vi pessoas que atuam anos na mesma tecnologia, e que nunca se preocuparam em olhar para o que o mercado precisa para se manter atualizado.

Além do tempo, conhecimento

Com os 3 pontos acima em mente, independente de qual deles você se encaixe, confie em você. Se você passou por todo um processo seletivo, foi transparente sobre seus conhecimentos e ainda assim, a empresa te classificou como sênior, aceite seu título. E o inverso também é válido: Se você está a algum tempo trabalhando e ainda não se sente confiante em assumir tal posição, ou ainda não conseguiu avançar mais esse passo (seja com promoção ou outro processo seletivo), não se preocupe.

A vida não é uma corrida, respeite seu processo e continue progredindo, estudando e absorvendo o que conseguir das experiências por onde passar. Não é uma corrida de quem consegue uma posição de sênior em menor tempo. Tudo bem conseguir com 3 anos. E tudo bem também conseguir com 10 anos de experiência. O importante, de fato, é a diferença que você pode fazer em um projeto, independente do seu título.

Para quem quiser discutir sobre esse tema ou qualquer outro que achar pertinente, me chame no LinkedIn.

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Aline Souza
Aline Souza

Desenvolvedora Android, apaixonada por tecnologia, e aprendendo todo dia um pouco mais! Code like a girl :)