O ano é 2099

Aline de Campos
@alinecampxs
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3 min readMay 9, 2020

O ano é 2099. Faz exatos 13 anos que o Partido Tal está no poder (por segurança, seu nome é evitado). É o segundo mandato de um clã que efetivou uma drástica mudança política — brasileira e latino-americana, afinal o controle do sul da América está nas mãos deles. Estados Unidos? Quem viu creu! Nunca mais foi o mesmo depois que as decentes Obama intercalaram-se no poder e cederam ao comunismo. Ampliação do Obama Care, menos investimento em armas. Políticas de equidade racial, universidades públicas e gratuitas, menos recurso para envolver-se em questões externas. O país sequer lidera mais o ranking mundial de cirurgias plásticas. Agora, o que era referência também em fast-food, substituiu o frango por grão de bico. Acredita que somente agora aquele discurso da meritocracia faz sentido? Alimento, educação e saúde igual para todos. Ah! Todos os estados aboliram a pena de morte. É, mas voltando para o Brasil… os netos Gagliasso Ewbank uniram-se aos Di Caprio e à família Thunberg na bandeira verde. Partido Tal instaurou mandatos de 10 anos, não mais 4. A reeleição não tem limitações. Se não me engano, estes dois mandatos estão na mão de um descendente de quinto ou sexto grau dos Lula da Silva. Depois do mandato de Messias e de dois mandatos do apresentador do Caldeirão — ah! Esse desbancou aquele gestor que acelera, sabe aquele que parecia o Ken humano? Então, loucura, loucura, né?! -, algumas coisas foram mudando. Mas vou pular essa parte porque passaram-se décadas até o golpe comunista ser efetivado no país. Evitando fake news, se é assim que ainda chamam, prefiro não especular certos detalhes, afinal, não tive tempo de viver tudo. Luís Inácio nunca se elegeu de novo. O sítio de Atibaia virou museu da esquerda marxista, patrimônio cultural! Meu filho — ainda bem — não teve filhos. Não tenho descendentes próximos para experienciar esse período da história. Ainda nosso país tem uma maioria de negros, que hoje estão no poder graças a ampliação do sistema de cotas e da guerra de raça e classe forjada por essa mesma esquerda. Acredita que hoje negros são minoria no sistema carcerário e maioria em universidades? O aborto foi legalizado. O que aqueceu o mercado de trabalho na área da saúde já que a demanda cresceu. Maconha legalizada. Igrejas pagando impostos. Grandes fortunas não só taxadas, mas também repartidas. Por tudo isso, a economia agradeceu. Não se vê mais crianças pelas ruas nem pais presos por não pagar pensão. A sexualização nas escolas fez com que mulheres explorassem seus desejos e que homens abrissem mão daquela masculinidade que os impedia de conhecer os prazeres da próstata. Ah! Não existe mais importunação e assédio porque todos têm medo de “paquerar”. Você deve estar se perguntando sobre a homossexualidade, né? A doutrinação não pegou. Como antigamente a gente só via na TV casal hétero e ainda assim existia homossexualidade, o inverso acontece! Muito gay na TV, muito hétero nas ruas — só que com tendências mais “delicadas”. Também o pessoal está mais livre, chamam de sexualidade fluída. Menos rótulos, menos amarras. Mais diversão. Kit gay nunca acharam. Abstinência sexual ninguém nunca ouviu falar. Contando isso daqui de onde vejo, mesmo sem saber onde estou, não consigo fazer ideia de como seria a história se os descendentes de Messias tivessem emplacado no poder com suas tendências militares e tal. Só sei que eles não estão aqui, neste espaço em que me encontro, nem Luís Inácio. A única certeza que tenho é a de que o verdadeiro Messias ainda não voltou.

02 de março, 2020

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Aline de Campos
@alinecampxs

Jornalista, mestra em Ciências Sociais. Pesquisadora de relações raciais e de gênero, política e ativismo nas redes sociais. -> Contato: alinecampxs@gmail.com