Antagonista
Tem vezes que me sinto tão sozinha, mas tão sozinha, que gostaria de ter um inimigo. Alguém que genuinamente estivesse monitorando cada passo meu, cada passo a fim de me destruir.
Eu teria algum mínimo de importância para alguém, afinal de contas.
Não seria nada mal ter um antagonista e escrever minha obra baseada em suas peripécias e obsessões. Minha vida anda muito chata. Sinceramente não tenho motivação para estar aqui.
Mas a minha grande inimiga sou eu mesma. Anda tão chato que não me saboto mais. Cansei de me maltratar, já fazem anos. Não consigo fazer nada. Nem ser minha inimiga.
Como dizia meu favorito, “nunca serei nada”. Mas tenho em mim todas as mazelas de uma jovem do século 21 que antes não tinha nada e agora tem tudo de um jeito que não existe. Sofro em saber que só daqui uns anos vamos entender que geração estranha foi essa em que vivemos.
Se ao menos meu inimigo declarado me fizesse um estímulo para sair dessa inércia.