Fonte: Divulgação/Rede Globo

Resenha — Justiça (Brasil, 2016)

Aline Haar
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Justiça é uma das obras introdutórias de Manuela Dias, atriz, autora e novelista hoje contratada pela Rede Globo. Consiste em uma minissérie de 20 capítulos, exibida no ano de 2016 e na faixa horária chamada popularmente de “novela das 23h”.

Ambientada no Recife, a trama se desdobra em quatro: temos quatro núcleos principais, onde acompanhamos a temática da justiça surgindo e emaranhando-se entre os habitantes daquele local.

Manuela Dias ficou mais conhecida ao ganhar sua primeira oportunidade na escrita de novelas: Amor de Mãe (2019–2021), além de ser um marco para as novelas em geral — já que foi interrompida pela pandemia de COVID-19 e infelizmente culminou em um final enxugado, foi também sua estreia e sua “cara a tapa” no formato.

A dobradinha Manuela e José Luiz Villamarim (direção artística) em Justiça trouxe um frescor estético que impressionou e atraiu um público mais interessado na proposta de narrativas mais densas do que o habitual. Justiça vem na carona e se junta a obras como Verdades Secretas (2015 — de Walcyr Carrasco, com continuação confirmada e até impressa) e Onde Nascem os Fortes (2018) — que têm em comum a estética e o horário, estas últimas consideradas superséries.

Sobre a história de Justiça, tem trama para todos os gostos: o núcleo rico, o núcleo não tão privilegiado, tramas amorosas complexas, injustiças e reviravoltas por vezes chocantes (por talvez terem alguma base no real). A escolha de um ponto como Recife também traz um frescor de não termos a mesmice da Liberdade ou das praias do Rio, o que torna a obra mais interessante.

Destaques positivos no elenco: difícil. Até de quem você não espera as atuações são acertadas. Jesuíta Barbosa como Vicente e Débora Bloch como Elisa já valem o seu tempo. O núcleo de Leandra Leal também é divertido de assistir. Temos também Adriana Esteves, excelente no papel de Fátima. Não é uma série de colocar de fundo e ir lavar a louça; ela exige atenção, pois as narrativas se cruzam o tempo inteiro.

É interessante notar também as aberturas de cada episódio. Cada dia trazendo uma imagem diferente.

Enfim, recomendo muito essa minissérie. Qualidade, boas estruturas narrativas, grande elenco, e sem aqueles clichês de série gringa, ou pressa em entregar a história. Foi indicada nas categorias de melhor série dramática e melhor atriz (Adriana Esteves) no Emmy Internacional. Está disponível na íntegra para assinantes do Globoplay.

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Aline Haar
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Entre textos de sentimentos e crônicas sobre a produção humana, volto às boas com a arte de escrever. Entusiasta das letras.