Por que inovamos tão pouco?
Esta pergunta também foi título de uma matéria publicada a algum tempo no site da Folha de São Paulo. O texto aborda o como a produção científica brasileira gera cada vez mais artigos por ano, porém são poucos os pedidos de registro de novas patentes à OMPI (Organização Mundial da Propriedade Intelectual).
Em 2012, os EUA entraram com 50 mil novos pedidos; China, 17 mil; Coréia do Sul, 11.000. No Brasil foram pouco mais de 600.
Este fato contrasta com outro: nossa criatividade voltada ao mercado é dita como referência mundial. Quem não me deixa mentir é o Relatório de 2010 do Global Entrepreneurship Monitor, que aponta o Brasil como o mais empreendedor dos países do G20.
Os principais obstáculos (pelo menos os mais conhecidos) para esse fenômeno são: a pouca comunicação entre as universidades e as empresas, o baixo investimento público e privado e a burocracia trabalhista e fiscal que esgota recursos que poderiam ser destinados a laboratórios e cientistas.
Mas, a matéria cita como uma das principais justificativas o fato da inovação brasileira ser do tipo “adaptação criativa”, não a schumpeteriana “destruição criativa”, que reinventa setores e inaugura ciclos econômicos. Será verdade?
Sobre a destruição criativa
Segundo Joseph Schumpeter, o verdadeiro processo de inovação acontece quando novos produtos destroem velhas empresas e antigos modelos de negócios. Para isso estabelece cinco casos, sendo eles:
- A introdução de um novo bem;
- A introdução de um novo método de produção ou comercialização dos ativos existentes;
- A abertura de novos mercados;
- A conquista de uma nova fonte de matérias-primas;
- A criação de um novo monopólio.
A palavra “destruição” não soa como algo agradável, mas muitas vezes só resolvemos um problema quando jogamos tudo fora e começamos do zero. O mesmo acontece para iniciar uma mudança no mercado.
Se você ver bem, as tecnologias realmente destroem, ao mesmo tempo em que criam. Cada nova tecnologia destrói, ou pelo menos diminui, o valor de velhas técnicas. O novo produto ocupa o espaço do velho e novas estruturas de produção destroem as antigas.
E no Brasil?
Sabemos que a sobrevivência de uma empresa provém principalmente da sua capacidade de adaptação. Mas, apenas “adaptar-se” também pode ser caminho para a obsolescência e a perda de competitividade.
As empresas brasileiras são mais criativas do que inovadoras. Dá até para entender o porquê: a lógica da inovação por destruição é como uma onda. É melhor surfa-la do que ser derrubado por ela.
Porém, muitas empresas acabam por acomodar-se à fase de adaptação criativa e deixam de lado a “inovação de ruptura”.
A questão é: com todos os obstáculos citados (e tantos outros que não foram), como fazer da inovação uma atividade constante no mercado brasileiro? Como podemos aproveitar as mudanças tecnológicas e introduzir processos que transformam a economia?