tempos sombrios

Allenylson Ferreira
allenylson ferreira
2 min readSep 10, 2021

vivemos tempos sombrios, como aprendi em Harry Potter. engraçado que, hoje, muito daquilo que li na saga da autora britânica encontra ecos, assustadoramente, no que está acontecendo atualmente em nosso país. claro, com suas devidas proporções, que são mais amenas que a crise política e moral do mundo bruxo. lendo o quinto livro da saga, Harry Potter e a Ordem da Fênix, a maior parte do mundo bruxo não quer acreditar que Voldemort voltou e está se preparando para tomar o poder a qualquer custo. o ministro da magia, o profeta diário, amigos e colegas de Harry, os pais dos alunos de Hogwarts, enfim, há toda uma manobra estratosférica para fingir que tudo está na mais perfeita ordem.

voltando ao mundo real e brasileiro, vemos também uma grande quantidade de pessoas que negam a crise moral e política em que estamos, encabeçada — ou melhor dizendo, agravada — pelo chefe do executivo. muitos, assim como na saga do bruxo, culpam aqueles que veem o quão grave as atitudes e falas do PR tem sido, e dizem que tudo não passa de uma mera narrativa, conto de fadas, et cetera.

o PR tem incitado grupos a agirem fora daquilo que é moral e ético, apenas por vaidade e loucuras de sua cabeça. tendo-o como líder, esses grupos estão dispostos a tudo — e quando falo tudo, é de forma literal. não sei qual feitiço o PR usou nessas pessoas para que elas sejam tão cegas e fiéis, quando nem mesmo ele está disposto a tudo.

usando de forma egoísta os medos que muitos têm, o PR assim controla a narrativa de que ele é o ungido e salvador da pátria. não é. olhando em retrospecto, sinto-me envergonhado pelo apoio dedicado a essa figura inarticulada. sim, não tenho receio de assumir erros. mas não consigo entender como, depois de tantas e tantas provas de sua falta de preparo e da falta de um intelecto robusto, milhões ainda sigam fiéis, mesmo que escondidos, ao PR — sim, ao PR e apenas ao PR.

temo que nunca superemos esse hábito de veneração a figuras políticas. um povo que, infelizmente, não conhece a sua própria cultura e seus literatos, é um povo refém do populismo — como no passado, e agora. falta-nos, sobretudo, cultura.

não é por acaso que a cultura é tratada com tanto descaso…

a maldição Imperius, pelo visto, está sendo amplamente usada. quem lê, entenda. a melhor arma a ser usada é nos empenharmos ainda mais em nossos trabalhos, seja como escritores, artistas, músicos, et cetera, para que deixemos uma herança cultural para a posteridade que sobreviva a este mar de trevas que submerge muitas mentes brasileiras. nossos esforços podem parecer nulos, mas prosperarão — é a nossa esperança.

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