Ah, programar é difícil, não é pra mim…🤦♂️
Se você é mais um dos inúmeros seres humanos que um dia na vida decidiram (ou ao menos gastaram alguns minutos de Google pensando nisso) cursar ciência da computação ou relacionadas — o foco era virar programador(a), afinal — e, num belo dia após tantas bordoadas em telas pretas cheias de letras verdes e, em sua maioria ininteligíveis, você desistiu… bem, seja bem-vindo(a)! Talvez ainda haja esperança.
Ah, programar é muito difícil, não é pra mim…
O lado bom desse artigo é que, ao contrário do que esperam ao ler o título — isto é, que eu contradiga-o — na verdade, o reafirmo.
Programar é, de fato, difícil. Mas não mais difícil que muitas outras coisas comuns.
Sendo bem realista (e clichê), tão difícil quanto foi um dia aprender a andar de bicicleta com a diferença seleta de que, naquela época, se eu não aprendesse só teria me custado alguns pedaços de pele a menos. E não uma carreira, aquilo que eu decidira seguir pelo resto da vida.
E aí você imediatamente se põe a retrucar: — Ah, mas andar de bicicleta é muito fácil, trivial. Não é uma comparação justa.
E é aí onde se engana, meu caro companheiro. Já tentou ensinar um adulto a andar de bicicleta? Ou de patins, ou a nadar? Senão, pergunta a alguém próximo a você, todo mundo sempre conhece alguém assim. Você vai se surpreender com a quantidade que desiste logo após as primeiras tentativas (ou os que sequer tentam).
Ok, ok. Talvez eu deva adicionar algum ônus às complexidades que a programação carrega, muito mais pela associação à matemática ou às ciências exatas (e o enooooorme esteriótipo atrelado a elas), do que por ser difícil em sua natureza.
Voltando aos adultos. Temos uma tendência natural a achar que algo não é para nós. Minha mãe passou anos com medo de viajar de avião, porque achava que tudo nesse processo envolvia coisas que “não eram para ela”: pesquisar passagens, pagá-las, o traslado pré e pós voo, até a roupa que ela ia ter que vestir… E, mais incrível ainda, mesmo após voar a primeira vez, e tendo adorado a experiência, muitos desses achismos se mantiveram por um tempo. Já vem meio que “programado” dentro da gente… olha que ironia!
Quando você é moleque, o mundo é seu playground. Você é tudo, menos temeroso. Dessa forma, é fácil aprender qualquer coisa. Somos sedentos por novas experiências, estamos o tempo todo devorando novos conceitos e assimilando o que é e há no mundo.
Desafia uma criança a programar (de uma forma minimamente lúdica, em que ela possa compreender e se divertir ao longo do processo). Se essa mesma criança gostar de criar coisas com Lego, de jogos de tabuleiro ou atividades que lhe faça raciocinar, ela certamente gostará de programar. É como jogar videogame, ainda não há o peso do dinheiro, carreira, pressão por performance/sucesso, etc. que nos enfiam goela abaixo quando vamos crescendo. Por isso é tão difícil aprender a andar de bicicleta quando adulto, quando não se tem mais tempo, os amigos de outrora, ou diversão naquilo.
E o mesmo acontece com o código. Se não tiver um sentido, é só um emaranhado de comandos que mandam uma máquina fazer algo, e te rendem algum dinheiro no fim do mês. Daí você odeia seu emprego, se sente uma merda de não realizado, aquelas coisas todas da crise do Fantástico.
Mas, por que você quer programar?
Pra essa pergunta você deve MUITA sinceridade. Leia essa frase de novo, em voz alta, por favor!
Obrigado.
Não é a mim que deve essa resposta. É a si mesmo(a)!!
E eu a pergunto pela melhor das intenções. Quando adultos, temos uma predisposição natural (acho até que evolutiva) a querer uma vida de sucesso. Normal. O problema surge quando essa mesma pessoa associa a palavra “programação” a “vou entrar nessa área, ganhar muito dinheiro, comprar minha casa, meu carro, viajar todo ano e, ah… é claro, ser feliz!”.
De boa intenção, o 1º semestre das faculdades de computação está cheio
Existem inúmeras respostas a essa pergunta.
Você pode, por exemplo, querer entrar na área como um trampolim para
- um outro objetivo maior, pra salvar uma grana e abrir um negócio
- ou galgar outra carreira uma vez que estiver lá, como gestor ou coordenador de projetos
- ou fazer contatos para um projeto futuro, networking, etc.
Se a resposta sincera a que chegar te afirmar com certeza que desejas seguir em frente. Então, simbora!
É mais difícil começar do que programar
Aquele velho medo. E se não der certo? E se eu gastar tanto tempo e dinheiro da minha vida numa carreira que não é pra mim? E se depois eu não conseguir achar o que gosto mesmo de fazer? E se todas as bombas nucleares explodirem de uma vez ao mesmo tempo? 🤔
Você não precisa necessariamente sair já comprando o próximo passaporte de 4 anos para uma linda história de graduando. Existe uma quantidade absurda de informação, vídeos, cursos e conteúdo relacionados à programação que podem ser consultados antes dessa empreitada. É só não se desesperar.
Faça o teste. Tente programar, antes de programar. Que filosófico eu.
Sério. Tente fazer seus primeiros algoritmos, entender um pouco melhor de lógica de programação, se esforçar por si só (com a ajuda da Alta Luna, é claro! 😏) para galgar os primeiros passos e, dessa forma, analisar se isso é realmente pra você.
Já adianto, por experiência própria, que a maioria das pessoas desiste não por que seja difícil, mas porque não trilharam um bom caminho de descoberta, não foram bem guiados, instruídos no início. E não que a Alta Luna vá ser essa solução mágica (mentira, vai sim), mas ter a sorte de escolher uma boa fonte de onde irá extrair as informações de que precisa, principalmente quando se está começando, faz toda a diferença.
É mais difícil persistir do que começar (e do que programar)
Aí você está lá, há alguns meses lutando bravamente contra as correntezas dos algoritmos e linguagens de programação, resistindo ao demônio da procrastinação que oferece Netflix há cada minuto, usando os últimos resquícios de neurônios para não sucumbir à abstinência de smartphone e redes sociais… quando, simplesmente, você morre. E o pior, looooonge da praia!
Pois é, persistir é mais difícil do que programar. Parece uma contradição, mas não é… porque você não se deu o tempo suficiente pra osmose do aprendizado acontecer. Leva tempo mesmo, não tem jeito.
Ainda lembro da quantidade enorme de horas que passava olhando para linhas e linhas de código e não conseguia entender, até que, depois de um bom tempo, passava a fazer sentido. Era aos poucos que meu cérebro ia absorvendo aquilo, eu só não percebia.
Não se deixar levar pelo imediatismo. Cê entendeu né?
Toma um outro exemplo: aprender outra língua. Quantas vezes não dizemos a mesma coisa? Ah, isso não é pra mim, é muito difícil. E aí, um dia, você aprende (ou, ao menos, conhece alguém que um dia, finalmente, aprendeu).
Pra não me demorar muito mais, vou deixar aqui contigo o que pode ser seu primeiro algoritmo (espero, sinceramente, que de muitos outros):
se eu começar então
enquanto eu persistir então
uma hora eu aprenderei
senão
já sabe né...