Aves da Amazônia
A Amazônia é um dos biomas brasileiros com maior biodiversidade. Localizada na região norte do Brasil, ela abrange uma área de 5 milhões de km², o que equivale a 56 % do território brasileiro. A floresta ainda se prolonga por seis países, totalizando uma área total de 7 milhões de km². O bioma é rico em recursos naturais, espécies da flora e fauna e também em culturas humanas. Dentro dessa biodiversidade, só para aves, estima-se que existam cerca 1.300 espécies registradas, segundo dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio, 2022).
As aves amazônicas incluem desde pequenos beija-flores a majestosas águias. A região Amazônica possui uma diversidade em tipos de vegetação, podendo ser floresta densa, floresta firme e igapó que oferecem recursos como alimentos, abrigo e acesso a água. Muitas aves habitam esses ambientes, desde os pássaros que vemos voando por cima da copa das árvores até as aves terrestres que possuem a capacidade de voo limitada, com algumas nem conseguindo voar. Algumas aves são exclusivas de habitats específicos, como as aquáticas, que dependem de ambientes úmidos para sua reprodução, alimentação e descanso. Essa grande diversidade de aves se dá inclusive pelos diferentes ambientes que elas habitam, pois os ambientes diversos permitem que espécies com diferentes características e hábitos possam existir, sendo por exemplo aves aquáticas, arborícolas e de terra firme.
Características gerais das aves amazônicas
As aves possuem características marcantes como as suas cores vibrantes, canto melodioso, habilidades de voo e tamanhos variados, que acabam chamando atenção. Temos aves que possuem o seu canto alto e expressivo, se destacando pela sua intensidade, volume e alcance sonoro. Como por exemplo a araponga-da-amazônia (Procnias albus), que tem uma vocalização metálica e estridente, podendo ser ouvida de 3 até 5 km de distância. Encontramos também aves extremamente grandes, como por exemplo, o urubu-rei (Sarcoramphus papa), que possui uma envergadura de asas de até 2 metros de comprimento.
As várias espécies realizam diversas atividades ecológicas importantes para o funcionamento dos ecossistemas, como a polinização de plantas, dispersão de sementes e controle de pragas. Na região Amazônica se encontra uma variedade incrível de espécies, como os pequenos beija-flores, tão pequenos que muitas espécies têm 6 a 12 cm de tamanho com apenas de 2 a 6 gramas de peso. Com seu bico longo e uma grande mobilidade entre as árvores, são ótimos polinizadores, chegando algumas espécies a visitarem mais de 2.000 flores por dia. Além dos pequenos polinizadores, outro tipo comum que a região Amazônica abriga, são as aves necrófagas, que se alimentam de animais mortos. Essas aves possuem um papel importante para decomposição e ciclagem de nutrientes, algumas espécies como os urubus apresentam a capacidade de localizar carcaças de animais mortos a quilômetros de distância. Portanto, desde aves polinizadoras e necrófagas, cada uma é essencial na preservação e equilíbrio da rica diversidade da região.
A diversidade de aves também se manifesta na variedade de hábitos de vida das aves que vivem nessa região, desde espécies que vivem exclusivamente no solo a outras que só usam a copa da floresta. Dentre algumas aves que vivem no solo, a jacupiranga (Penelope pileata) se caracteriza como uma ave quase exclusivamente vegetariana. Enquanto o gavião-real (Harpia harpyja) por outro lado, frequenta preferencialmente as copas das árvores e tem uma alimentação carnívora que consiste em se alimentar de outros animais, como preguiças, aves e até macacos. A variedade de hábitos, tamanhos e alimentação contribui enormente para que o ecossistema se mantenha em bom funcionamento onde espécies de aves atuam em quase todos os níveis das cadeias alimentares.
Ameaças as aves da Amazônia — Aves em risco de extinção
Infelizmente, hoje muitas aves amazônicas sofrem com o risco de serem extintas. Entre suas principais ameaças estão o crescimento do desmatamento, a caça, a comercialização ilegal e o aumento drástico da perda do seu habitat. Segundo o ICMBIO, em 2018 houve uma avaliação de que pelo menos 65 espécies de aves estavam ameaçadas de extinção no bioma amazônico. Sendo algumas delas a azulona (Tinamus tao) e aracuã (Ortalis guttata remota), todas ameaçadas pela degradação do seu habitat. Segundo dados de desmatamento, a região Amazônia no ano 2020 já perdeu cerca de 729.781,76 km² do bioma para o desmatamento (INPE, 2020). Com toda essa perda as aves sofrem impactos diretos na sua vida, que acabam perdendo e reduzindo suas áreas de vida, locais de reprodução e alimentação. A comercialização ilegal também vem crescendo, um levantamento de dados feito entre 2012 e 2019 do relatório Wildlife Trafficking in Brazil, estimou que nesse período cerca de 160 espécies de animais foram vítimas do tráfico na Amazônia brasileira, sendo 34% aves.
O tráfico é terceira maior atividade ilegal do mundo, de acordo com Renctas (Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres), essa atividade movimenta US$ 2 bilhões anualmente no mundo. As aves são os animais que mais sofrem com o comércio ilegal no país, especialmente aves que são nativas da região brasileira. Sendo animais que possuem penas deslumbrantes e a grande habilidade de imitar diferentes sons, são procuradas com finalidade de serem animais de estimação. Um exemplo é a arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus), uma ave que entrou em risco de extinção por interesse de colecionadores na espécie. Até os ovos dess espécies foram traficados, por conta da dificuldade de se reproduzirem em cativeiro.
Como você deve ter percebido há muito o que se explorar sobre as aves amazônicas e claro não caberia tudo nesse pequeno texto. Se você se interessa pelo assunto continue acompanhando nossas postagens na página do Alta Xingu no Instagram, pois em breve iremos explorar outros detalhes do assunto.
Referências:
ICMBio, 2023. Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade — SALVE. Disponível em: https://salve.icmbio.gov.br/. Acesso em: 06 de nov. de 2023.
AMAZÔNIA, Novas Aves da. Novas aves da Amazônia. 2013. Disponível em: https://oeco.org.br/noticias/27227-guia-as-aves-da-amazonia/. Acesso em: 06 nov. 2023.
INPE. Quanto já foi desmatado na Amazônia? 2020. Disponível em: http://www.inpe.br/faq/index.php?pai=6. Acesso em: 07 nov. 2023.
Charity, S., Ferreira, J.M. (2020). Wildlife Trafficking in Brazil. TRAFFIC International, Cambridge, United Kingdom.
Wiki aves. Disponível em: www.wikiaves.com.br. Acesso em 07 nov. 2023
ALMEIDA, Poliana. Tráfico de animais é a terceira maior atividade ilegal no mundo. 2021. Disponível em: https://www.uninter.com/noticias/trafico-de-animais-e-a-terceira-maior-atividade-ilegal-no-mundo. Acesso em: 07 nov. 2023.
REDE Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres: Renctas. 1999. Disponível em: https://renctas.org.br/. Acesso em: 07 nov. 2023.
