Primatas em Altamira! Você já viu algum por ai?
Quando falamos em primatas o que vem a sua cabeça? Pois bem, hoje falaremos um pouco sobre estes animais.
Os primatas são uma ordem de animais da classe dos mamíferos, são popularmente chamados de macacos. Os membros dessa ordem exibem características como cérebro bem desenvolvido, duas mamas para alimentação de seus filhotes, a capacidade de se colocar em duas patas, ou em pé, e ainda, a presença de polegares nas mãos e nos pés, além de garras, como se fossem unhas que protegem a ponta dos dedos. Essas garras são de grande auxílio para os mamíferos, principalmente os primatas, pois ajudam a escalar árvores sem precisar se agarrar com seu corpo inteiro e a manusear seus alimentos com as mãos de forma precisa. Assim como nós seres humanos, que temos unhas que dão firmeza aos nossos dedos, o que nos garante manipular objetos com destreza.
A ordem dos primatas está dividida em dois grupos, os prossímios e antropoides. Os prossímios são animais menores, com hábitos noturnos, e os antropoides já são bem maiores, podendo apresentar cauda longa e preênsil, ou uma mais curta.
Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) o Brasil possui cerca de 139 táxons de Primatas (espécies e subespécies), muitas das quais são endêmicas, isto é, presentes somente no Brasil. Segundo pesquisas, cerca de 156 espécies de primatas são encontradas na América do Sul, e 60% estão aqui na Amazônia brasileira.
Dentre tantas espécies, talvez você já tenha avistado algumas por aí. Caso não tenha visto ou reparado, nós trazemos quatro que a nossa equipe já registrou aqui em Altamira.
Guariba (Alouatta discolor)
O Bugio-de-mãos-ruivas, macaco uivador ou Guariba como também é conhecido o (Alouatta discolor) é uma espécie de bugio da Amazônia brasileira. Possui o corpo em pelagem negra, exceto as pelas mãos e os pés. Já no topo da cauda e o dorso, a coloração passa a ser ruiva/castanho avermelhada.
O guariba se alimenta principalmente de frutas, com exceção nos meses mais secos, em que se alimentam predominantemente de folhas jovens. Uma curiosidade desta espécie é que apesar de serem conhecidos por um rugido estrondoso, eles são considerados animais pacatos, já que descansam cerca de 75% do dia, devido à sua dieta rica em fibras e baixo retorno energético. Segundo a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), seu estado de conservação é considerado no nível de VU (vulnerável) ou seja, está correndo risco de extinção já que suas populações
No mapa abaixo podemos observar que a espécie está bem espalhada pela região. A sua ocorrência se dá em várias cidades do estado do Pará como Altamira o nosso município indicado no mapa, Itaituba, Santarém, Porto de Moz entre várias outras.
Macaco-prego (Sapajus apella)
A espécie de macaco-prego que registramos possui a pelagem vasta e consistente, seu pelo se divide em três cores, marrom, a parte superior é meio amarelada, porém o topete e a calda são pretos. Possuem dentes grandes e bem adaptados ao forrageio, isto significa que o ajuda na obtenção de alimentos, já que são adeptos a ingerir alimentos mais rígidos como nozes e outras sementes. Não são considerados muito grandes, já que seu peso pode variar entre 2,4 kg até 4,5 kg.
Algo a se destacar é a sua grande capacidade de adaptação em diferentes ambientes, como florestas de terra firme, florestas sazonalmente inundáveis (várzea e igapó) e florestas de galeria. A sua alimentação varia entre frutos, sementes, insetos e pequenos vertebrados.
Algumas curiosidades em relação a espécie seria o tempo de gestação é de 155 dias, nascendo apenas um filhote. Além disso estima-se que esta espécie pode viver até 50 anos. Além disso, são considerados por muitos especialistas como um dos macacos mais inteligentes podendo até mesmo utilizar ferramentas para a obtenção de alimentos.
Sua ocorrência no Brasil se dá nos estados do Pará, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia e Roraima. Como o nome popular varia de região para região, macaco-prego pode ser o nome popular de alguma outra espécie pertencente ao mesmo gênero e que é bem parecida com o que conhecemos por aqui.
Mico-branco (Mico argentatus)
O mico-branco destaca-se pela sua pelagem branca e um pouco prateada, com ausência de pelos nas orelhas. Podem pesar entre 273g e 435g, ou seja, são animais consideravelmente pequenos.
Seus principais habitats incluem florestas densas de baixada, além de florestas do tipo montana e submontanas. A sua alimentação por esses habitats se baseia em seiva de árvores, frutos e insetos, fazendo deles animais onívoros
Assim como os macacos-prego, esta espécie parece ter uma certa tolerância a perturbações em seus habitats. O que geralmente não afeta a sua reprodução que ocorre normalmente. Cada gestação dura até 150 dias e geralmente nascem gêmeos bivitelinos, raramente dão à luz a somente um filhote. O mico-branco também é um animal comum aqui na região e pelo mapa podemos observar que sua distribuição está bem espalhada pelo estado do Pará.
Macaco-de-cheiro (Saimiri collinsi)
A cores desta espécie chamam a atenção, suas mãos e braços são amarelados juntamente com as pernas. O restante do corpo varia entre cinza e preto. Nas orelhas, pescoço e ao redor dos olhos possui coloração brancas.
Seus hábitats são diversos, desde dossel de florestas a áreas rurais perturbadas. Podem viver até mesmo em remanescentes florestais urbanos indicando ser tolerantes as modificações no ambiente. Devido a sua ampla variação de itens alimentares, são considerados onívoros. Dentre estes itens incluem-se principalmente frutos. Já em períodos de clima mais seco, quando as frutas estão em escassez, se alimentam de pequenos vertebrados como lagartixas, pererecas, filhotes de aves e artrópodes.
O período de gestação do macaco-de-cheiro dura entre 140 a 150 dias, nascendo apenas 1 filhote, que sempre é cuidado pela mãe. Assim como em outras espécies de macacos, o filhote permanece agarrado nas costas da mãe que o carrega por alguns meses até atingir a idade adulta.
Esta é uma espécie típica da região Norte do Brasil, não ocorrendo em outros biomas além da Amazônia. Além do estado do Pará, sua distribuição abrange ao sul do rio Amazonas, desde o rio Tapajós, a oeste, até o limite leste da Zona dos Cocais, no Maranhão.
Todas estas espécies possuem algumas características em comum, todas são primatas e vivem em bandos por exemplo. A vida em bando exige que se movimentem bastante pelo seu habitat para encontrar alimento suficiente para todos os membros do bando. Infelizmente a redução das áreas naturais da Amazônia tem reduzido o espaço disponível para que estes e outros primatas possam viver, encontrar abrigo e alimento. Por conta disso, e outros problemas como a captura para o tráfico de animais e até doenças infeciosas tem causado uma redução em suas populações deixando várias espécies perto da extinção.
Os primatas têm grande importância no meio ambiente, um dos motivos é que colaboram na dispersão de sementes. Pois se alimentam em um ponto e expelir as sementes das frutas através das fezes em outros pontos durante seu deslocamento diário. Os macacos são considerados carismáticos, espertos e serelepes, quando são vistos, sempre se tornam uma grande atração. São muitos os motivos para admirar estes animais e contribuir para sua conservação, então se vir algumas dessas espécies ou outra de macaco, o melhor a fazer é apreciar sua presença. Talvez tirar umas fotografias ou fazer uns vídeos pelo celular!
Referências
1- FONSECA.V.; Primatas são os mamíferos mais ameaçados da Amazônia. Disponível em https://amazoniareal.com.br/primatas-sao-os-mamiferos-mais-ameacados-da-amazonia/. Acesso em 31.jan.2023
2- GÜLLICH, GABRIELA.; Primatas do brasil. Disponível em https://oeco.org.br/reportagens/brasil-tem-quatro-das-25-especies-de-primatas-mais-ameacadas-do-mundo/ .Acesso em 05.fev.2023
3- IMBELONI, A. A.; Centro nacional dos primatas. Disponível em https://www.gov.br/iec/pt-br/centro-nacional-de-primatas. Acesso em 30.jan.2023
4- LISTA DE PRIMATAS. Disponível em https://www.icmbio.gov.br/cpb/index.php/primatas-brasileiros. Acesso em 31.jan.2013
5- MEDEIROS. R.; Primatas, dicionário ambiental. Disponível em https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/educacaoambiental/prateleira-ambiental/primata. Acesso em 31.jan.2023
6- VIEIRA, C. A.: Primatas. Disponível em https://www.infoescola.com/mamiferos/primatas/. Acesso em 30.jan.2023
7- SANTOS. V.S.; Macacos. Disponível em https://brasilescola.uol.com.br/animais/macaco. Acesso em 30.jan.2023