No Brasil, fomos às ruas e paramos!
8 de março de 2017, e ainda recebemos flores e descontos em restaurantes e compras como se isso fosse o que nos bastasse num dia de luta como o 8 de março. Mas nesse ano foi bem diferente. Paramos e fomos às ruas pedir que ao invés de flores nos dêem respeito.
De Brasília, capital do país, a Solidão, no sertão pernambucano, mulheres pararam. O chamado à greve geral que ecoou das hermanas do Paro Internacional de Mujeres e do International Women’s Strike animou as brasileiras a PARAR e se juntarem, fazerem rodas de auto cuidado, cirandas, marchas, seminários, encontros, plenárias, performances, caminhadas, apresentações musicais, todas em uníssono pedindo pela vida das mulheres. Porque a ilegalidade do aborto continua causando mortes de mulheres que não deixarão de fazê-lo, mas o farão sem segurança. Porque a violência contra a mulher é uma realidade gritante no país onde matam-se mais transexuais no mundo, onde uma mulher é estuprada a cada 11 minutos, onde o racismo é diário e massacra mulheres negras, onde lésbicas e bissexuais são espancadas e não tem suas opções sexuais respeitadas, onde mulheres deficientes tem poucos ou quase nenhum direito. Paramos contra um congelamento de 20 anos em investimentos na educação, saúde e assistência social que fará mulheres assumirem mais funções, contra reformas trabalhistas que farão mulheres trabalharem mais por menores e piores salários. Paramos pelo direito a moradia, a agricultura familiar, pelas mulheres atingidas por mineradoras, pelas atingidas por barragens, pelas originárias que são desconsideradas, pelas trabalhadoras sexuais que não são nem citadas.
Mulheres que não puderam parar um dia em seus empregos puderam se juntar às ruas, aos apitaços, às marchas, possibilitando que as vozes fossem amplificadas e ouvidas mundo a fora.
Nós mulheres paramos por muitos fatores, mas fomos às ruas principalmente pelo bem viver. Pelo direito das mulheres terem seus corpos respeitados, suas vozes ouvidas, seu direito à felicidade válido numa sociedade que não se importa com elas.
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