A Final entre Corinthians e São Paulo e o que esperar do Futuro
Em duas grandes partidas, a Final do Paulista Feminino 2019 confirmou um Corinthians dominante no cenário sul-americano e um São Paulo que é uma boa equipe, porém jovem, mas com um teto muito alto. Se na partida de ida, no Morumbi, tivemos um São Paulo agressivo, pressionando alto e surpreendendo o Corinthians principalmente no primeiro tempo. Já no jogo de volta, o Corinthians dominou por 90 minutos de forma inquestionável.
Como conversamos no Podcast DE PRIMEIRA #42, podemos até afirmar que o Tricolor Paulista foi ligeiramente superior no Morumbi, mas ainda assim, o Timão saiu com a vitória pelo placar mínimo. Todavia, a ideia do treinador Lucas Piccinato para surpreender o Corinthians foi muito boa na ocasião, utilizando a Lateral Direita Giovana mais avançada e incomodando o excelente lado esquerdo corintiano com muita imposição física e velocidade. Valéria, a parceira de ataque de Cristiane, caia muito pelo lado e explorava as costas da lateral Juliete. Ana Cris e Bruna Contrim “encaixotavam” Tamires e minimizavam suas ações ofensivas. O time de Arthur Elias demorou 45 minutos para assimilar a situação enquanto era empurrado para trás com a pressão alta e a intensidade do São Paulo. Ainda assim. Mesmo com pouco espaço, Tamires, conseguiu o espaço que o São Paulo tanto temia, e assistiu no gol de Giovana Crivelari.
Corinthians domina na Arena Corinthians
Para o segundo jogo, o São Paulo tinha uma tarefa ingrata, reverter a derrota do jogo de ida numa Arena lotada. Ary Borges voltando de contusão, mas visivelmente longe dos 100%, foi escalada no lugar da Volante titular Ana Cris, suspensa. Pelo Corinthians, a Meio Campista Grazi, que era dúvida, voltou para o jogo decisivo, Paulinha saiu do time e Vic Albuquerque voltou para a Meia Direita, posição onde mais rendeu no ano.
Para o segundo jogo, tivemos o cenário de Arthur, com a melhor versão de 2019 do Corinthians à disposição e Lucas com uma das suas principais peças voltando de contusão e com e o meio campo modificado pela suspensão da sua Volante mais combativa e experiente. Com características completamente diferentes em comparação à Ana Cris, Ary foi a demonstração de que o SPFC iria pra um tudo ou nada no jogo de volta, além dela, a escalação de Jaque no lugar de Giovana, pela extrema direita, também mostrava a necessidade do SPFC em agredir para reverter o resultado. Outra mudança foi a dissolução da dupla de zaga titular, Antônia, parceira de Thais Regina, foi deslocada para a Lateral Direita, Thais, que era a defensora pelo lado esquerdo, foi para a direita e Bruna Contrim, que foi lateral direita no primeiro jogo, fez a zagueira pela esquerda.
Talvez, a preocupação extrema de Lucas com o lado esquerdo corintiano tenha sido um cobertor curto. O gol de Victória, logo aos 4 minutos de jogo, num duelo aéreo perdido por Bruna Contrim, fez ruir praticamente toda a esperança tricolor em campo. O 2 a 0 no agregado, somado a um estádio inflamado e a uma partida coletivamente impecável do Corinthians foram além do limite do que o SPFC atual poderia chegar.
Depois do primeiro gol, vimos um São Paulo muito ansioso em campo forçando passes pela faixa central . O distanciamento dos setores do SPFC acabou isolando Ary Borges e Yaya do restante do time e a dupla pouco fez em 90 minutos. A tônica do jogo foi o SPFC tentando sair pela faixa central e o Corinthians recuperando e contra-atacando rapidamente com superioridade numérica. Este distanciamento obrigou o Tricolor a trabalhar com muita ligação direta, buscando principalmente Cristiane, que pouco foi acionada em campo. Na Arena, O Meio Campo foi dominado por Grazi e Gabi Zanotti que controlaram o ritmo do jogo como queriam. A entrelinha do time do Morumbi foi castigada pelo quarteto ofensivo corintiano e suas dinâmicas de troca de passe rápidos e verticais.
No 2º tempo, as alvinegras naturalmente ampliaram o placar trabalhando do mesmo modo, explorando contra-ataques e a entrelinha sãopaulina com as Meias abertas Vic e Tamires que, na fase ofensiva, trabalhavam por dentro. Placar Final, 3 a 0 e título para o Corinthians.
O Futuro
O Corinthians de Arthur Elias conquistou um nível de referência na América do Sul. Indiscutivelmente a melhor equipe do continente, com o melhor futebol e o melhor aproveitamento em números. Resta saber o que a virada do ano reserva para o Timão que, na mesma época, já ocasionou perdas de jogadoras importantes como Geyse, Ana Vitória e Yasmim, todas no SL Benfica, mas que também pode ser a oportunidade para a chegada de bons novos reforços.
Lucas Piccinato e o São Paulo FC tem à frente um presente incrível e um futuro ainda mais promissor. O jovem elenco tende a amadurecer e melhorar, já que, com atletas ainda longe de seus auges, a equipe alcançou metas incríveis no ano de 2019. A mescla de jogadoras experimentadas e vitoriosas como Cristiane, Ana Cris e Giovana, com jovens talentosas como Ary Borges, Yaya, e Thais Regina, pode ser a chave para um futuro grandioso no Morumbi.
