Como combato a homesickness

A sociedade espera que saibamos sempre o que estamos a fazer e porquê. Quando não temos resposta sentimo-nos no vazio. Hey! Não és o único! De facto a maioria das pessoas (senão todas) não sabe! Fingimos que sabemos para sentir que estamos sob-controlo.

Ana Catarina Margarido
NitaAbroad
4 min readOct 29, 2017

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Queria mostrar que somos o que for preciso sem limites para sermos felizes, mesmo que para isso seja necessário algum esforço.

Pára tudo: não, nem todos os dias sinto que foi a melhor decisão, nem todos os dias queria estar aqui, nem todos os dias olho para mim e digo que isto faz valer a pena! Porque de facto nem todos os dias vão valer todo o esforço!

Não é controlável aquilo que precisamos de experimentar para chegar à conclusão de que felizes são aqueles que se adaptam ao inesperado. E é quando chegamos a esse raciocínio que damos por nós sem rumo algum.

-“Onde te vês daqui a 5 anos?”

-“Quais os teus objectivos a médio e longo prazo?”

-“Quem é a Ana?”

Anteriormente sempre tive resposta na ponta da língua.

Parece que para sobreviver em sociedade, ser maturo ou alguém importante somos quase como obrigados a saber responder.

Em tempos cheguei a criar uma mentira do que seria essa Ana daqui a 5 anos. Assim só para encaixar num perfil.

Agora a sério, como vou responder a essas perguntas? Acham que há 5 anos atrás me via a trabalhar em Inglaterra?

Certamente que não, jamais!

As pessoas que fazem parte da minha rotina diária são de 9 nacionalidades diferentes e conheço há pouco mais de 3 meses.

Ao contrário do que aconteceu nos outros 22 anos os Domingos costumavam ser dias que passava em família, que agora já não vejo há 8 meses.

Quem diz a família diz os amigos mais próximos, os hábitos ou a comida. Ver o mar, fazer uma corrida nocturna, ver um filme e comer uma sopa.

Ainda são incontáveis os dias que sinto “homesickness”.

“When you say HOME do you mean Country, Body or Box?”

Faz parte do processo e a única razão pela qual há um certo sofrimento é o facto de muitas vezes duvidarmos do porquê de o fazermos.

O que iria desenvolver se continuasse a passar todos os Domingos, toda a minha vida da mesma forma?

Podia ter ido a casa tantas vezes e escolhi não o fazer. Quando estamos “homesick” parece que foram mil as razões para emigrar mas que nenhuma é suficiente para ficar.

A verdade é que podemos ir para qualquer parte do mundo que o que sentimos vai connosco e a isso se chama saudade.

Senão mudarmos o que sentimos não estamos de facto a mudar rigorosamente nada.

Ontem focava-me em juntar dinheiro para um mestrado, amanhã quero investir na bolsa, no dia seguinte vou comprar uma casa, no dia depois do dia seguinte vou comprar um carro, depois desse voltarei para Portugal e no depois do depois do depois vou usar o dinheiro para viajar sozinha pelo mundo porque não faço a menor ideia do que estou a fazer.

Estou a viver avulso, a ir com o flow um dia de cada vez. Uns dias melhores, outros piores e quando dou conta passou mais meio ano.

Todas as decisões que tomo são espontâneas. Deixei de ter de provar ao mundo que sei exactamente o que quero.

Aí a pergunta grita no subconsciente: “Passou mais meio ano em que não fazes ideia do que estás aí a fazer? Volta para casa!”

E… Caramba, onde está o problema nisso?

“O melhor lugar do mundo é aqui e agora” ainda que a voz trema. E começo a segunda-feira como se fosse reiniciar qualquer coisa extraordinariamente nova.

Porque o é. É um dia novo em que tanta coisa inimaginável pode acontecer. O que de todo não aconteceria à mesma escala se continuasse em casa.

Só temos de confiar em nós. E se é preciso coragem para emigrar é preciso tanta ou mais para de facto pegar nas malas e voltar. E o mais provável é isso nunca acontecer.

Não ter medo de mudar, não temer o inesperado e respirar agora de alívio.

Estamos sempre a uma decisão de mudar a nossa vida completamente. Por isso, para quê sentir ansiedade?

No fim não importa quantas vezes nos questionamos se sempre seguimos em frente.

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