Análise: Alwa’s Awakening (PC) é nostálgico, cativante e envolvente

O jogo de plataforma 2D nos remete muito às experiências que tivemos no saudoso NES.

Ana Krishna
Jogando com Krishna
5 min readJul 7, 2019

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Em poucos momentos da minha vida como apreciadora de videogames, me deparei com um jogo mais recente que pudesse ao mesmo me lembrar dos áureos tempos do Nintendinho e ter um estilo tão encantador e envolvente. Alwa’s Awakening, desenvolvido e publicado pela Elden Pixels, é exatamente o que um jogador que sente saudades das aventuras do passado espera encontrar em um jogo atual no estilo 8-bit.

A melhor protagonista

Na maioria dos jogos de plataforma estamos acostumados a ver que protagonistas devem salvar o mundo, a princesa ou ambos. Alwa’s Awakening te coloca na pele de Zoe, uma heroína que deve salvar a região de Alwa, liberando-a de todo o mal causado por quatro vilões encapuzados que não estão para brincadeiras. Apesar de ser uma premissa bem simples, a maneira como você explora todos os ambientes e enfrenta os chefes deixa o jogo muito interessante.

Particularmente, quando descobri que se tratava de uma protagonista mulher, me interessei ainda mais pelo título. Representatividade importa. Além disso, para avançar no jogo e derrotar inimigos, Zoe utiliza uma espécie de cajado mágico, que aos poucos, conforme o jogador avança na história, é capaz de produzir magias diferentes para auxiliar a exploração. O game também conta com aquela máxima dos videogames de que um lugar pode ser explorado novamente depois de adquirir certas habilidades, seja para alcançar uma nova plataforma, ou abrir uma porta, por exemplo, contribuindo ainda mais para que as novas descobertas não se esgotem tão facilmente.

Beber do passado para petiscar o presente

Há pontos interessantes nessa relação entre o que o jogo retoma de títulos da era 8-bit e do que se utiliza do presente. Um aspecto que não era comum nos tempos dos jogos de NES é a presença de um mapa. Por não ser um jogo de plataforma linear, Alwa’s Awakening não necessita de que o jogador decore todos os castelos e cidades, pois o jogo dá livre acesso ao mapa no menu, o que é uma verdadeira mão na roda. O fato de ter o mapa sempre ali não ajuda somente na localização pura e simples, mas também serve para mostrar alguns lugares importantes, tal qual pontos de salvamento ou locais em que pedras azuis (orbs) ainda podem ser obtidas.

Falando sobre as pedras azuis espalhadas pelo jogo, elas são o que deixam o game um pouco mais com cara de RPG, tendo em vista que a medida em que são coletadas, os chefes vão ficando mais fáceis de se enfrentar. Apesar disso, o jogo não deixa esta relação muito clara, ainda assim, tive mais facilidade em derrotá-los quando parava um pouco antes para buscar algumas dessas pedras que havia deixado passar anteriormente, sendo por algum puzzle que dificultou, ou habilidade que ainda não possuía para chegar até ela.

Alwa’s Awakening está longe de ser um jogo difícil, mas requer um pouco de paciência e habilidade. Muito disso está relacionado a movimentação um pouco travada, como ocorria nos títulos de NES. Demorei algum tempo até pegar a fluência do pulo e a distância dos ataques corpo a corpo e, mesmo bastante familiarizada, às vezes acabava perdendo vida ou morrendo por descuido. É importante que o jogador que se proponha a entrar nesta jogatina esteja preparado para encarar controles “como os de antigamente”.

Um ponto legal, que também não era muito recorrente na era NES, é a possibilidade que Alwa’s Awakening dá de teleportar para regiões diferentes após encontrar os teleportes de cada lugar, o que ajuda bastante quando queremos voltar para uma outra localidade sem ter que percorrer o mapa e enfrentar os mesmos perigos. Exceto pelos chefes, toda vez que voltamos à tela de um ambiente deixado para trás, todos os monstros e inimigos reaparecem, fazendo com que o jogador seja obrigado a pensar estrategicamente em como realizar a volta mais ou menos como fez na ida.

Além dos gráficos, a trilha sonora também cativa

Em Alwa’s Awakening gráficos e trilha sonora combinam muito bem. As cores de todo o jogo são muito bem trabalhadas, cada local possui uma tonalidade mais específica e as paletas usadas são muito agradáveis e geram certa imersão nos ambientes. Esse é um daqueles títulos em que o jogador nunca se sente cansado de ouvir suas belas músicas. As suas faixas são agradáveis durante todo o gameplay, trazem relaxamento e tensão nos momentos certos.

De fato, Alwa’s Awakening é essencial para os amantes da geração 8-bit. Alguns jogadores podem sentir uma certa dificuldade para entender seu enredo por ele não ter localização para o português. Ainda assim, controlar Zoe para explorar e salvar a grandiosa região de Alwa é uma experiência muito gratificante. Vale a pena matar um pouquinho da saudade dos jogos de NES com este game que se propõe a juntar vários pontos positivos de outros títulos e que servem como diferencial na experiência do jogador.

Prós

  • Premissa simples mas com enredo interessante;
  • Mapa essencial à exploração;
  • Teleporte estimula o jogador a revisitar áreas;
  • Gráficos e trilha sonora envolventes.

Contras

  • Controles um pouco travados;
  • Não possui localização para o português.

Alwa’s Awakening — PC — Nota: 8.5

Texto publicado originalmente no GameBlast em 05/03/2017.

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Ana Krishna
Jogando com Krishna

Botafoguense. Futura economista. Pesquisadora. Gamer. Leitora. Torcedora dos Steelers.