Tomar distância para resolver problemas- parte 1

Flavia Zanchetta
Anakulus
Published in
4 min readApr 21, 2018
Quem não gostaria de fugir?- imagem Pinterest

Há algum tempo iniciei uma série de textos para falar do processo de definição de metas que importam para um negócio, e identificar as que não importam tanto.

Menciono eles para iniciar esse bate papo porque quero falar sobre medição de dados. O que liga uma coisa na outra? Para medir um dado você precisar saber qual é ele. Por isso é necessária a etapa anterior, a de definição de metas para o sucesso do seu negócio.

Se você ainda não leu os artigos que mencionei acima não se preocupe, eles não são pré requisitos para este. Você pode acessá-los quando quiser para complementar o assunto que irei tratar aqui.

Sobre o que é esse texto exatamente?

Eu trabalho com planejamento e análise de indicadores e tenho percebido o quanto esta área mexe com a vida pessoal também. Independente de você ser mais metódico ou desapegado, em vários momentos da sua vida vai passar por algum planejamento e colher os resultados de suas ações. Por isso, arrisco dizer que esse texto é uma mistura de autoajuda com uma perspectiva técnica sobre análise de dados e como interpretamos eles.

Para iniciar nossa conversa escolhi um trecho de “Novum Organon” de Francis Bacon:

“[…] Pois um homem acredita mais facilmente no que gostaria que fosse verdade. Assim, ele rejeita coisas difíceis pela impaciência de pesquisar; coisas sensatas, porque diminuem a esperança; as coisas mais profundas da natureza, por superstição; a luz da experiência por arrogância e orgulho; coisas que não são comumente aceitas, por deferência à opinião do vulgo. Em suma, inúmeras são as maneiras, e às vezes imperceptíveis, pelas quais os afetos colorem e contaminam o entendimento.[…]”

“A arte refinada de detectar mentiras”

Este é o título do capítulo 12 do livro “O Mundo Assombrado pelos Demônios”, de Carl Sagan, de onde tirei a inspiração para escrever este texto.

O capítulo é introduzido com o trecho de Francis Bacon que coloquei acima, e trata da construção de um pensamento cético para o trabalho com ciência:

“O pensamento cético se resume no meio de construir e compreender um argumento racional e — o que é especialmente importante- de reconhecer um argumento falacioso ou fraudulento.”

Ou seja, é preciso ter uma distância saudável entre emoções e métricas.

Para mim o trabalho científico tem tudo a ver com o trabalho em métricas. Definir, coletar e analisar dados é o processo pelo qual passamos e lutamos. Pois ele é cheio de armadilhas e como diria Hamlet “Há muito mais entre o céu e a terra, do que nossa vã filosofia pode imaginar”.

Miopia de marketing

Você já se pegou em uma situação onde reconheceu que foi teimoso e que deveria ter ouvido os conselhos de gente mais experiente? Ou outro tipo, em que resiste a um trabalho de campo porque tem preguiça de sair do escritório? Por que você continua no relacionamento tóxico em que está? Não consegue economizar dinheiro porque só pensa a curto prazo?

Miopia de marketing é um termo que surgiu na década de 1960 em um artigo de mesmo nome, escrito por Theodore Levitt.

Ele fala da visão curta que pode fazer um negócio perder seu foco. Ou, quando se olha demais para o produto e menos para o consumidor. Por isso diversas empresas precisam ou já passaram por processos de reestruturação para realinhar seus objetivos.

Esse falso julgamento que a miopia de marketing provoca, atinge qualquer profissional, não só os da área em questão.

No setor de métricas identifico diversas situações onde analistas e parceiros enfrentam o problema da “visão curta”. Vou citar quatro e se você quiser compartilhar mais alguma, coloca nos comentários:

- Definir metas baseando-se no achismo;

- Mudar objetivos constantemente;

- Mudar o jeito de ler um mesmo indicador;

- Estagnar os indicadores em métricas de vaidade.

Todos esses pontos têm forte influência da personalidade das pessoas que trabalham com eles, ou seja, quem está sob o efeito da miopia tem uma ligação emocional com ela, o que pode mascarar o verdadeiro resultado de um projeto.

Alguns desses pontos você pode identificar na sua vida pessoal e ver como continua sabotando o próprio sucesso.

Ou seja, aqui há um distanciamento do racional e uma proximidade maior com as emoções. Se você sente que algo “fere” seu íntimo passa a evita-lo, só que de uma forma que não o ajuda a avançar nos objetivos.

Como este assunto se tornou um texto bem maior, resolvi separar em duas partes. Hoje tentei argumentar sobre as dificuldades de se construir um pensamento racional para o trabalho, e que também seve para sua vida pessoal.

Na próxima parte irei abordar técnicas para equilibrar emoções e focar em levar seus projetos para frente!



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