CAPITALISMO, BELEZA E INCLUSÃO SOCIAL

Joana Pagliarin
Anarquismo de Livre Mercado
5 min readJun 2, 2019

O ESTADO NÃO QUER SUA BELEZA

Muitas mulheres são defensoras de pautas socialistas, sobretudo nas referentes a inclusão social; eu expliquei a relação entre mulheres e socialismo/intervencionismo aqui; leia-o: <https://medium.com/anarquismo-de-livre-mercado/resolvendo-o-enigma-libertarianismo-x-mulheres-8a6fe0fde172>.

No entanto, estas desconhecem os males que a intervenção estatal traz para quem lida com cosméticos diariamente. Em 2016, o decreto nº 8.393 passou a incluir não somente impostos sobre produtos industrializados, mas também sobre a distribuição destes.

A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) estimou na época que, após esse decreto, “o preço de uma seleção de produtos terá aumento médio de 12,5% acima da inflação”, assim como queda de vendas de 7 a 17%, e desempregos sobretudo de revendedoras de maquiagem, como a Empresa Natura, que sofreu reajustes já em 2014 (VALOR TRIBUTÁRIO apud JORNAL DO COMÉRCIO, 2016).

Segue a quantidade de impostos atualmente:

Imagem 1: Impostos sobre alguns produtos (dados de 2019).

Fonte: Estadão apud ACSP (2019) (editado pelo autor).

Para o não libertário que caiu de paraquedas neste artigo, permita-me definir capitalismo: “sistema social baseado no reconhecimento explícito da propriedade privada e das trocas contratuais” (HOPPE, p.5, s.d.). Do ponto de vista utilitário, os pontos que apresentei já são suficientes para conjecturar que o estado não quer a sua beleza. Ademais, da perspectiva ética, o estado não é legítimo per se; o objetivo do artigo não é explicar essa premissa, por isso é válida a leitura do capítulo 7 do livro “Uma Teoria do Socialismo e do Capitalismo”.

Dada esta definição, pretendo demonstrar como os indivíduos através do livre mercado/trocas contratuais/capitalismo estão ajudando as mulheres a empreenderem e tornarem o mundo da beleza mais inclusivo.

O CAPITALISMO CONTRA O RACISMO

A liberdade de expressão também é garantida no capitalismo. O capitalismo defende que todo o indivíduo tem o direito de criticar algo e boicotar uma empresa; dizeres, portanto, não são e nem deveriam ser, de nenhuma forma, crimes. Houve um caso de racismo em uma rede de cosméticos muito famosa, Sephora; envolveu cantores internacionais e a empresa foi, e esta sendo, boicotada (METROPOLES, 2019). A liberdade de contrapor-se ao racismo, no capitalismo, é permitida. Se fossemos inverter o cenário, se a Sephora fosse uma empresa estatal e recebesse os boicotes na mesma proporção, o que garante que não seríamos impedidos violentamente de fazê-lo? Assim como um advogado foi detido ao dizer que o Supremo Tribunal Federal “é uma vergonha”? (G1, 2018).

Ademais, criadores de conteúdo de maquiagem no Youtube tendem a atacar marcas que não lançam produtos para peles negras retintas. Acerca disso, meses atrás o canal “Herdeira da Beleza” criticou a marca “Pausa Para Feminices” por esse motivo, de modo que a marca, em maio de 2019, convidou o dono do canal para ajudar na reformulação da base no que tange a coloração (HERDEIRA DA BELEZA, 2019). Empresas capitalistas detém de incentivos econômicos para adequar seus produtos a demanda populacional, ao contrário de uma empresa estatal que não necessita de incentivos, uma vez que “não sofre concorrência financeira — seus fundos, oriundos do Tesouro, em tese são infinitos.” (MISES BRASIL, 2016).

O CAPITALISMO E OS POBRES

Ainda, enquanto o estado brasileiro, especialmente, aumenta impostos sobre produtos cosméticos, tornando estes diversas vezes inacessíveis para as mulheres mais pobres, a iniciativa privada faz o contrário: reina uma marca— Thrive Causemetics — na qual a cada produto seu que é vendido, a empresa doa o mesmo produto vendido para uma mulher carente (KAREN BACHINI, 2019). Certamente, com a cessação do intervencionismo, atos de caridade poderiam ser ampliados, uma vez que os indivíduos teriam liberdade para alocar os seus recursos tal como desejarem, e o desejo do homem, não raras vezes, é preservar a boa imagem de sua empresa perante a sociedade.

O CAPITALISMO, A SAÚDE DA MULHER E A EDUCAÇÃO

Como já discorrido anteriormente acerca da relação do aumento dos impostos e desemprego, pode-se ressaltar uma situação na qual o estado interfere maleficamente nas boas ações dos indivíduos. A Avon, empresa cosmética, desde 2003 vem desenvolvendo iniciativas para a detecção de câncer de mama e fornece suporte para vítimas de violência doméstica (INSTITUTO AVON, s.d). A Mary Kay, também empresa cosmética, possui uma ONG com o mesmo propósito (INSTITUTO MARY KAY, s.d.). Já o Instituto Natura atua em toda a América Latina fornecendo auxílio para a melhoria da educação, sendo com a formação de professores ou metodologias de ensino (INSTITUTO NATURA, 2016). Com o crescente aumento dos impostos, menos recursos serão destinados à essas causas sociais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muitos outros pontos ainda poderiam ser levantados com relação a indústria cosmética, o estatismo e o capitalismo; como a emancipação dos produtos veganos e a melhoria na formulação química destes; tudo em virtude da reivindicação social — ou demanda.

Portanto, toda mulher deveria defender a extinção do estado por completo, e permanecer no boicote as empresas quando sentir-se injustiçada; isto em prol da qualidade dos produtos, e a adesão de uma organização social verdadeiramente ética.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

G1: Advogado é detido em voo após dizer a Lewandowski que STF é ‘uma vergonha’. Disponível em: < https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2018/12/04/advogado-e-detido-em-voo-apos-dizer-a-lewandowski-que-stf-e-uma-vergonha.ghtml>. Acesso em 01.jun.2019.

KAREN BACHINI: RECEBIDINHOS E COMPRINHAS DIRETO DA EUROPA! — Karen Bachini. 2019. (25M13S). Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=o92FxDe7B00>. Acesso em 01.jun.2019.

HERDEIRA DA BELEZA: O QUE MUDOU? RESENHA DA NOVA BASE PAUSA PARA FEMINICES #OTomMaisEscuro. 2019. (18m18s). Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=L_qK5UB2gVo>. Acesso em: 01.jun.2019.

HOPPE, H. H. Uma Teoria sobre Socialismo e Capitalismo. Disponível em: < http://www.hanshoppe.com/wp-content/uploads/publications/trans/hoppe_tsc-portugese.pdf>. Acesso em 01.jun.2019.

INSTITUTO AVON: PROPOSTA. Disponível em: <http://www.institutoavon.org.br/#/instituto-avon/nossaproposta>. Acesso em 01.jun.2019.

INSTITUTO NATURA: Você conhece o Instituto Natura? 2016. (2m40s). Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=j_hUC8GAUSQ>. Acesso em 01.jun.2019.

INSTITUTO MARY KAY: Quem Somos. Disponível em: < http://www.institutomarykay.org.br/#quemSomos>. Acesso em 01.jun.2019.

METRÓPOLES: Após alegações de racismo na Sephora, SZA recebe apoio de Rihanna. Disponível em: < https://www.metropoles.com/colunas-blogs/ilca-maria-estevao/apos-alegacoes-de-racismo-na-sephora-sza-recebe-apoio-de-rihanna>. Acesso em: 01.jun.2019.

MISES BRASIL: Por que é preciso privatizar as estatais — e por que é preciso desestatizar as empresas privadas. Disponível em: < https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2457>. Acesso em 01.jun.2019.

VALOR TRIBUTÁRIO: AUMENTO DO IPI PREOCUPA O SETOR DE COSMÉTICOS. Disponível em: < https://www.valortributario.com.br/aumento-do-ipi-preocupa-o-setor-de-cosmeticos/>. Acesso em: 01.jun.2019.

REFERÊNCIAS DAS IMAGENS

Imagem 1: ESTADÃO: Produtos de beleza têm mais tributos, mas são os favoritos dos filhos para o Dia das Mães. Disponível em: <https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,dia-das-maes-produtos-de-beleza-tem-mais-tributos-mas-sao-os-favoritos-dos-filhos,70002820578>. Acesso em: 01.jun.2019.

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