Qual futuro estamos escolhendo?

O que aprendi no Friends of Tomorrow Conference 2017

Anderson Gomes
Anderson Gomes
5 min readAug 9, 2017

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Fui a um evento que me tirou da zona de conforto! O Friends of Tomorrow Conference é focado em futurismo e reúne referências mundiais sobre as diversas facetas que definem o futuro da humanidade.

Saúde

O primeiro “gatilho mental” aconteceu com a rápida palestra com a médica Mariana Perroni, enfatizando que a medicina tradicional se denomina Healthcare, mas deveria se chamar Sickcare. Ela defende que nossos médicos atuam após a doença já ter se manifestado e inclusive são remunerados por procedimentos críticos, e não por resultado na saúde do paciente.

Atualmente Mariana trabalha como coordenadora na IBM focada em computação cognitiva para diagnóstico preditivo de doenças.

Segundo ela, uma pessoa pode gerar 300 trilhões de livros em dados de saúde em uma vida. Um paciente com câncer gera 1 TB de dados por dia e analisamos somente 0,5% disso. Complementa que 80% do tempo dos médicos é gasto com análise de exames normais. Por isso, torna-se impossível um médico se atualizar de tanta informação sozinho. E neste contexto entra o IBM Watson, para ajudá-los a diagnosticar e solucionar problemas de saúde dos pacientes. Contou um caso em que o Watson conseguiu antecipar casos crises de hipoglicemia em até 3 horas antes em pacientes com diabetes.

Passamos 50 anos ensinando humanos a entender computadores e agora estamos ensinando computadores a entender a mente humana. – CTO do IBM Watson.

Mariana finalizou sua palestra afirmando que em breve deixaremos de ser doadores de orgãos e seremos doadores de dados de saúde.

Política

Em seguida, Pedro Vilanova entrou no palco para falar como conseguiu utilizar tecnologia para aumentar a sua participação política no Brasil. Iniciou sua palestra falando que se sentia distante da política, que tinha muita irritação e pouca participação.

A Política não é pra mim, é impossível ser feliz votando!

E foi assim que ele começou a se dedicar ao projeto “Operação Serenata de Amor”. Apesar do Brasil ser o 8° pais com mais transparência do mundo, está entre os países com maior número de escândalos de corrupção. Por isso decidiram fazer um robô que analisa dados políticos e realiza denúncias.

Logo na primeira semana, quando ainda estavam tabulando os dados, detectaram o “Caso da cervejinha em las vegas”, onde um deputado pediu reembolso para bebidas alcólicas. Também houve o caso do político que teve “Treze refeições no mesmo dia”, o deputado que almoçou no norte e sul do pais dentro de 15 minutos, entre muitos outros casos já denunciados. Fizeram 629 denúncias em uma semana, quantia equivalente ao montante anual de denúncias.

Quando devolveram o dinheiro, me senti o Batman — Pedro Vilanova

Este ano eles criaram uma conta do twitter para o robô @rosiedaserenata que faz as denúncias e isso tem impactado diretamente na relação democrática entre cidadãos e políticos, sem intermediários.

Este é o ano em que os deputados começaram a bater boca com um robô no twitter. – Pedro Vilanova

Inclusão e diversidade

Silvana Bahia é líder do Pretalab e iniciou sua palestra falando:

Só o fato de eu estar aqui neste palco já me tira de todas as estatísticas que eu estava pré-destinada.

Segundo ela, apenas 4% das startups de tecnologia são lideradas por mulheres negras. Em 120 anos só 10 mulheres negras se formaram na USP.

E deixou a seguinte pergunta latejando na cabeça da plateia:

Com nossas tecnologias sendo feitas por homens brancos do hemisfério norte, qual é nosso papel nestes avanços da humanidade como mulheres negras do hemisfério sul?

Segurança

Diogo Tolezano, fundador da pluvi.on, palestrou sobre propósitos! Imagine que a Terra fosse um game, como começaria?

Seria um game com 8 bilhões de jogadores simultâneos e teria algumas condições adversas:

  • 700 milhões não tem água
  • 2 bilhões não tem saneamento
  • 8 bilhões não tem eletricidade
  • 700 milhões tem menos de $2 por dia
  • 90% da população mundial respira ar que está fora do padrão de qualidade da OMS
  • 100 milhões de diabéticos podem ter seus membros amputados

Entre outros cenários. Para enfrentar todos estes desafios, teríamos algumas fases para resolver:

Visão da Singularity School sobre os grandes desafios globais

No caso dele, ele decidiu pegar um destes desafios e desenvolver soluções envolvendo IOT para ajudar 500 milhoes de pessoas são afetadas por enchentes todo ano. Utilizando garrafas pet, placas eletrônicas e tecnologia, criaram o @saopedrobot que avisa a população sobre chuvas, deslizamentos e alagamentos pelo facebook. Aproveitou o evento para anunciar que disponibilizaram todos os códigos em modelo open-source.

Transporte

Bibop Gresta, cofounder da Hyperloop Transportation and Tecnologies. Se você nunca ouviu falar deste ser humano, grave este nome. Trabalhou com Elon Musk, que renasceu a ideia do hyperloop em 2013.

Seu projeto crowd funded Hyperloop, simplesmente propõe transportar pessoas através de cápsulas que chegam a 1200 km/h e produzem 13% mais energia do que consomem!

Hyperloop não é uma empresa, é um movimento – Bibop Gresta

Imagine que você poderá viajar de São Paulo para Campinas em 5 minutos, ou para a Bahia em 56 minutos, gerando energia!

O empresário, showman e cientista Bibop afirmou “Disrupt or be disrupted” e lembrou dos casos Blackberry, Kodak, Blockbuster, Polaroid, que não perceberam isso a tempo.

You don't need to raise money anymore, you need to raise brains! – Bibop Gresta

Eles acabam de lançar a Hyperloop Academy, patentearam um novo tipo de metal super resistente e inteligente chamado Vibratum e iniciaram a construção de um modelo real da cápsula de transporte.

Sociedade

Jacques Baques iniciou sua palestra narrando uma cena cyberpunk onde jovens investiam suas mentes e largura de banda em uma empresa, passando por crédito de carbono, androids, genóides, clones e bioimpressoras.

Segundo ele, vivemos no mundo das ficções do passado. No presente, existem algumas bolhas de futuro (Sinais fracos) que nos despertam estranhamento cognitivo, pois percebemos que o mundo que conheço não será mais do jeito que conheço.

Não estamos aqui para prever o futuro, mas para traçar cenários e influenciar o futuro. O futuro não pode ser previsto, pois não existe.

Alem disso, explicou que estes sinais fracos modificam o mundo conhecido e o mundo modifica os sinais fracos atuais assim que os percebem, entrando em um ciclo iterativo.

Vou parar por aqui…

Houveram mais palestras fantásticas com Tiago Mattos, Tony Hsieh, David Harris, Paola Santana, Edgard Morya, Amrit Dhir e Dr. Yvonne Cagle. Mas deixarei esta parte do evento para um próximo artigo, este já ficou grande demais. Sugiro que procurem materiais destes nomes se quiserem ir além do que descrevi até agora!

Parabéns ao Tiago Mattos da Aerolito / Perestroika que promoveu este evento incrível. Vocês expandiram minha mente!

“Done is better than perfect”

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