Porque o tempo refletido dói bem menos que o tempo desperdiçado

Dessa DuSantos
Andrêssa DuSantos
Published in
5 min readDec 31, 2017

Cá estamos novamente. À beira do encerramento de mais um ciclo de 12 meses, mas o tempo é circular. Tempo é uma coisa que a gente não vê, só sente. Ele vai passando, passando… E vai modificando tudo… O que é o tempo senão um lembrete de que um dia ele acaba pra nós e que, por isso, devemos aproveitá-lo ao máximo? Ah mas isso é tão clichê!… É sim… Clichê é algo que muita gente diz e pouca gente faz. Esse ano a minha concepção de aproveitar o tempo ao máximo mudou completamente! Eu era dorminhoca e, como toda boa mineira, devagar pra fazer as coisas… Eu descobri algo aos 26 anos que talvez você já saiba há muitos anos ou ainda vai descobrir, porque o tempo… Ah o tempo… É singular, por isso cada um tem o seu. Descobri que a minha queridinha, tão sonhada, almejada liberdade só vem com ela, uma turrona, difícil demais de lidar, a disciplina. Ela e eu brigamos minha vida inteira! Claro, ela traz junto de si a rotina, e essa palavra sempre embrulha o estômago da minha geminiana. Esse ano, finalmente, fizemos as pazes! Nossos atritos são diários, ela adora me apontar o dedo e me acusar, mas conforme fomos nos aproximando, ela foi me mostrando que é meio escorpiana, 8 ou 80. Ela pode ser minha pior inimiga, mas também pode ser minha melhor amiga. Pense numa amizade difícil! Mas estamos trabalhando no nosso relacionamento… Felizmente, ela também vem acompanhada da constância. Foi ela que me mostrou o passo-a-passo, e amenizou as farpas que disciplina e eu trocamos de vez em quando. Então o que mudou de 1 ano pra cá? Tudo! Eu era mais sonhadora e menos “fazedora”. Esse ano eu aliei a imaginação com a moção, faz TODA a diferença! Mas não pense que tudo isso aconteceu num insight e pronto! Pode até ter sido, mas muito desencadeou os lapsos de Andrêssa/2017. A gente só se encontra depois que se perde! Esse ano, durante muitos meses, deixei minha carreira e minha vida nas mãos de outras pessoas. A intenção delas eram as melhores, elas realmente queriam me ajudar! Mas nesse processo, eu me esqueci só de um detalhe: a vida é minha, o balaio foi dado a mim pra carregar! Cada um nasce com um dom. Cada um é responsável por descobrir esse dom e encontrar formas de usá-lo pra agregar coisas boas ao mundo. Pois bem, a vida é minha, o dom é meu e a responsabilidade também. Tomei as rédeas da minha vida. Tomei o lápis de volta e voltei eu mesma a escrever minha história. Eu deixei de focar só na carreira porque compreendi que ela é só uma parte do todo, e passei a focar em mim. A gente não é só uma colher do brigadeiro, a gente é a panela inteira! A partir do momento em que eu comecei a cuidar de mim como um todo, tudo mudou e pra melhor, claro! A menina dorminhoca passou a acordar cada vez mais cedo e encarar um monte de monstros que ela havia escondido no guarda-roupa e até debaixo da cama! Chamei todos pra conversar, morrendo de medo, imagina! Falei assim, bem alto e firme, que é pra não sentirem o cheiro do medo: “A PARTIR DE AGORA EU QUE MANDO NESSA P*&RRA!” E adivinha? Começou o pique-pega e todos eles começaram a correr pra me pegar! Mas como eles estavam há anos escondidos, não viram as minhas mudanças e nem que, agora, euzinha aqui tomei gosto por corrida, inclusive tô me preparando pra minha primeira maratona em janeiro do ano que vem! Resultado: eu me deixei ser pega por todos eles e agora é a minha vez de pegar!! São tantos que eu provavelmente vou passar a vida toda correndo, mas a ideia não me desagrada nem um pouco. Tem um verde enorme e horroroso, ele me diz que eu não vou conseguir ser uma cantora reconhecida, que eu jamais vou ser fitness do jeito que eu quero, que se eu tivesse dom pra instrumento já teria aprendido há anos… Esse foi o primeiro que eu peguei! Todo dia eu tenho que dar umas pauladas na cabeça dele pra ver se ele fica calado e me deixa trabalhar em paz. Tem um roxo com a cara amassada, me diz que tô perdendo meu tempo e energia e que todos os meus esforços terão sido em vão. Minha amiga constância sempre aparece nessas horas pra me defender! Tem também um amarelo com várias patas que ri de mim o tempo todo! Diz que eu tô passando vergonha e que meus likes são curtidas de piedade. Às vezes ele me faz chorar, mas a disciplina surge em toda sua escorpianeidade e chuta as canelas dele!… Tem monstro que já sumiu, uns somem e voltam, outros me encaram como se jamais fossem arredar pé, mas depois que eu descobri que os monstros que eu tenho que vencer estão dentro do meu próprio quarto — vulgo “cabeça” — eu me dei conta de que não é o mundo que está contra mim, mas a gente que fica contra ele e SÓ se gente deixar. 2017 me mostrou quão grande é o meu poder sobre a minha própria vida. Definitivamente, cada um faz seu próprio destino! Cada um pode ser o que quiser, se quiser. Fácil nunca foi, nem nunca vai ser. Mas 2017 também me mostrou — provavelmente a lição mais valiosa que eu aprendi — de uma vez por todas, que eu já estou vivendo, que a vida não vai começar quando eu alcançar meus objetivos, que não é a realização deles que vai me trazer paz. “A liberdade real mora no caminho e não no final”, canta Kell Smith na melhor música do ano “Era uma vez” (sim ou claro que eu fiz um cover dela? Você pode ouvir aqui: https://www.youtube.com/watch?v=F1RWVZMLcro&t=4s). Ao mesmo tempo, maktub, mil e uma vezes. Tudo foi escrito por uma só Mão e todas as pessoas que entraram, saíram ou ficaram na minha vida esse ano, fizeram ou fazem parte da minha Lenda Pessoal. Sou grata a elas, sou grata a mim e orgulhosa por estar buscando ser a minha melhor versão todos os dias, e sou grata à Mão, por estar me conduzindo, sutilmente, aonde eu devo estar. Que venha mais um ano, mais um ciclo, mais bonanças, mais vitórias e mais aprendizados. Feliz 2018 :)

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Dessa DuSantos
Andrêssa DuSantos

Ela mistura português com inglês e fala do que está cheio o coração. Ela busca sua melhor versão todos os dias. Ela é alquimista da própria vida ❤