Como conseguir freelas gringos
Logo que comecei a ser freelancer, por indicação de um amigo, consegui pegar um freela de um estúdio americano. Com o dólar por volta de R$ 3,85 na época, eu ganhei em 2 meses de trabalho o equivalente ao que eu ganhava em um ano trabalhando em um estúdio no Brasil. Essa experiência me fez perceber o quão vantajoso é trabalhar remotamente para estúdios gringos e aproveitar a desvalorização do real em relação ao dólar (e outras moedas fortes).
Desde o início de 2020 o COVID-19 está mudando a forma como o mercado criativo enxerga o trabalho remoto. Por consequência da pandemia, muitos comerciais e campanhas publicitárias que exigiriam atores e grandes equipes estão sendo transformadas em filmes de animação para que se evite aglomerações em sets de filmagens, e muitos estúdios estão buscando profissionais que trabalhem remotamente na segurança de suas casas para preencherem esse aumento de demanda inesperado. É um cenário bastante favorável para botarmos a cara no sol!
OK! Montei minha demo reel, estou com a agenda liberada e acho que estou pronto para procurar trabalhos gringos. Como começar?
Recentemente eu li o livro Freelance Manifesto, escrito por Joey Korenman (criador do School of Motion), e recomento fortemente para quem está querendo seguir a carreira como freelancer. Este livro mudou a minha percepção sobre a maneira como eu deveria me posicionar no mercado e, principalmente, como eu poderia abordar mais pessoas e conseguir mais trabalhos em estúdios estrangeiros.
O passo a passo que ensino à seguir é inspirado no método ensinado pelo Joey Korenman:
Saiba para quem enviar o e-mail
Muitas vezes nossos e-mails não são respondidos (nem sequer lidos) por que não caem na caixa de entrada de quem realmente deveria lê-los. Na maioria das vezes, os profissionais responsáveis por contratar animadores e artistas são os producers e executive producers (em alguns casos, os creative directors e art directors) e são para eles que devemos enviar o nosso portfólio.
O primeiro passo é escolher um estúdio com o qual gostaríamos de trabalhar e descobrir o e-mail de algum dos producers ou executive producers. Irei usar aqui como exemplo a Buck.
Na primeira tentativa acessei o site oficial do estúdio para descobrir se existe alguma página sobre a equipe (ou staff, em inglês) e a função de cada um. Apesar desse tipo de informação ser disponibilizada com frequência, raramente as empresas divulgam os e-mails dos funcionários.
No site da Buck não encontrei uma página com a equipe, mas existe uma seção de jobs listando diversas funções para contratação e um e-mail genérico: jobs@buck.co.
Poderíamos utilizar esse e-mail para tentar um contato inicial, mas pela minha experiência, esses e-mails muitas vezes acabam não sendo respondidos, nosso alvo aqui são os producers.
Não encontrada nenhuma informação que gostaria no site, minha segunda opção foi ir ao perfil do estúdio no Linkedin. E é aí que a mágica começa!
No canto superior direito do perfil, há a opção de visualizar todos os funcionários que trabalham no estúdio e é clicando lá que vou ̶s̶t̶a̶l̶k̶e̶a̶r̶ procurar os producers ou executive producers que tanto estamos tentando encontrar.
Rapidamente encontrei alguns potenciais contatos para os quais poderíamos fazer uma abordagem por e-mail. Descobri uma pessoa que atende pela função de executive producer, e é exatamente o tipo de alvo que estamos buscando no momento. Para preservar sua identidade, e das demais pessoas na imagem, resolvi borrar seu nome e sua foto, mas iremos dar-lhe o nome fictício de Rachel Fletcher.
Mas como vamos descobrir o e-mail profissional da Rachel?
Existem duas ferramentas incríveis que são fundamentais nessa etapa do processo: o hunter.io e o voilanorbert.com
O hunter.io possui a funcionalidade de descobrir o padrão de e-mail utilizado por uma determinada empresa. Exemplo: joao@empresax.com (primeiro nome@empresax.com), ou bicalho.maria@empresaY.com.br (sobrenome.primeiro nome@empresaY.com.br). Dessa forma, conseguimos aumentar as chances de encontrar o e-mail correto.
No campo de busca, devemos colocar o site do estúdio.
Segundo a minha busca, os padrões encontrados mais comuns foram: {primeiro nome}@buck.co (ou {primeiro nome}@buck.tv, que corresponde ao antigo domínio da Buck). Provavelmente o e-mail que estamos procurando é rachel@buck.co
Mas como confirmar se esse e-mail existe?
É aí que utilizamos a ferramenta violanorbert.com. Após fazer um cadastro gratuito (que dá direito há 50 consultas) é possível consultar se esse e-mail de fato existe. Louco né?
No primeiro campo deve-se colocar o nome da pessoa (no caso Rachel) e, no segundo campo, o site do estúdio e, após clicar em Go Ahead, Norbert! o site faz uma varredura e analisa se o e-mail que estamos procurando tem indícios de ser real ou não. No nosso exemplo, o e-mail "rachel@buck.co" (lembrando que é um e-mail fictício para preservar a identidade da pessoa) se mostrou real (sinalizado com uma bolinha verde), e portanto há uma grande chance dessa producer receber o seu e-mail. Se ela está à procura de um profissional que tenha o seu perfil e gostar do seu portfólio (BINGO!) é muito provável que esse contato se converta em futuros freelas.
A ideia é repetir esse processo com o maior número de estúdios no qual você gostaria de trabalhar e aumentar o seu alcance de potenciais clientes e colaboradores.
O método utilizado no livro Freelance Manifesto é mais completo e eficaz do que apresentei nesse artigo: nele se discute ferramentas de e-mail tracking e como descobrir, por exemplo, se a pessoa abriu ou leu o seu e-mail, além de abranger discussões sobre como funciona os orçamentos no mercado americano e outras questões igualmente importantes sobre ser freelancer na nossa profissão.
Espero ter ajudado e incentivado vocês a aproveitarem o momento favorável para diversificar a cartela de clientes principalmente no mercado de freelas estrangeiros.
Caso tenham alguma dúvida, ou queiram apenas dizer um olá, mande um e-mail para animatopanimacao@gmail.com
Um abraço, se cuidem e fiquem em casa!
